Flyboys

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Não interessa as explicações químicas, físicas e o escambau, mas a humanidade criou algumas coisas que são simplesmente mágicas. Ou você discorda de mim que câmeras fotográficas são algo mais fantástico do que qualquer coisa que aconteça em Hogwarts? Pensa comigo, é uma máquina capaz de capturar o que estava acontecendo em um pedaço da linha espaço-tempo. Algo é mais mágico do que isso? Ok, talvez o fato de você ser capaz de subir em uma outra máquina e, com ela, se unir aos pássaros no seu habitat natural. Infelizmente, como a raça humana, apesar de ser capaz de criar coisas tão fenomenais, é incrivelmente burra, tudo acaba sendo usado para matar outras pessoas.

Flyboys conta a história dos primeiros carinhas que usaram a invenção de Santos Dummont para matar outros carinhas. Tirando a questão ideológica que normalmente acompanha os filmes de guerra, a proposta é legal, já que batalhas aéreas costumam pirar o cabeção, seja em filmes ou em games. Aliás, vou aproveitar o gancho para fazer uma divagação.

Alguém tem alguma indicação de um game de batalhas aéreas que seja legal? De preferência alguma coisa tipo o Star Fox de Nintendo 64 ou o classicão After Burner. Já me indicaram Ace Combat, mas esse é complicado demais para o meu gosto, procuro algo que se limite a controlar o avião para cima, baixo, esquerda e direita e matar inimigos, sem mais frescuras. Mas voltemos ao filme.

Flyboys é bem irregular e varia momentos dignos do Selo Delfiano Supremo (as batalhas aéreas) com cenas de fazer dormir (quase tudo que acontece entre elas), o que é realmente uma pena, já que as batalhas são realmente lindas e emocionantes. Infelizmente, o restante é arrastado e clichê. Temos o protagonista (James Franco, o Harry Osborn) tentando catar uma francesinha, o cara arrogante que depois fica bonzinho, o cara racista que depois é salvo pelo alvo de seu preconceito e até a tradicional morte de um dos personagens principais para dar um gostinho de vingança à luta final. Enfim, nada de novo, o que é realmente uma pena, pois o filme prometia.

Fazendo uma nova analogia com o mundo dos games, assistir a Flyboys é quase como jogar um daqueles games da nova geração, como Shadow of the Colossus. Ou seja, tem alguns momentos que são maravilhosos (no caso do game, as lutas com os colossos), mas tudo que você precisa agüentar para chegar lá (no jogo em questão, aquela chatice de você ficar mais tempo procurando pelos monstros em um mapa imenso do que lutando com eles), acaba dando vontade de você abandonar o negócio antes de chegar ao fim. Hoje em dia, a irregularidade é a palavra-chave no mundo dos jogos eletrônicos. Será que o cinema vai começar a seguir essa mesma estratégia pentelha que os games pós-GTA? O tempo dirá, delfonauta, o tempo dirá.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
flyboysPaís: EUA/França<br> Ano: 2006<br> Gênero: Batalhas aéreas<br> Distribuidor: Imagem<br>