Suspiria é um dos filmes mais famosos do conceituado diretor italiano Dario Argento, frequentemente citado ao lado de George A. Romero como um dos mestres do terror. Como o delfonauta sabe, eu sou um grande admirador dos filminhos de medo, de modo que Dario Argento está na minha lista de diretores a conhecer há bastante tempo. Porém, me faltou a combinação de oportunidade e iniciativa para de fato assistir a um de seus filmes. Pois veja só, aqui está um remake ítalo-estadunidense do filme mais clássico do seu Argento.
CRÍTICA SUSPIRIA
Este remake se passa também em 1977, ano de lançamento do filme original. Aqui acompanhamos uma dançarina (a bonitona Dakota Johnson, agora em versão ruiva) que quer porque quer fazer parte de uma certa companhia de dança, liderada pela Madame Blanc (Tilda Swinton). E aqui é onde eu paro de contar o filme.
Você sabe que se trata de um filme de terror, então é óbvio que tem algo por trás desta companhia de dança, mas não é por mim que você vai saber o que é. Insira aqui um emoji com um ziper na boca.
Assim como Nós, este é mais um caso de um filme com uma história bobinha (aqui até um tanto confusa), mas com uma direção marcante que torna a obra mais do que recomendada.
FORÇA
O mais importante é que este é um filme intenso. Ele realmente força os limites, com cenas literalmente difíceis de olhar. Um exemplo é a forma como ele trata as danças.
Quando pensamos em danças, imaginamos algo musical e belo. Aqui, porém, elas são tribais e desconfortáveis. Muito disso se deve ao design de som. As danças são coreografadas nos barulhos dos próprios corpos, como respiração ou pés batendo nos chãos. É impressionante e, ao mesmo tempo, incomoda.
O som se mantém impactante durante toda a projeção, não apenas quando as moças estão dançando. Então leve isso em consideração quando for escolher a sala de cinema para assistir. Em Suspiria, um subwoofer potente é importante.
Embora como experiência audiovisual, Suspiria seja bem forte, não significa que eu gostei de tudo. O visual usa um filtro que visa emular estética de filmes antigos, e as anteriormente elogiadas cenas de dança seriam ainda mais impactantes se não tivessem tantos cortes.
PRA LÁ DE DUAS HORAS
Outra curiosidade é sua duração. Com duas horas e 32 minutos, o Suspiria de 2018 tem exatos 60 minutos a mais do que o filme de 1977. Imagino que seja até o filme de terror mais longo a que já assisti.
Ele imediatamente me lembrou quando Peter Jackson pegou um filme descompromissado sobre monstros gigantes e o transformou em uma epopeia épica. Assim, é claro que este filme desenvolve bem mais alguns personagens e subtramas, mas é inegável que tamanha duração não é justificada.
Entre as cenas mais fortes e impactantes costuma ter um bom tempo onde nada parece acontecer. Especialmente considerando que sua história não é o que o torna especial.
Suspiria é quase um longo videoclipe, mas um do Marilyn Manson. É basicamente uma sequência de imagens perturbadoras emolduradas por uma história não muito bem contada. Ainda assim, é marcante e assustador o suficiente para merecer ser assistido na tela grande.