Acredito que todos concordam que essa onda de remakes estadunidenses de filmes de terror orientais já deu o que tinha que dar. Ok, o primeiro, O Chamado, era legalzudo, mas provavelmente só porque era novidade. Todos os remakes que vieram depois dele parecem ser absolutamente iguais. Quer ver só?
Fantasmas malvados andam aterrorizando pessoas e o único que acredita nisso é o protagonista. Alguns caboclos irrelevantes morrem e só então os outros começam a acreditar. Daí se descobre que tudo começou com uma criança (normalmente uma menininha). Finalmente, nossos heróis saem à caça da guria diabólica e resolvem tudo. A não ser que os produtores decidam deixar um gancho para a continuação.
Tudo isso acontece em Espelhos do Medo. No lugar da televisão de O Chamado, temos aqui espelhos assassinos from hell. E é isso. Só isso. Fazia bastante tempo que eu não ficava tão entediado no cinema. Sério, senti que seus 111 minutos tinham sido transformados por algum fantasma filho de Satanás em 24 Horas. E isso não é só uma piadinha infame para citar o trabalho mais conhecido do Kiefer Sutherland (embora seja exatamente isso).
Além de chato, o troço é clichê ao extremo. Todo mundo sabe que o cinema estadunidense não tem as bolas necessárias para matar uma criança. Ainda assim, todo filme de terror/suspense tem uma cena onde um infante corre perigo. Ora, pois, se sabemos de antemão que nada vai acontecer ao pimpolho, todo o impacto que qualquer uma dessas cenas poderia ter some como se fosse um ninja usando uma bolinha de fumaça ou um nerd com a tática “você é um deles”.
Tá, é meu papel de crítico parcial mais imparcial da Terra-Média falar também de suas poucas qualidades. Bom, a Amy Smart aparece pelada. Isso é uma grande qualidade, mas a gente poderia ver isso em outros longas. Porém, só aqui você pode vê-la morrendo logo em seguida, em uma das mortes mais legais do cinema e uma grande homenagem do cinema estadunidense ao Zé Bonitinho. Além disso, este também é, muito provavelmente, o filme de fantasmas mais violento da história. Mas se isso é bom ou ruim varia de acordo com o gosto – e o estômago – do freguês.
Seja como for, eu não recomendo esse filme nem que o vento preto dê uma de Michael Jackson e se torne o vento branco. Afinal, se isso acontecesse, a gente teria coisa melhor para fazer lendo notícias nos tablóides sobre como ele trata os ventinhos cinzas.
Curiosidades:
– O diretor de Espelhos do Medo é Alexandre Aja, que também cometeu essa porcaria aqui. Pelo jeito o cara vai fazer carreira refilmando filmes de terror de outras pessoas. Isso significa que é um bom nome para o delfonauta acrescentar àquela listinha de “diretores a evitar”, onde até agora só constava o Uwe Boll. Eu invejo você… afinal de contas, vou acabar sendo obrigado a assistir aos próximos crimes contra a sétima arte perpetrados por esse elemento.
– Kiefer Sutherland, que muitos consideram como o sucessor testosterônico do Manowar graças ao seu papel na sitcom (tá, eu falei isso só para provocar os fanboys) 24 Horas, revela no release ser um verdadeiro frutinha incapaz de assistir a filmes de terror. Ele cita como exemplo o assustador Procurando Nemo e seu sanguinário vilão, o tubarão vegetariano Bruce, que fez com que ele ficasse sem dormir por dias enquanto sua filhinha de 10 anos apontava para sua cara e ria.
– No release também explica a origem da história de que quebrar espelho dá sete anos de azar. Os romanos acreditavam que os espelhos refletiam a alma e afetavam o bem-estar de uma pessoa. Também acreditavam que a vida se renovava a cada sete anos. Some dois mais dois e temos aí a origem de uma superstição. Legal, né?
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