Estava eu em uma das muitas lojas da Galeria do Rock, de São Paulo, quando ouvi uma música familiar, embora algo nela estivesse diferente. Depois de pensar um pouco, cheguei à conclusão de que estava ouvindo o clássico Holy Diver, faixa-título do primeiro álbum solo daquele que criou o estilo Heavy Metal de cantar: Ronnie James Dio. Mas quem poderia estar tocando esta versão tão diferente? Perguntei ao vendedor, que me respondeu e me mostrou este CD, afirmando se tratar de um tributo de Pat Boone ao Heavy Metal. Minha curiosidade falou mais alto e acabei levando o álbum, afinal, é comum vermos bandas de Metal coverizando outros estilos e os transformando em Metal, mas o contrário é realmente raro.
Apesar do nome engraçado do CD – para os que não sabem inglês, significa algo como “Em clima de Metal: Chega de ser um cara bonzinho” – e do que afirmou o vendedor, pouco de Heavy Metal se encontra neste disco. Seria mais correto dizer que o álbum consiste em um tributo ao Rock pesado. O que não significa que as músicas escolhidas pelo senhor Pat Boone são ruins. Se liga: You’ve Got Another Thing Comin’ (Judas Priest), Smoke On The Water (Deep Purple), It’s A Long Way To The Top (If You Wanna Rock ‘N Roll) (AC/DC), Panama (Van Halen), No More Mr. Nice Guy (Alice Cooper), Love Hurts (Nazareth), Enter Sandman (Metallica), Holy Diver (Dio), Paradise City (Guns ‘N Roses), The Wind Cries Mary (Jimi Hendrix), Crazy Train (Ozzy Osbourne) e Stairway To Heaven (Led Zeppelin). Aliás, foi deste CD que saiu a versão de Crazy Train que virou trilha sonora do seriado The Osbournes. E eu sempre achei que ela tivesse sido gravada especialmente para a série da MTV. Santa ignorância, Batman.
Nas versões aqui presentes, a guitarra dá lugar aos metais, em arranjos completamente diferentes, que lembram algo entre o Blues e o Jazz. Outra diferença marcante vai para os vocais. Como as versões originais têm vozes predominantemente agudas, a voz grave de Pat aumenta ainda mais a curiosidade gerada por esse CD.
In A Metal Mood é um disco bem legal. Divertido como era típico dos discos da época áurea de Pat Boone. Claro que é um CD que deve ser ouvido de cabeça aberta, principalmente se for ouvido por um fã de Rock pesado, que costumam ser bem radicais. Em outras palavras, se você é um garoto de uns 14 anos que ainda acha que Metallica é o supra-sumo do Heavy Metal (acredite, você não vai mais achar isso daqui a alguns anos) é melhor deixar para ouvir esse álbum mais para a frente. Já quem tem a cabeça aberta, ou gosta de Blues e Jazz, pode ir fundo que você não vai se arrepender. A única bronca para o CD é a falta de uma versão do Scorpions, banda que se encaixaria muito bem no setlist, não acha?