Bem-vindo a mais uma matéria do Especial de Melhores de 2014! Antes de mais nada, preciso que o o delfonauta entenda que este texto é também um desabafo, porque não consigo ficar calado quando leio esta mensagem absurda no meu e-mail, enviada a toda a equipe delfiana:
“Pessoal, para o especial do ano que vem, estou querendo escrever uma lista de melhores games, mas apenas de consoles de gente grande (Xbox, PS4 e PC)”. Corrales, editor-chefe e Ditador Supremo do DELFOS, dezembro de 2014.
Todo jogador hardcore que tem orgulho de ser chamado assim sabe que em 2014 os melhores games foram lançados no Wii U. Em um mundo ideal, isso não deveria ser debatido por pessoas de 25 anos em diante, que cresceram com o Mario e compraram o Mc Lanche Feliz para conseguirem colocar um boneco dele na prateleira do escritório (mesmo ele não sendo um Amiibo). No entanto, nós sabemos que existe uma quantidade significativa de marmanjos que joga FPS e mundos abertos, e, por isso, nunca saberia identificar os melhores jogos que existem. Quem, afinal, se importa com Watch Dogs? Tem de ser muito coxinha para gostar daquele negócio retrógrado e hypeado, que eu ainda não consegui jogar (há um boato de que o jogo saiu para o Wii U em novembro de 2014 com alguns DLCs. Se alguém achar, poderia me avisar, por favor?).
Jogo tem de ter desafio, direção de arte que usa cores, humor, diversão e jogabilidade gostosa (apertar botões deve ser tão prazeroso quanto comer pepperoni com catupiry). Todas essas características foram levadas em consideração para elaborar esta lista de melhores jogos de 2014, que não coincidentemente foram todos lançados no Wii U. Aproveitando, muitas pessoas reclamam que o Wii U não recebe games das “third parties”. Oras, quanta frescura. Se ele não recebe, é porque eles são irrelevantes, ruins ou simplesmente desnecessários para uma plataforma tão completa como essa. Então, vamos lá. Que o texto abaixo seja uma nova oportunidade para que qualquer pessoa possa se redimir e jogar games de gente grande de verdade. Afinal, PS4, Xbox One ou PC: algum desses tem Bayonetta 2 por acaso?
D&D – Decepção Delfiana: DONKEY KONG COUNTRY: TROPICAL FREEZE
Donkey Kong Country: Tropical Freeze é um jogo lindo, com trilha sonora marcante e gameplay gostosíssimo, mas até aí, Donkey Kong Country Returns, do Wii, de 2010, também foi. Lógico, o Tropical Freeze é bem melhor, mas não traz, em minha opinião, algo substancialmente novo à franquia.
A grande decepção do jogo é que a Retro Studios nem usou quaisquer funções adicionais do gamepad para o jogo – ele fica desligado quando você joga na TV. Nem Mario Kart 8 faz isso, e possui algumas informações interessantes que aparecem na telinha do controle enquanto a ação ocorre na TV. O que deixa eu e muitos outros jogadores chateados é que a Retro Studios tem muito talento e poderia ter ido além com Tropical Freee, ou ainda ter se dedicado a algo mais inovador, como um novo jogo da franquia Metroid.
Donkey Kong Country: Tropical Freeze é um excelente jogo, mas é uma experiência muito parecida com o que já foi feito em jogos do macaco. Para 2014, precisava de um pouco mais.
Nível de inveja do Corrales: 97% (mesmo o jogo sendo uma decepção, ainda é um jogo do Donkey Kong e, como tal, ele gostaria de jogá-lo).
Menção Horrorosa: o pior do ano: WII PARTY U
Wii Party U é uma daquelas coletâneas que só fica divertida com uma pancada de amigos reunidos, mas mesmo assim não é tão bom. Ele não é a pior que coisa que já joguei na vida, mas neste ano, foi a mais sem graça, com certeza.
Escolhi este jogo para baixar de graça por ter comprado Mario Kart 8 (podia escolher entre Wii Party U e outros jogos que já possuía), e a conclusão é que Wii Party U não tem nenhum apelo de coletâneas melhores de minigames da Big N, seja Nintendo Land ou algum dos nove Mario Party já lançados, por exemplo. Wii Party U não é simples de entender e nem acessível para começar a jogar. O conteúdo dele é irregular (grande parte é desnecessário e muitas vezes ruim), o que torna muito difícil decidir se divertir com os mais variados modos de jogo. Tem coisa boa? Até que tem, mas está muito bem escondida. Uma pena.
Este é um jogo razoável, que passaria sem muita atenção em um outro ano com lançamentos mais fracos, mas 2014 foi muito bom para quem gosta de videogame, e por este motivo Wii Party U é o pior de todos.
