Vince Vaughn é um sujeito que merece um estudo de caso. O cara começou a carreira fazendo papéis sérios, como a refilmagem de Psicose do Gus Van Sant, por exemplo. Aí imagino que em algum momento alguém falou para ele algo como: “ei, você é um sujeito engraçado, devia fazer comédias”.
Ele acreditou nisso e desde então é só o que ele faz, geralmente em companhia de Ben Stiller, Owen Wilson e o resto dessa patota. Fato é que eu nunca achei graça nos filmes dele. Não são horríveis de se assistir, como os longas mais recentes do Jim Carrey ou do Jack Black (dois caras que dão pesadelo no Corrales), mas se uma comédia não tem graça, ela não é o que se pode chamar de bem-sucedida, correto?
Portanto, não estava exatamente animado para assistir a este De Repente Pai, mas é o nosso dever profissional. E aqui no DELFOS fazemos de tudo para garantir o seu entretenimento, caro delfonauta. Então lá fui eu em uma missão que parecia ingrata. Para minha sorte, até que acabei gostando do que vi. Não é um baita filme, mas diria que está acima da média dos longas do cara.
Neste ele é David Wozniack, um loser sem perspectivas e cheio de dívidas. 20 anos atrás, sob um acordo de confidencialidade, ele fez várias doações de esperma a uma clínica de fertilidade. Seus nadadores eram tão bons que a tal clínica os usou a torto e a direito e, como resultado, ele descobre ter mais de 500 filhos biológicos andando por aí.
O problema é que um grande grupo de seus rebentos entrou na justiça pelo direito de saber a identidade de seu progenitor. Curioso com a situação toda, David inverte os papéis e ele então passa a ir atrás dos jovens (sem revelar sua identidade) para matar sua curiosidade a respeito da prole.
Esse aqui é um filme com todo jeitão de Sessão da Tarde. Uma comédia engraçadinha (embora não arranque grandes risadas), inofensiva, mas bem simpática, com algumas partes um pouco mais sérias em alguns momentos. Afinal, com mais de 500 filhos, nem todos seriam superfelizes ou fisicamente perfeitos. A história trata alguns desses temas de maneira até tocante, o que é mais uma boa surpresa.
E não tem a tradicional lição de amizade ou a parte obrigatoriamente triste, o que é mais um bônus a favor. Também não é tão engraçado ou absurdo quando poderia e não se dá ao trabalho de responder algumas coisas óbvias numa situação como essa. Tipo: e os pais adotivos dessa galera toda?
Mas, no saldo geral, se você não esperar muita coisa, faz passar bem o tempo. Dito isto, não é um filme que eu recomende para ver no cinema, mas se estiver passando na TV, pode assistir sem traumas. E se você, diferente de mim, acha o Vince Vaughn engraçado, então pode gostar ainda mais.
CURIOSIDADE:
– Coloquei a versão espanhola do pôster na ficha técnica porque achei o título sensacional. Vai dizer que você não assistiria a um filme com este nome?