Fazia muito tempo que um filme não me surpreendia. Adivinha só: A Noite do Jogo me surpreendeu. A carreira do Jason Bateman me condicionou para que eu evitasse todo e qualquer filme estrelado por ele. O sujeito é praticamente um Nicolas Cage pessoal para mim. Afinal, Nicolau Gaiola faz filmes que todo mundo considera ruins, mas o Bate-man costuma estrelar comédias que pessoalmente me incomodam bastante.

A Noite do Jogo, DelfosEu achei que este seria o caso com A Noite do Jogo. Só a chamadinha “se não sabe brincar, não desce para o play” já me gerou antipatia, pois é o tipo de frase que costuma ser usado pelas mesmas pessoas que usam a expressão “mimimi” para desdenhar do sofrimento alheio.

Felizmente, e eu não costumo dizer isso com frequência, às vezes é bom estar errado.

UM JOGO REAL. MUITO REAL.

Aqui acompanhamos um grupo de amigos que se encontra para um jogo. Só que esta é uma noite especial e, então, um deles contratou uma empresa que faz “sequestros ensaiados”. Basicamente, eles sequestram alguém do grupo e deixam dicas espalhadas. Quem resolver o mistério leva o prêmio. Parece legal, né? O que eles não esperavam é que a coisa ficasse séria demais.

A Noite do Jogo, Delfos
Enquanto ele é raptado, o que vocês acharam dos salgadinhos?

Acontece que na mesma noite do jogo, um deles é raptado de verdade. Claro, os amigos acham que faz tudo parte da brincadeira, e até elogiam o realismo da cena. Depois que o coleguinha some de vista, eles simplesmente levantam e começam a procurar por pistas. Daí já sabe, altas confusões.

A NOITE DO JOGO

Pois ao contrário de quase tudo com participação do Jason BatemanA Noite do Jogo é muito engraçado. Tipo, muito mesmo. Eu cheguei a gargalhar, não em uma ou duas cenas, mas em várias. Apesar de a história ser totalmente diferente, esta é uma comédia de ação que me divertiu como eu não me divertia desde Segurando as Pontas.

Boa parte do humor, ao menos no início, vem das reações brincalhonas da galera a situações onde suas vidas estão claramente em perigo. Claro, chega uma hora que eles percebem que a coisa ficou séria. Neste momento, eu fiquei decepcionado, pois achei que o filme deixaria de ser engraçado. E quer saber? Não deixou. Continuou tão bom quanto estava antes.

A Noite do Jogo, Delfos
Eu me surpreendi tanto quanto eles.

Verdade, no final ele acaba dando uma esfriada, graças à necessidade de costurar tudo que foi jogado na história até aquele momento. Não chega a ficar ruim, só menos engraçado. Mas poucos filmes conseguem concentrar tantas piadas boas em tão pouco tempo quanto este.

É o tipo de filme para se ver no cinema com amigos e depois ir a uma lanchonete para lembrar das cenas mais absurdas e engraçadas e dar mais algumas boas risadas. É uma comédia que funciona como poucas, especialmente em tempos recentes e, como tal, merece ser assistida.

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
critica-a-noite-do-jogoTítulo original: Game Night<br> País: EUA<br> Ano: 2018<br> Estreia no Brasil: 10 de maio de 2018<br> Gênero: Comédia de ação<br> Duração: 1h40m<br> Diretor: John Francis Daley e Jonathan Goldstein<br> Roteiro: Mark Perez<br> Elenco: Jason Bateman, Rachel McAdams, Kyle Chandler e Sharon Horgan.<br>