A relação entre mães e filhas adolescentes é sempre um delicado balanço entre impor respeito, tentar manter uma amizade e a intimidade e toneladas de situações constrangedoras para ambos os lados. Logo, material mais que farto para uma comédia sobre o tema.
Veja só que coincidência, Fala Sério, Mãe! é justamente sobre isso. O relacionamento entre a mãe Ângela (Ingrid Guimarães) e sua primogênita Malu (Larissa Manoela), que está naquela idade das espinhas e dos hormônios em ebulição. Sem contar de sentir vergonha da mãe, que também não colabora para atenuar esse fato.
Creio que achei aqui uma nova subcategoria de classificação delfiana de cinema. Afinal, embora seja um filme ruim, estritamente falando, ele até que é assistível. Só que é inferior a um filme nada, por exemplo, já que até tecnicamente ele é bem pobre.
As situações são todas manjadas, você certamente já as viu antes, até mesmo em produções nacionais. Falta aquela lapidada no roteiro, as atuações são aquela coisa típica do nosso cinema e ele ainda abusa bastante do humor de banheiro, algo que nunca foi tão presente no humor tupiniquim quanto o é na comédia estadunidense, por exemplo.
Ainda assim, ele até demonstra um pouco de sentimento genuíno em diversas passagens, principalmente no começo, quando Malu ainda é criança. Também causa alguma familiaridade por muitas vezes lembrar mais uma novela do que um filme. Contribui para esse fato a fotografia lavada mais televisiva que cinematográfica.
Assim, plasticamente e narrativamente ele é bastante tosco, ainda que até consiga extrair alguma simpatia de situações que de fato acontecem entre mães e filhas. Tivesse sido escrito com um pouco mais de cuidado, sem dúvida poderia render uma boa comédia adolescente.
Só que mesmo não sendo bom, ou sequer mediano, ele é tão curto que nem dá tempo de encher a paciência. Quando você menos espera, já acabou. Daí eu querer encaixá-lo em uma nova subcategoria abaixo de um filme nada, mas sem ser exatamente uma película ruim. Aliás, se você tem alguma sugestão de como batizar a dita cuja, mande para nós. Quem sabe sua denominação não passa a figurar em futuros textos delfianos?
Enfim, Fala Sério, Mãe! tem a maior cara (e duração) de um especial para a televisão. E acredito que realmente cairia melhor nesse formato. No cinema, fica abaixo da média, ainda que seja tão inofensivo e “mé” que nem sequer é capaz de causar sentimentos negativos. Guarde o dinheiro do ingresso para outra coisa e, o dia que estiver passando na telinha, aí sim veja se vale a pena arriscar uma assistida.