Harrison Ford estava longe dos cinemas há três anos, desde o horrível Divisão de Homicídios. Então era de se esperar que seu retorno fosse triunfal. Infelizmente não. Firewall – Segurança em Risco é definitivamente melhor que o filme co-estrelado por Josh Hartnett. No entanto, seria impossível conseguir ser pior que essa bomba. Definitivamente Ford está em decadência. Mas no caso de Firewall, a culpa não é só dele por insistir mais uma vez no batido papel de herói de ação.
Antes de prosseguirmos, a tradicional sinopse: Ford é Jack Stanfield, vice-presidente do departamento de segurança de um banco. Ele é responsável por criar softwares que mantenham os hackers longe do sistema de computadores do lugar, afinal a moda agora é o roubo virtual.
Um belo dia, sua casa é invadida pelo “mau feito um pica-pau” Bill Cox (Paul Bettany, de Mestre dos Mares) e seus capangas contratados (um dia ainda terei os meus). Com a esposa (Virginia Madsen, de Sideways) e os filhos como reféns em sua própria casa, Jack não tem outra opção a não ser furar o próprio sistema bancário criado por ele e roubar alguns milhões para o malfeitor, sendo vigiado de perto pelo próprio Bill. Mas Jack não é bobo e sabe que mesmo se fizer o que o meliante quer, dificilmente ele e sua família serão poupados, afinal, estão naquele tipo de filme em que o vilão nunca cumpre a promessa. O jeito então é tentar virar o jogo de alguma forma.
Este longa me lembrou muito Força Aérea Um, onde Harrison é o presidente dos EUA e seu avião é tomado por terroristas que fazem ele e sua família de reféns. Porém, enquanto a obra supracitada se passa num espaço confinado (o avião), Firewall acontece na chuvosa Seattle. Ah, e ele também não tem uma frase de efeito bacana como get off my plane (saia do meu avião).
Voltando ao que interessa, o começo do filme não chega a ser tedioso, mas é deveras arrastado para uma obra que se propõe a ser uma mistura entre ação e thriller. O ritmo melhora depois da metade, quando Jack decide reagir à situação de “faça o que eu mando ou sua família morre”. Além disso, o roteiro é muito ruim, cheio de buracos e situações estapafúrdias. Pense comigo, se você fosse de um grupo de mercenários bem treinado e impiedoso e precisasse levar a família de um cara para um local afastado para a tradicional queima de arquivo, levaria também o pobre cãozinho da família? Pois é, isso acontece e quando a função do totó na história é revelada dá vontade de dar um tapa na própria testa e soltar um sonoro D’oh!
E mais, Harrison Ford já está com 63 anos. Assim, suas cenas de ação já não são mais como antigamente. Ele mantém a tradição de ter ao menos uma cena de seu personagem correndo em todos os seus filmes, mas o pique caiu bastante. Isso só me faz pensar que fazer um Indiana Jones 4 é uma péssima idéia. Guardem minhas palavras.
Quem se salva do desastre e garante o interesse no filme é Paul Bettany. Seu Bill Cox é um sujeito almofadinha, bem-educado, ameaçador e um tanto cruel, ainda que eu ache que tenha faltado um pouquinho de sadismo. Seu vilão segue a linha do “eu sou bandido, mas com muita classe” como o interpretado por Alan Rickman no primeiro Duro de Matar. Dá pra notar que Bettany parece estar se divertindo com seu papel.
Mas apenas um vilão legalzinho é pouco para levar alguém ao cinema. E aí, os muitos defeitos de Firewall pesam muito contra a película. É um produto genérico de qualidade inferior, então prefira outras opções. Saudade de quando Harrison Ford era o rei de Hollywood.