Nível de inveja do Corrales: 0% (absolutamente nada apetece o nosso ditador neste tipo de jogo que a Nintendo tanto lança).
5 – SHOVEL KNIGHT
Muita gente é aficionada pela época dos 8-bit, mas acompanhei mesmo os 16-bits, com o Super Nintendo. Mega Man X, Super Metroid e The Legend of Zelda: A Link to the Past eram os meus jogos favoritos. O desafio proporcionado por esses jogos e as maneiras interessantes que eles contavam histórias simples, mas que tinham um apelo muito forte para o jogador (que vivenciava a narrativa inteira sem muitas cutscenes) me encantavam. É impressionante, assim, como Shovel Knight funciona tão bem com quem gostava de videogame quando criança, seja essa pessoa uma amante dos 8 ou 16 bit, pelos exatos mesmos motivos. Shovel Knight traz as lembranças maravilhosas daquela época simples, mas felizmente sem precisar assoprar cartuchos.
Jogo indie que começou com campanha no Kickstarter e pode ser jogado também no Nintendo 3DS e PC, Shovel Knight mistura o gameplay e convenções de clássicos 8-bit como Mega Man, Ducktales ou Zelda II: The Adventure of Link para criar uma experiência única e inovadora, que tem um apelo muito difícil de se explicar. Ele é engraçado de uma forma que os jogos atuais não são e é desafiador como os games citados, mas não deixa de lado as boas coisas que as últimas gerações trouxeram ao videogame.
Para começar, é possível destruir os checkpoints da fase, ganhando mais dinheiro para comprar novos upgrades e habilidades. Porém, se você fizer isso e seu personagem morrer, terá de começar do último checkpoint não destruído (às vezes, é o começo da fase!). Esse design à Dark Souls, de apostar a sorte em você mesmo, não é a única novidade neste jogo “retrô”. Há a possibilidade de postar mensagens conforme joga na rede Miiverse, cumprir achievements hilários e os gráficos não se limitam a imitar os pixels antigos. É um jogo muito, muito bonito pela proposta dele.
Shovel Knight vai ser lançado para PS4 com o Kratos como big boss adicional. É uma pena que um jogo tão bom seja deteriorado por um personagem sem trajetória e relevância como o Kratos. Realmente, não vou querer jogar contra ele (sniff, sniff). Em todo caso, veja o trailer da versão para PS Vita e PS4:
Nível de inveja do Corrales: 42% (era maior até ele descobrir que o jogo vai sair para as plataformas da Sony).
4 – MARIO KART 8
A franquia Mario Kart, para mim, estava desgastada com o Mario Kart Wii, que deixou de lado o gameplay divertido com o uso de motion controls. Os gráficos deste Mario Kart 8 pareceram ser muito lindos, mas o que mais eles poderiam melhorar sem fugir da fórmula consagrada?
Muita coisa! Para começar, nunca foi tão gostoso jogar um Mario Kart. É muito mais fácil conseguir usar turbos nas curvas, por exemplo, o que torna o game mais acessível. O equilíbrio dos itens também está melhor. Como sempre, ficar em último lugar todo o tempo garante itens melhores, mas dificilmente você vai conseguir boas posições se não jogar bem durante a partida.
A jogatina on-line da Nintendo, que ainda hoje não é 100% eficaz (embora seja a única gratuita dos consoles desta geração), funciona muito bem aqui, sem nenhum delay. É ótimo desequilibrar a vida de desconhecidos na internet, ou melhor ainda, de amigos no sofá de casa, e rir da cara deles depois (ninguém em condições normais de temperatura e pressão é melhor do que eu em Mario Kart 8). É super fácil também compartilhar vídeos de suas partidas no YouTube, editando os melhores ângulos para mostrar o quanto você é infalível quando usa cascos de tartaruga e cascas de banana.
Esta é a maravilha da franquia Mario Kart 8, tão menosprezada por pessoas pobres de espírito: tornar pessoas agradáveis em competidores imorais, desprezíveis e péssimos vencedores, afundando relacionamentos em prol de uma realização maior: a primeira colocação. Saiba apreciar o que um game faz por você, delfonauta.
Os DLCs que estão saindo para Mario Kart 8, como o de novembro, que traz o personagem Link e pistas temáticas das séries The Legend of Zelda, F-Zero e Excitebike, ampliam o escopo do jogo e permitem que você continue se divertindo com novos desafios. Além disso, o preço deles juntos não é nenhuma sacanagem (U$ 12,99 por mais 16 pistas, seis personagens e oito veículos). Um dos games mais divertidos do ano.
