For Honor

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Analisar For Honor causa uma sensação diferente. Afinal, antes mesmo do lançamento, eu tive a oportunidade de jogar bastante e inclusive já escrevi dois textos elogiando seu combate.

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Agora finalmente chegou a hora de analisarmos o jogo final. Eu já sabia que o multiplayer seria tremendão, mas a campanha era uma incógnita. Mas não dá para falar de For Honor sem explicar como funciona o seu combate, único e muito criativo.

EN GARDE

A coisa funciona assim: ao estar de frente com outro herói, você deve segurar o gatilho esquerdo. Isso vai travar a câmera no oponente e ativar sua defesa. A pegada é que tem três tipos de defesa diferentes, e você alterna entre elas mexendo a alavanca direita para a esquerda, direita ou para cima.

Se você fizer um ataque enquanto está com a defesa de cima ativada, seu desafeto precisa estar com a mesma defesa para não sofrer dano. Ao mesmo tempo, é de seu interesse ficar com defesas diferentes da do oponente para poder acertar seus ataques, causando assim um combate lento e estratégico.

Já vi bastante gente comparando o combate de For Honor com o de Dark Souls, mas discordo disso veementemente. As únicas semelhanças entre os dois são os botões de ataque no R1 e R2 e a presença de uma barra de stamina. De resto, o que temos aqui é muito mais técnico e lento.

Você precisa escolher direitinho a hora de atacar, quebrar a defesa, usar golpes fortes e tudo mais. Uma decisão errada pode custar sua vida. Tá, eu sei que por essa descrição ainda pode parecer com Dark Souls, mas acredite, a sensação nas lutas é totalmente diferente.

Antes de desenvolver mais o PVP, vamos falar um pouco da grande incógnita de For Honor: o modo história.

TRUEZA NÓRDICA

For Honor é um dos jogos mais heavy metal que existem. Sua ambientação, como você já sabe, junta no mesmo mundo os três tipos de guerreiros que mais inspiraram músicas levadas por guitarras pesadas: cavaleiros, samurais e vikings. As três facções estão em guerra umas com as outras, mas também entre si. No modo história, é tão comum você encontrar vikings lutando contra samurais quanto cavaleiros matando cavaleiros.

Tudo gira em torno de Apollyon, a líder dos cavaleiros. Ela quer dominar todas as facções, mas não apenas por sede de poder. O objetivo da moça é destacar os guerreiros mais poderosos do mundo, e dar a eles o poder sobre os mais fracos. Basicamente, ela é uma entusiasta da lei do mais forte, e não se furta a matar e saquear seus próprios súditos para encontrar aqueles mais dignos de se besuntar em óleo.

Você não joga com Apollyon, mas com seus comandados e mesmo com heróis que estão contra ela. Há três capítulos distintos, um para cada facção, e em cada um deles você joga com vários personagens diferentes, servindo, é claro, como um ensaio para o PVP.

A campanha se alterna entre fases que são claros tutoriais para o multiplayer e algumas que mostram o potencial do mundo de For Honor. Nas primeiras fases, eu estava já ficando um pouco incomodado com objetivos do tipo capturar zonas e outras coisas que não fazem sentido fora do multiplayer. No entanto, antes de acabar o capítulo dos cavaleiros, eu comecei a me empolgar e a realmente curtir o jogo.

Estes dois sentimentos se alternaram durante todo o modo história. Há partes que são bem meia boca, que basicamente se resumem a um multiplayer com bots, mas há momentos de grandeza que justificam tudo.

A maioria das fases acontece em mapas grandes e largos, e seus objetivos vão popando ao redor da região. De certa forma, até parecem missões comuns em jogos de mundo aberto, embora felizmente não seja o caso por aqui. Há alguns momentos cinematográficos também, como um samurai que tem que se defender desesperadamente da invasão de cavaleiros sobre cavalos.

As lutas são de dois tipos. Há os soldados que morrem com um único golpe e não são páreo para você, e há os heróis, que têm barras de energia de tamanhos variados e exigem que você os encare com todo o cuidado e atenção que o sistema de For Honor demanda. A história inteira pode ser feita em coop, e o jogo fica ainda mais divertido – e um tanto fácil demais – com um amigo.

O visual é um destaque à parte. A Ubisoft sempre manda muito bem na parte visual dos seus jogos AAA, mas For Honor realmente é impressionante, tanto de um ponto de vista artístico quanto técnico. Gostei muito da música também, com suas batidas tribais e pesadas. Neste ponto, gostaria apenas que elas fossem mais variadas, mas são muito boas e dão um excelente clima para a matança.

