São Paulo tem de tudo. Bons restaurantes e bons passeios em geral. Mas se tem uma coisa que eu sinto falta é de diversão geek. Você sabe, coisas mais high tech. Felizmente, isso está mudando. E uma dessas opções, especialmente para quem curte games, é a Gravity VR.
GRAVITY VR: O QUE É?
A Gravity é uma empresa onde você vai para jogar games de realidade virtual de alta tecnologia. Sim, tem coisas lá que você pode jogar em casa, como estações arcade com títulos como Beat Saber e Project Cars 2 (este em uma cadeira especial que balança e treme), mas isso há em outros arcades de São Paulo.
O prato principal, no entanto, são as arenas. É um espaço aberto, do tamanho de uma sala grande, onde até quatro jogadores podem curtir uma realidade virtual, digamos, menos virtual.
Cada gamer é paramentado com um equipamento que suponho ser caríssimo. Tem um óculos, é claro, pulseiras para os braços e pernas e uma mochila, cada uma carregando um computador.
Há sensores pela sala, e tudo fica conectado sem fios a um computador que roda os jogos, e onde o pessoal da empresa pode customizar a experiência. Por exemplo, eles determinam ali quantos inimigos vão aparecer de acordo com a habilidade do time.
O bacana é que a jogatina é o mais próximo que os gamers podem chegar da realidade. Você segura uma arma, e se movimenta fisicamente pelo espaço. Cuidado para não atropelar os coleguinhas.
OS JOGOS
Há no momento três jogos para escolher, mas fomos informados que eles devem expandir as opções em pelo menos dois jogos por ano. A empresa russa Anvio, de onde a tecnologia foi licenciada, é a criadora dos jogos, e responsável por fornecer as novas experiências.
City Z é o carro chefe. Trata-se de um jogo de ação bem intenso onde o time deve matar uma pá de zumbis enquanto sobe ou desce por um prédio. Sim, há essas duas opções, que são considerados jogos diferentes. Você pode jogar um deles por sessão.
O segundo é Lost Sanctuary Deluxe, uma experiência de escape cheia de quebra-cabeças. Aqui não há ação, mas os times devem coordenar suas estratégias para escapar de um templo.
Por fim, temos Statión Zarya, descrito pela Gravity como um sci fi de terror. Este foi o que escolhemos jogar.
STATIÓN ZARYA: A NOSSA EXPERIÊNCIA
Eu tive oportunidade de agendar um horário com três amigas para experimentar um dos jogos. Escolhemos Statión Zarya. Afinal, matar zumbis é algo que todos nós já fizemos em VR. O Lost Sanctuary me interessou também, mas como jogos de escape são comuns em São Paulo, pensamos que Statión Zarya nos daria a experiência mais diferente.
A arma física que carregamos tem dois botões. Um, é claro, atira. O outro troca de arma. Há três opções: metralhadora, escopeta e lança-foguetes. O resto deve ser feito fisicamente com o seu corpo.
O jogo é composto de uma sequência de salas. Em todas, você tem um objetivo a cumprir. Algo como pegar um cartão-chave e usá-lo na porta de saída, ou ativar um monotrilho. Quando este objetivo é cumprido, um anel aparece no chão, e os jogadores devem se unir naquele espaço para irem para a próxima fase.
Enquanto você explora para cumprir estes objetivos, inimigos aparecem constantemente. Se não me falha a memória, há apenas dois tipos de inimigos. Uma espécie de aranha e uma espécie de zumbi. O jogo termina com um chefe enorme, em uma batalha épica. Este é o único que você precisa matar para avançar. Os outros são apenas obstáculos, pois os objetivos sempre envolvem abrir a saída.
TRACKING
O mais impressionante da tecnologia é o tracking. Mas aqui também é onde os problemas aparecem. Durante o jogo, eu via as pernas do meu personagem sempre tortas, e minhas colegas ocasionalmente diziam que eu estava todo deformado. Teve um momento em que as imagens que eu via ficaram erráticas, mas este foi um problema pontual, resolvido após a equipe do Gravity trocar a bateria dos equipamentos.
Uma coisa que achei engraçado foi o avatar das minhas amigas. Fisicamente, as três são bem mais baixas do que eu. Uma delas, em especial, ficou muito engraçada no jogo, pois seu avatar ficou muito baixinho, mas fortinho. Parecia uma criança bombada.
Outra coisa que atrapalhou um pouquinho foi o som. O som do jogo, em especial o dos tiros, era alto demais. Em contraste, as nossas vozes estavam bem baixas. Isso deixava difícil para nos comunicarmos, e assim acabamos coordenando nossas ações menos do que gostaríamos. Além disso, quando eu falava, eu ouvia minha própria voz bem baixinho, um ou dois segundos depois de eu ter falado, o que atrapalha bastante também.
São problemas pequenos, típicos de uma alta tecnologia ainda experimental, e acredito que são coisas que serão resolvidas ao longo do tempo. O importante é que nada disso estragou a experiência.
Estávamos em quatro pessoas. Três de nós éramos gamers frequentes, e uma não joga quase nada. E todo mundo gostou da brincadeira. O fato de que foi divertido mesmo para quem não está habituado a games mostra que é um passeio acessível para qualquer pessoa. E veja só, foi justamente ela a que mais se envolveu, chegando inclusive a dar uns gritos de susto.
MEDO
Depois da nossa sessão, permanecemos no ambiente para pegar mais algumas informações e experimentar o arcade (finalmente joguei Beat Saber). Um outro grupo iniciou seu jogo, e escolheram City Z. Uma das meninas do grupo estava realmente sofrendo, dando gritos altíssimos e aparentemente chorando de medo.
VR é algo realmente imersivo, especialmente neste caso, em que você fisicamente anda pelo espaço. A Gravity recomenda os jogos de ação para acima de 12 anos, e o de quebra-cabeças para acima de 10, mas não há restrição de idade em relação a saúde ou algo do tipo. Então no final das contas cabe a cada pessoa decidir se é algo para si ou não.
Eu sou bem escolado em games de terror em VR, então não cheguei a ficar com medo, mas tenho amigos que sei que não conseguiriam suportar a experiência. Para quem não gosta de ação e terror, afinal, o local oferece o Lost Sanctuary, então dá para todo mundo brincar. O curioso é que, apesar do aparente medo intenso que a moça do grupo que nos seguiu estava sentindo, ela não pediu para sair e não parou de jogar. Então imagino que ela estava se divertindo, ainda que do jeito dela.
GOSTINHO DE QUERO MAIS
Eu gostei muito, e voltaria lá várias vezes. Não é um passeio barato, é verdade, mas é um tipo de experiência que sempre vai ser impossível para a maioria das pessoas reproduzir em casa, por pura falta de espaço. Assim, por mais que o VR caseiro avance e melhore, um passeio como o Gravity VR sempre vai oferecer algo mais. Confira abaixo tudo que você precisa saber para brincar lá por conta própria: