Eu esperava muito de Coringa Delírio a Dois. Adoro o personagem original e gosto desta “reinterpretação prestígio” do sujeito. Estava muito interessado para ver o vilão arrastando sua psiquiatra para o lado sombrio, e ainda mais como fariam para transformar isso em um musical.

CRÍTICA CORINGA DELÍRIO A DOIS

Mas Coringa Delírio a Dois é totalmente diferente do que imaginava. Ao contrário da história conhecida, Lee Quinzel (no filme seu nome também é diferente, não é Harleen Quinzel) não é psiquiatra do Coringa. Ela também está internada em Arkham, ainda que numa área de segurança mínima.

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Coringa 2 é um drama de tribunal. Praticamente todo o tempo de projeção acontece imediatamente antes, depois e durante o julgamento de Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) pelos crimes cometidos no filme anterior. Sua advogada (Catherine Keener) tem o plano de convencer geral que o Coringa é psicótico. Assim, não estava são quando matou geral, e portanto não pode ser responsabilizado.

Do lado da promotoria, temos Harvey Dent (Harry Lawtey), que visa provar que isso é balela, e que Arthur sabia bem o que estava fazendo. Aliás, aproveito para criticar a escolha do ator. Não porque ele não se parece com o Duas Caras, o que é irrelevante aqui, mas porque é o promotor designado para um caso altamente visado e transmitido pela TV. E ele tem cara de tão jovem que é difícil até aceitar que já terminou faculdade de direito, muito menos que é um advogado experiente o suficiente para cuidar deste caso (segundo o IMDB, ele nasceu em 1996).

ENTRA A ARLEQUINA

Complicando essa história, temos a Arlequina (Lady Gaga), ou Lee, como é chamada no filme. Ela se aproxima de Arthur e conquista o coraçãozinho dele. Juntos, eles vivem um Delírio a Dois. Em um caso bem comum nos gibis de hominho, ela ama o Coringa, não Arthur, e é daí que vem todo o drama que eventualmente aparece.

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Delírio a Dois dos dois é a desculpa para as cenas musicais. Algumas são literalmente delírios, enquanto em outras os demais personagens não entendem porque eles começam a cantar do nada. As músicas são clássicos antigos, coisa da época do Louis Armstrong, em excelentes novas interpretações do atores. Mas, talvez justamente para enfatizar o “delírio”, são canções que eles conhecem, e existem no mundo do filme (assim como no nosso).

Musicais normalmente são comédias. O gênero é ridículo em sua própria proposta, e daí o jeito é fazer piadas em cima disso, ou ignorar o nonsense completamente. E tudo bem. Dito isso, Coringa Delírio a Dois definitivamente não é uma comédia. É um longa pesado e dramático, bem o que você espera de um programa prestígio da HBO, que claramente é o que o universo DC está mirando atualmente, com o também sucesso da série Pinguim.

ENTRA O CORINGA

Apesar de ser um filme que supostamente retrata o amor entre o Coringa e a Arlequina, a coisa é bastante focada em Arthur e Lee, que aparecem maquiados e montados quase exclusivamente nas cenas musicais oníricas. Isso até perto do final, quando Arthur finalmente vai maquiado para o tribunal.

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A melhor parte do filme, para mim, começa aí.

Este é o único ponto nestes dois filmes em que a gente realmente vê o Coringa, personagem que conhecemos, amamos e tememos. Infelizmente, dura pouco, mas é meu trecho preferido de Delírio a Dois.

Coringa Delírio a Dois é um bom filme. Excelente até. Mas talvez não tão bom quanto o que esperava ou queria ver. Claro, expectativas são pessoais (críticas também, diria alguém que criou um site de jornalismo intencionalmente parcial), e eu certamente o recomendaria tanto a fãs do personagem dos gibis quanto àqueles que querem ver um tratamento mais sério, mais “prestígio”.

E fica a pergunta para você responder aqui depois de ver: nos últimos segundos, em segundo plano e fora de foco, Delírio a Dois parece querer se unir aos filmes do Christopher Nolan. Que você pensa disso? Interpretou assim também? Acha uma boa ideia?