MATANDO A TURMINHA ONLINE

O foco de For Honor, sem dúvida nenhuma, é o PVP. E este já sabíamos que era muito bom. Há basicamente dois modos de jogo. Dominion é o mais legal e mais popular, e envolve a captura e proteção de três pontos específicos do mapa. Foi este o modo que eu testei na BGS.

Este modo conta com bots de soldados, que são os tais inimigos que morrem com um único golpe. Sempre uma das três zonas do mapa estará cheia de soldadinhos e, para dominá-la, você deve ajudar seus minions a destruir os minions inimigos. Isso dá ao jogo um clima de Dinasty Warriors, pela quantidade de NPCs fracos que estarão no cenário ao mesmo tempo.

As outras duas zonas são mais simples. Você só precisa ficar nelas por alguns segundos para dominá-las, mas se houver um membro do outro time ali ao mesmo tempo, você sabe, só pode haver um.

Os outros modos são variações de mata-mata. Há duelos de um contra um, de dois contra dois ou os tradicionais deathmatch (mate os desafetos até alcançar a pontuação máxima) e elimination (o time que matar todo o time adversário primeiro leva o round).

Como um jogo com foco no PVP, é claro que é muito mais legal jogar com amigos, mas aí há algumas limitações. Por exemplo, se você estiver em um grupo de duas pessoas, você não pode duelar contra seu camarada. Pode apenas formar um time com ele para jogar contra outra dupla, o que é uma oportunidade perdida. Eu gostaria de ensinar uma ou duas lições a alguns amigos.

Outro problema é a conexão, que cai com frequência. Sempre que alguém sai de um jogo durante a partida, o mínimo que vai acontecer é alguns segundos de pausa. No entanto, é comum que a partida inteira caia, e com isso o grupo que você montou com seus amigos é desmontado e você precisa juntar todo mundo de novo. Os grupos de colegas também são desmontados caso não haja jogadores para uma nova partida, e não dá para entender o porquê.

Há também alguns outros problemas de design que incomodam bastante. O mais sério deles é que todo jogador já foi treinado que azul é aliado, vermelho é inimigo. Jogos multiplayers antigos tinha esse problema ao dividir os times em vermelho e azul. Sempre quem estava no time vermelho se confundia. Ao longo dos anos, isso foi resolvido. Em jogos como Overwatch e vários outros, todo mundo se vê no time azul, facilitando a identificação de aliados e inimigos. For Honor segue o esquema antigo. Se você estiver no time vermelho, vai ter que matar os azuis, o que dá um tremendo mindfuck.

Há 12 heróis diferentes para você escolher, quatro de cada facção, mas para você poder ganhar upgrades e customização neles, precisa destravá-los. E para isso tem que gastar o dinheirinho do jogo. Cada herói custa 500 dinheirinhos e em cada partida online você costuma ganhar apenas 40. Obviamente, você pode usar dinheiro de verdade para destravar tudo, e o jogo é enfraquecido por isso, uma vez que ele já custa preço cheio, não é um free-to-play.

ÚNICO E EMPOLGANTE

Felizmente, o combate de For Honor é único e empolgante. Por mais legais que sejam jogos como Overwatch, eles são shooters bem tradicionais, e há dezenas de jogos que oferecem experiências semelhantes.

For Honor, por outro lado, é único. Já é difícil um jogo de luta de espadas ter PVP, mas aqui o combate foi claramente pensado para ser diferente de todos os outros jogos de aço contra aço. E se dá muito bem no que se propõe.

Eu costumo reclamar aqui da falta de jogos totalmente novos, que não sejam continuações ou remakes de lançamentos antigos. For Honor é um destes raros casos, e é um jogo totalmente diferente de todos os outros que podem parecer semelhantes em sua proposta.

É uma tremenda aposta da Ubisoft, e eu diria que é uma aposta que deu muito certo. Há coisas a serem melhoradas, mas eu boto fé que, assim como rolou em Assassin’s Creed 2, um eventual For Honor 2 pode ser a consolidação da franquia.

O PVP já é praticamente perfeito, tirando alguns aspectos técnicos que podem ser ainda consertados. A campanha poderia ser melhor, mas se você pensar que jogos como Titanfall começaram apenas no PVP e em sua continuação veio com uma campanha legalzuda, For Honor, que já tem uma campanha bacaninha, pode nos apresentar algo realmente inesquecível no futuro.

Como um jogador que gosta mais do modo história dos jogos, torço para isso. Mas se você está a fim de um bom título de PVP, especialmente um que envolva fatiar e decapitar seus desafetos, For Honor foi feito para você.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
for-honorAno: 14 de fevereiro de 2017<br> Gênero: Hack and slash altamente técnico<br> Plataforma: PC, PS4 e Xbox One<br> Fabricante: Ubisoft<br> Versao: PS4<br> Distribuidor: Ubisoft<br>