Tem vezes que a gente tem uma ideia, mas não consegue realizá-la. Por exemplo, para esta crítica A Mula, eu queria uma foto engraçada de uma mula para colocar na capa do site. Achei algumas, mas nenhuma em tamanho e qualidade apropriados. Maldita internet, limitando a realização do meu senso de humor deturpado.
É ENGRAÇADO PORQUE É MENTIRA
A graça de colocar uma mula no destaque do site, obviamente, é porque A Mula não é um filme sobre este simpático equíneo. A Mula aqui, na verdade, é Earl, o protagonista interpretado pelo também diretor Clint Eastwood.
Earl é um velhinho que, graças à reforma da previdência brasileira, está na pindaíba. Para sair do buraco, ele resolve virar uma mula. Mas não, ele não é um transmorfo, nem trabalha num circo de aberrações. O que ele faz é pegar um trabalho de transportador de drogas para um cartel.
Parece o crime perfeito, afinal, ninguém desconfia de um simpático velhinho. E, ao contrário da maioria dos personagens feitos pelo seu Eastwood, Earl é realmente simpático. Inclusive, ele não usa o dinheiro arrecadado com seus crimes apenas para comprar coisas caras, embora também faça isso. Não, meu amigo. Earl ajuda sua família e sua comunidade. Não é fofo?
UM FILME DE CLINT EASTWOOD
Sabe, eu tenho uma certa ojeriza dos filmes dirigidos por Clint Eastwood. Não chega ao nível do meu asco pelo Lars Von Trier, mas ainda assim, seus filmes em geral não são coisas que eu goste de assistir.
Dito isso, até que esse aqui se destaca de sua obra. Trata-se de um filme mais relaxado, menos repleto de patriotada. Tem até humor por aqui, o que definitivamente não é comum em sua obra.
O foco do filme é mesmo em Earl, mas há uma história secundária sobre a polícia que está atrás do cartel, o que permite que a narrativa brinque com o fato de eles estarem sempre tão perto, mas tão longe de pegar o herói.
Também pudera, Earl não usa internet nem celulares, e a polícia anda bem dependente do alcance aumentado que estas tecnologias trazem ao longo braço da lei.
Se eu não tivesse assistido a A Mula, não acho que sentiria falta. Provavelmente ele passaria batido pelo meu radar. Mas eu o assisti e digo que a experiência foi mais divertida do que eu esperava. Não chegou a me empolgar ou me marcar de alguma forma, mas foram duas horas de um bom entretenimento, e talvez isso seja mais do que o suficiente para te levar ao cinema.