Depois de ser o comandante dos Bastardos Inglórios, Brad Pitt novamente volta ao cenário da Segunda Guerra Mundial em Corações de Ferro. O novo filme, contudo, é muito menos Tarantino e bem mais Steven Spielberg, e assim que eu tirar a sinopse do caminho, você saberá o motivo.
Pitt é o sargento do exército dos EUA Don “Wardaddy” Collier. E além de ter um dos apelidos mais legais de todos os tempos (papai de guerra), ele também tem o comando de um tanque Sherman, o que seria algo bem tremendão, não fosse o fato de que os tanques de guerra alemães eram muito superiores aos estadunidenses. Essa inferioridade tecnológica obviamente vai deixar as missões de Don e sua tripulação muito mais difíceis e bem mais interessantes para o espectador.
Pronto, sinopse dada, voltemos ao que eu falei no parágrafo inicial. Apesar de ser um bom filme, você com certeza já o assistiu antes. Mais especificamente em 1998, quando ele se chamava O Resgate do Soldado Ryan. A estrutura do roteiro é idêntica o suficiente para me fazer pensar que poderia ter rolado facilmente um processo se as partes interessadas estivessem a fim disso.
A coisa vai desde o grupo pequeno de homens (no caso, a tripulação do tanque ao invés do pequeno destacamento selecionado para resgatar o Ryan), passando pelo enredo ser visto a partir do ponto de vista de um novato (o personagem do Logan Lerman é idêntico ao do Jeremy Davies na película de 98) e pela jornada por várias zonas de guerra até chegar ao clímax envolvendo um grande confronto onde as chances não estão a favor deles. Tudo é muito igualzinho e vai acontecendo na mesma ordem. A maior diferença entre os dois longas é que, ao invés de seguirem viagem a pé, aqui eles vão confortavelmente rodando em seu tanque.
Bom, isso e o fato de que o diretor David Ayer não é Steven Spielberg. Falta o impacto das batalhas sangrentas que Spielberg conseguiu imprimir em seu filme, colocando o espectador no meio da ação, praticamente como se fosse mais um personagem. Neste aqui a coisa é muito mais convencional, e por isso mesmo, muito menos marcante.
Também é bem menos violento, sem tanto sangue e tripas, até porque, visto que a grande arma do longa é um tanque, quem é atingido pelo seu potente canhão praticamente se desintegra, deixando pouco espaço para o gore.
Mas é preciso ser justo e dizer que, mesmo sendo bem derivativo, o longa ainda é competente e bom de se assistir, não à toa tendo garantido três Alfredos. Há bons momentos, como a tensa refeição na casa das sobreviventes, onde parece que a qualquer momento algo pode sair dos eixos, as batalhas entre tanques e o grande confronto do terceiro ato, com a turminha do tanque tendo de enfrentar sozinha todo um batalhão da SS para defender sua posição.
Assim, quem não é fã de filmes de guerra e também não gosta de assistir “mais do mesmo”, não tem muita razão para gastar sua grana num ingresso. Mas se você curte longas do gênero e não se importar por ele ser quase um remake não oficial de uma película muito superior, Corações de Ferro até que diverte satisfatoriamente.