Há alguns anos, eu tinha um amigo que se referia às gordinhas como Funfat Girls. Esse apelido carinhoso foi escolhido porque as minas de tamanhos avantajados costumavam ser meigas, divertidas, engraçadas, enfim… pessoas legais. Pois o termo Funfat Girl nunca foi tão corretamente aplicado quanto à protagonista desse filme.
Tracy Turnblad (Nikki Blonsky) é a Funfat em questão. Uma gordinha simpática, divertida, bonitinha e todas as outras características que uma boa Funfat deve ter. Ela sonha em aparecer dançando em um programa de TV, mas o programa só quer moças magrinhas. Ah, sim, também estamos nos anos 60, época em que negros e brancos não se misturam e é óbvio que isso também vai assumir um papel importante na historinha. Basicamente, Hairspray é um filminho sobre superação das diferenças e sobre acreditar nos seus sonhos. Ah, e também é uma comédia musical. E o principal, é muito legal!
Ao contrário do Cyrino, que acorda gritando toda vez que sonha com pessoas que começam a cantar e dançar do nada, eu já acho esse absurdo bem legal. Por exemplo, em uma das cenas, rola uma conversa sobre racismo. Daí um dos caras negros, para enfatizar ainda mais o seu ponto, começa a cantar uma música que diz que quanto mais escura a fruta, mais doce é o suco. Pô, eu gostaria de ser capaz de inventar uma música na hora para passar minhas idéias. Imagina que legal, eu do nada começar a cantar sobre aborto, por exemplo? *-*
A parte musical de Hairspray é muito legal. Todas as músicas, com exceção de uma que é meio Gospel, são super animadas e bonitinhas. Essa fofura também é refletida no visual, extremamente colorido. Até as piadas são boas e, a não ser que você seja um cara muito emburrado ou compartilhe do medo do nosso amigo Cyrino por uma cidade habitada apenas por cantores e dançarinos, não tem como não se divertir no filme.
Por fim, temos o elenco estrelado, contando com nomes como Michelle Pfeiffer, Christopher Walken e até o Ciclope, James Marsden. O nome principal, contudo, é o de John Travolta, que faz aqui o papel da mãe de Tracy, uma outra Funfat. A personagem é legal e simpática, mas Travolta ficou simplesmente muito feio de mulher. A maquiagem definitivamente não foi o suficiente e ficou simplesmente parecendo que o eterno Vincent Vega decidiu colocar um vestido e uma peruca. Por outro lado, a sempre fofa Amanda Bynes está muito mais bonita e sexy nesse filme do que em qualquer outro trabalho que tenha feito. E o fato de ela ficar o tempo todo com roupa de colegial e chupando pirulitos sem dúvida ajuda nisso. Todos juntos agora: hum… colegiais chupando pirulito…
Meu lado machão realmente hesitou em dar cinco Alfredutchos para esse filme, mas se eu já dei 4,5 para uma comédia romântica, por que não dar cinco para um musical? Afinal de contas, me diverti pra caramba durante a projeção e não consegui pensar em um defeito que justificasse cortar um dragão (o que é sempre perigoso, já que ele pode se enfezar) da nota. Até poderia reclamar da historinha clichê, mas em nenhum momento ele tenta passar algo além do que realmente é: uma boa comédia inofensiva cheia de musiquinhas legais. Um típico filminho feel good, com um final super-hiper-mega-extra-deveras-feliz para assistir no sábado à tarde abraçadinho com a namorada.