Mais que o sexto filme da franquia, mais que o longa onde deu ruim para o Tom Cruise e ele arrebentou o tornozelo fazendo uma cena perigosa (cena essa que, inclusive, está no trailer e no longa), este Missão: Impossível – Efeito Fallout será para sempre lembrado por nós, nerds, não como um excelente filme de ação e um dos melhores da franquia (o que ele é), mas como o filme coestrelado pelo Henry Cavill e seu bigode da discórdia.
Aquele que ele foi contratualmente obrigado a manter durante toda a fase de produção e que, portanto, não podia tirar para as refilmagens de Liga da Justiça. Aquele que então teve de ser removido digitalmente, deixando o Superman com um beiço de borracha. Mas convenhamos, é um bigode muito garboso.
O BIGODE DO HENRY CAVILL TEM SUA PRÓPRIA CENA DE AÇÃO
Brincadeiras e tretas envolvendo pelos faciais à parte, a essa altura do campeonato todo mundo conhece a série Missão: Impossível e sabe o que é. Ethan Hunt e seus colegas precisam salvar o mundo de alguma ameaça. Eles vão se envolver em cenas de ação super elaboradas de tirar o fôlego. Tom Cruise em algum momento vai correr e vai se meter a fazer pra valer as cenas mais perigosas, para desespero das seguradoras. O público agradece a loucura boa do astro (a cientologia já é uma outra história), todo mundo se diverte com um monte de explosões e pancadaria. Fim.
A novidade aqui é que Efeito Fallout é o longa que mais possui conexão com os filmes anteriores, especialmente com seu antecessor, Nação Secreta. Claro, existe uma certa cronologia na série, mas ela sempre foi bem frouxa e você poderia ver todos os filmes fora da ordem que não faria diferença. Não desta vez.
Afinal, ele traz de volta o vilão do anterior, o ex-agente britânico que se revoltou e criou sua própria organização terrorista. Mesmo com ele preso, os membros de seu Sindicato continuam causando o caos no mundo e cabe a Ethan Hunt evitar que eles ponham as mãos em plutônio para a construção de bombas atômicas.
Enquanto isso, após Ethan falhar em uma missão, a CIA coloca um agente seu, o Henry Cavill, na equipe de Hunt para se certificar de que o agente secreto cumpra seu objetivo. Obviamente os dois possuem estilos de operar bem diferentes, o que vai colocá-los em rota de colisão.
Quem também retorna é a agente secreta britânica Ilsa Faust, uma das melhores coisas de Nação Secreta e que novamente volta a transitar entre os dois lados em seus encontros com o pessoal cujas missões são sempre impossíveis. Este é mais um fator importante dessa cronologia que Efeito Fallout possui com o anterior, tornando-o praticamente uma continuação direta.
QUEM É MAIOR: O TOM CRUISE OU O BIGODE DO HENRY CAVILL?
Fazia tempo que eu não ficava tão empolgado no cinema com cenas de ação. E olha que essa franquia é notória por ter algumas das mais memoráveis do gênero. Seja a a do trem no primeirão, a escalada do Burj Khalifa no quarto ou a cena de Ethan pendurado do lado de fora do avião durante a decolagem no quinto, tem para todos os gostos.
Efeito Fallout tem pelo menos três sequências de cair o queixo e muitas outras cenas de alta octanagem que, se para mim não estão no nível dessa trinca, não quer dizer que também não sejam altamente testosterônicas. Mas voltando aos grandes destaques. são elas: a luta no banheiro (a coisa é bruta), toda a longa sequência dos helicópteros, e aquela que quase me fez soltar um “cacetada!” no meio da sala de cinema.
Trata-se da sequência do pulo de paraquedas, realizada em glorioso plano-sequência. Essa é daquelas cenas que te fazem voltar aos tempos de criança, se perguntando como diabos eles fizeram aquilo. É espetacular e só ela já merece o ingresso para a maior tela que você puder encontrar.
Se de cenas de ação ele está bem servido, há alguns vícios da série que, se não chegam a incomodar, bem poderiam também ser minimamente suavizados, o que deixaria a coisa toda ainda mais legal.
Eu não sei quanto a você, mas eu não vou assistir a um Missão: Impossível pela sua história, logo até relevo esses defeitos. Mas cabe a mim analisá-los, então lá vai: já faz um tempo que eles insistem em deixar a trama cada vez mais rocambolesca, de forma totalmente desnecessária.
Tipo, Hunt precisa pegar um mcguffin. Para isso, ele tem de resgatar alguém das garras de criminosos e trocá-lo por uma fórmula mágica com uma organização secreta que finalmente vai lhe dar o objeto que ele quer. Isso é um exemplo genérico, mas é bem assim que as tramas de M:I operam e esse não é diferente.
Como resultado desse monte de sidemissions, a duração começa a ser afetada e este aqui acaba virando o mais longo da franquia, com desnecessários 147 minutos, muito por conta dessas inúmeras viradinhas e complicações supérfluas da narrativa. Em nenhum momento fica chato e você não sente o tempo passar, mas isso não quer dizer que não poderia se livrar dessas barrigas de roteiro, ficando mais enxuto e ainda melhor.
O BIGODE DO HENRY CAVILL DARIA UMA SURRA NO SUPERMAN
E pelo amor de Belzebu, chega de, em todo filme, em algum momento Hunt e sua equipe serem renegados por seus superiores, tendo de se rebelar e trabalhar por conta própria. Caramba, depois de tantas aventuras será que esse pessoal que chefia as agências ainda não aprendeu que o cara sempre entrega?
São bobagenzinhas que não tiram o brilho de um grande filme de ação, com sequências tecnicamente embasbacantes. Missão: Impossível – Efeito Fallout é um espetáculo audiovisual imperdível para os fãs da série e dos filmes de ação em geral.