A humanidade já fez muita besteira. Sério mesmo. Em meio a esportes que são apenas encher outro ser humano de porrada, bilhões investidos em máquinas de matar, a eleição de Jair Bolsonaro ou gente que defende videogames sem pausa, o ser humano é um tremendo idiota. Porém, uma das coisas mais bobas e sem sentido que a gente fez foi ir à Lua. E se ir até lá já é bobo como uma esquete do Monty Python, que dirá de um trabalho cujo objetivo é encontrar Como Vender a Lua.
CRÍTICA COMO VENDER A LUA
Este é o mote de Como Vender a Lua, novo filme com Scarlett Johansson. Aqui, Channing Tatum lidera a equipe da NASA cuja missão é fazer a viagem acontecer. Scarlett Johansson é contratada para vender a ideologia. Para transformar o que era uma corrida de guerra entre dois países do mal em um “sonho do mundo”.
Eu até entendo que, pessoalmente, vários de nós sonhem em ir à Lua. Caramba, eu adoraria dar uns pulinhos lá. Mas dizer que é um sonho do mundo que os EUA cheguem lá primeiro para colocar uma bandeira, não da Terra, mas do país, é forçar um bocado a barra. E olha que eu fiz faculdade de publicidade.
Como Vender a Lua parece uma mistura de Air com Oppenheimer. O primeiro por contar uma história que aconteceu, mas que é por deveras boba. E o segundo porque a história em questão só aconteceu por causa de uma guerra estúpida.
QUE GUERRA NÃO É ESTÚPIDA?
Ao contrário de Oppenheimer e até de Air, Como Vender a Lua tem uma narrativa leve. Suas músicas são felizes, sua história tem algum humor. É como se os roteiristas soubessem que o que estão contando é uma bobagem maior do que Corra que a Polícia Vem Aí, mas que por acaso aconteceu na vida real.
E até funciona. Se a gente ignorar o lado político e mesquinho que fez com que isso acontecesse, é um tremendo avanço científico ir até a Lua. Só é um avanço inútil. E mesmo a solução dos problemas que aparecem é interessante. Na verdade, muitas histórias bacanas podem ser contadas tendo como ponto de partida a corrida espacial. Mas é bem típico dos EUA querer contar a história do vendedor, ao invés dos cientistas.
Na verdade o filme faz um estapafúrdio tão grande sobre a importância do evento, que ele meio que me convenceu que foi tudo ensaiado, sabe? O Woody Harrelson fala com todas as letras “já que o mundo vai assistir, não podemos perder” e boa parte da história foca justamente na criação de um “filme mentira” para passar na TV.
Como Vender a Lua é um filme leve sobre um assunto que facilmente poderia ser pesado. Você pode desligar o cérebro e assistir a ele quase como uma comédia romântica. Ou pode fazer que nem eu e pensar em toda a política por trás disso. Não apenas do evento em si, como da existência deste filme. Mas talvez eu esteja pensando demais no assunto. Será que o Channing Tatum fica com a Scarlett Johansson no final?