Se tem uma coisa que eu gosto em filmes como este é de fazer a sinopse. Se liga: eles mataram o filho do Liam Neeson. Big mistake. Ele quer Vingança a Sangue Frio. Tão simples quanto belo.

Apesar da sinopse, não espere que Vingança a Sangue Frio seja um testosterônico filme de ação. Na verdade ele é bem parado, e começa bem sério. Curiosamente, da metade para frente, a coisa melhora e ele até se arrisca em umas piadinhas.

VINGANÇA A SANGUE FRIO – PARTE I

Na primeira metade, vemos basicamente o seu Neeson indo atrás dos capangas contratados responsáveis pela morte de seu doce pimpolho (que na verdade já é um marmanjo quando do assassinato). E a forma que isso é mostrado me incomodou bastante.

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Apesar do trabucão, Liam gosta de matar com as próprias mãos.

Ora, nós sabemos que o Liam é tremendão. Ele treinou o Batman e o Obi-wan e tal. Mas apesar de ele matar os bandidões na porrada, eles sequer oferecem resistência. Ficam todos deitados, apanhando e, como diria o Raul Seixas, só esperando a morte chegar.

VINGANÇA A SANGUE FRIO – PARTE II

Felizmente, a narrativa melhora muito na bem mais divertida segunda metade. As ações do nosso protagonista causam uma guerra por território entre dois traficantes de drogas. É aí que a coisa fica mais interessante e, quem diria, até engraçada.

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Na foto: humor.

Não é um filme de ação, mas o enrosco todo que se forma por causa dos primeiros assassinatos é bem mais interessante do que o herói matando um bandido atrás do outro como se fossem chefes de fase em um videogame.

Vingança a Sangue Frio, Liam Neeson, Paris Filmes, DelfosVINGANÇA A SANGUE FRIO: UM TÍTULO APROPRIADO

Não consigo, aliás, escrever sobre este filme sem comentar quão apropriado é o título nacional dele diante das recentes declarações polêmicas do Liam Neeson.

Caso você não esteja sabendo, ele comentou na TV estadunidense que, após uma amiga ser estuprada por um sujeito negro, ele foi às ruas procurar problema, não para pegar o responsável, mas para dar porrada em tudo que fosse negro que encontrasse. Uma verdadeira Vingança a Sangue Frio, mas tão inútil quanto vazia. Afinal, desde quando a raça inteira é responsável pelas ações de um único idiota?

Ainda assim, nada me tira da cabeça que quem criou o título brasileiro estava a fim de tirar um sarro da situação. Que você acha?

VINGANÇA A SANGUE FRIO: UMA TRILOGIA EM QUATRO PARTES

Liam Neeson encontrou uma segunda vida em sua carreira após Busca Implacável, e o futuro dirá se sua estúpida declaração de vingança racista vai afetá-lo tanto quanto afetou, por exemplo, o Michael Richards.

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Vingança a Sangue Frio, no entanto, é um filme razoável, que diverte enquanto dura, mas não vai ficar na memória de ninguém, nem causar pesadelos no Deadpool.

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
critica-vinganca-a-sangue-frio-reviewTítulo original: Cold Pursuit<br> País: Reino Unido / Noruega / Canadá / EUA<br> Ano: 2019<br> Distribuidora: Paris Filmes<br> Duração: 1h58m<br> Diretor: Hans Petter Moland<br> Roteiro: Frank Baldwin<br> Elenco: Liam Neeson, Laura Dern, Micheál Richardson e Michael Eklund.