Freedom Fighters

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Confesso que às vezes as páginas norte-americanas de jogos eletrônicos me dão nos nervos com suas análises tendenciosas de certos jogos, em especial quando se trata de algum lançamento da poderosa Electronic Arts.

Peguemos por exemplo este Freedom Fighters, um bom jogo sem dúvida, mas daí a levar um 9.3, a nota mais alta já dada pelo “conceituado” Gamespot até hoje, é demais. De cabeça consigo lembrar pelo menos cinco jogos que mereceriam notas mais altas. Protestos à parte, vamos ao jogo.

A premissa em sua estória é bem interessante: imagine uma realidade alternativa onde a União Soviética venceu a Segunda Guerra Mundial (fato que por muito pouco não ocorreu de verdade) e o comunismo tivesse se espalhado pelo mundo como um vírus. A Guerra Fria, ainda nos dias de hoje, seria uma realidade e, pior, a União Soviética, em uma total inversão de papéis decide invadir, sem um motivo aparente, os Estados Unidos e uma longa guerra pela liberdade começa. Ok, ok, se você achou que o tema era original, não se precipite, pois a mesma estória já foi contada em jogos como Command & Conquer: Red Alert e Operation Flashpoint, isso sem contar as dezenas de simuladores de combate aéreo do final da década de 80 que abordavam o mesmo tema. De qualquer forma, todos estes jogos te colocavam na pele de um soldado ou um comandante importante no contexto dos acontecimentos, e esta é exatamente a carta na manga de Freedom Fighters, pois você é Chris Stone, nada mais do que um simples encanador de Nova Iorque que presencia a invasão da cidade pelas forças soviéticas, sem um aviso prévio, enquanto consertava o vazamento de água de uma cliente. Para piorar as coisas, seu irmão Troy, é capturado pelas forças de ocupação e acusado de ser uma ameaça contra o estado soviético. Bom, e o que fazer agora?

Chris consegue fugir desta primeira leva soviética e encontra alguns rebeldes que, juntos, formam os “Lutadores da Liberdade” que dão nome ao jogo e pretendem, a todo custo, libertar Nova Iorque e os americanos presos (entre eles o irmão de Chris) das garras dos soviéticos. O restante da estória você vai ficar sabendo conforme for jogando, mas fique tranqüilo que muitas reviravoltas e surpresas vão acontecendo aos poucos.

O jogo em si é um belo exemplar de ação em terceira pessoa (mais ou menos como Max Payne) onde você controla Chris em várias fases interligadas, todas remetendo a localizações de Nova Iorque. A coisa funciona mais ou menos da seguinte forma: em um determinado mapa (entenda como se fosse uma fase), você tem três localidades para ir. Em uma terá de destruir uma ponte, mas para isso precisa de um explosivo que se localiza em outro ponto do mapa e, para chegar lá, precisa de uma determinada chave que está no terceiro ponto. Destruída a ponte e dominado um “QG” (coloque a bandeira), você avança para um outro mapa onde terá mais uma gama de missões e, assim, o jogo prossegue.

Obviamente, os soviéticos não vão deixar com que você cumpra seus objetivos e vão despachar uma grande quantidade de inimigos (a la Serious Sam) e veículos para tentar aniquilar as forças rebeldes.

Mas você não estará sozinho para enfrentar os Comunistas. Em cada fase, você também poderá contar com a ajuda dos demais rebeldes isolados, mas tudo depende de sua reputação (ou um “ranking” de como você cumpre as missões) para saber quantos soldados podem se aliar à você.

O jogo é bem divertido, apesar de que em alguns momentos você se sente um pouco perdido, sem saber o que deve fazer e onde deve ir primeiro para chegar a um determinado ponto. Para isso é essencial ler com calma as indicações das missões e as dicas de seus companheiros antes de começar a matança. A dificuldade é moderada e, para falar a verdade, os soldados soviéticos são bem bobinhos. O grande problema reside mesmo nos veículos inimigos, em especial um helicóptero pentelho que aparece na maioria das fases.

Sua gama de armas é bem variada, você usa desde uma chave inglesa (não se esqueça que nosso amigo Chris era um encanador) até uma metralhadora ou lançador de foguetes.

Falando um pouquinho da parte técnica, os gráficos são bons, mas nada de outro mundo, o próprio Max Payne 2 dá um banho aqui. A física do jogo ainda se baseia em reações bem artificiais e os cenários não são muito variados (sim, isso significa que aquelas fases “bem” criativas do esgoto e dos galpões abandonados estão presentes). O lado bom é que Freedom Fighters não é um jogo pesado e roda bem mesmo em uma GeForce 2 MX. Os personagens também não são muito variados, especialmente quando falamos dos inimigos que só tem 3 ou 4 modelos diferentes e sem muitos detalhes na textura.

A parte sonora é o grande destaque positivo. As músicas são maravilhosas, passando a sensação do drama que os personagens estão vivendo ao som de melodias russas com um toque eletrônico muito interessante. Os sons e vozes também são todos muito bem feitos. Infelizmente, a voz de Chris retrata bem o estilo “herói americano” do brutamontes sem cérebro meio Rambo, mas a dublagem dos demais personagens ficou bem legal.

O último assunto que eu não posso deixar passar em branco é a famosa “patriotada” norte-americana, que, obviamente, até mesmo pelo contexto da estória de Freedom Fighters, não poderia deixar de estar presente, especialmente quando vemos que os soviéticos são todos retratados como pessoas malvadas (e atrapalhadas) sem coração que estão ali, simplesmente por estar, sem um maior motivo. Talvez seja até por isso que o jogo se saiu tão bem nas análises dos sites norte-americanos.

No final das contas Freedom Fighters é um bom jogo, sem grandes inovações, e um pouco cansativo em seu final, mas que merece ser jogado e apreciado. Não merece um 9.3, mas eu daria um 8 pela bela ambientação e parte técnica.

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