Nível de inveja do Corrales: 81% (o Ditador gostaria muito de jogar Mario Kart, mas ficaria frustrado por não conseguir ganhar de mim).
3 – HYRULE WARRIORS
Depois de 70 horas de jogo, atualizações e DLCs constantes, com um total de 17 personagens jogáveis e mais dois chegando, cheguei à conclusão de que talvez, só talvez, este seja um daqueles jogos que abusa de grinding e técnicas de recompensar o jogador para fazer com que continuemos jogando, e jogando, e jogando, mesmo após não ter mais nada de novo para se aprender ou descobrir. Mas neste caso, isso pode não ser um problema tão grande assim.
É a primeira vez que jogo algo da franquia Dinasty Warriors e gostei bastante da experiência. A mistura do hack’n’slash com a necessária estratégia para vencer é bem interessante, por mais que as batalhas sejam caóticas e, verdade seja dita, às vezes um pouco injustas. A união das franquias foi um acerto na mosca da Toei Tecmo e da Nintendo. O que mais lembramos de The Legend of Zelda não é o senso de aventura nos mundos semiabertos que os bons jogos da franquia trazem, mas sim o que encontramos neles: os personagens que falam e se vestem de forma esquisita, os itens e armas típicas que acompanham o jogador por tanto tempo, os inimigos que têm padrões de ataques bem definidos e precisam ser enfrentados um por vez. Todas essas coisas foram muito bem representadas em Hyrule Warriors.
A possibilidade de jogar com vários dos personagens favoritos da franquia The Legend of Zelda, todos muito distintos em combate, é realmente um grande adendo ao jogo. Considero o gameplay bastante divertido, com uma profundidade maior do que um hack’n’slash descompromissado como esse promete.
É facilmente o jogo mais viciante desta lista, o que não é exatamente bom, mas esse vício é justificável. Afinal, para quem gosta de bacon e nunca o comeu em uma pizza portuguesa, com certeza ao experimentá-la vai querer mais do que um pedaço.
Os gráficos são legais, as músicas são remixes de clássicos de The Legend of Zelda com heavy metal (yeah!) e por tudo isso este é o meu terceiro favorito de 2014, fácil, fácil.
Nível de inveja do Corrales: 10% (o editor do DELFOS nunca jogou The Legend of Zelda: Ocarina of Time e, por isso mesmo, não teria como valorizar tamanho tributo a este clássico).
2 – SUPER SMASH BROS FOR WII U
Não é surpresa alguma este jogo estar aqui (talvez a surpresa seja ele não estar em primeiro lugar, mas você já vai entender). A maior diversão com amigos que você pôde ter em 2014 e muito provavelmente terá nos próximos anos é com Super Smash Bros. For Wii U.
O Super Smash Bros. original saiu em 1999 e focava naquela ideia simples de quem iria ganhar em uma luta entre Mario e Pikachu, ou Donkey Kong e Link, alguns dos personagens mais marcantes da cultura pop dos últimos 30 anos. O jogo quebrou todas as convenções de luta até então: você podia andar livremente para onde quiser, pular em outras plataformas, usar itens à vontade, além de quatro jogadores poderem jogar ao mesmo tempo. O objetivo de Super Smash Bros. era completamente novo: arremessar os oponentes para fora do estádio.
As plataformas de combate eram também muito inovadoras: cada uma possuía um formato diferente, com armadilhas muito sacanas, mas que, ainda bem, eram muito fáceis de perceber no jogo. Elas demoravam a aparecer, e permaneciam por tempo suficiente para você mudar a sua estratégia de combate. Além disso, vozes de uma suposta plateia gritavam os nomes do seu personagem quando você fazia algo muito incrível (e várias vezes algo muito estúpido ao mesmo tempo), como se explodir e mandar para o espaço outros dois personagens consigo.
No primeiro Super Smash Bros., só era possível escolher entre 12 personagens. Era fácil, então, conhecer as possibilidades que cada um deles tinha em cada momento de uma partida. Desde então foram lançados mais dois jogos (Super Smash Bros. Melee e Super Smash Bros. Brawl), com muitos mais personagens e fases mais homicidas, ao mesmo tempo que as pessoas aprenderam técnicas avançadas para usar nas batalhas.
Hoje, com 49 personagens (mais os Miis) jogáveis, dentre eles Sonic, Mega Man e Pac-Man, além de diversos estádios, muitos e muitos itens novos e ainda a possibilidade de oito pessoas jogarem ao mesmo tempo, Smash Bros. nunca foi tão complexo, mas ao mesmo tempo, tão cheio de possibilidades. É fato: este jogo foi feito para quem jogava Super Smash Bros. desde criança e acompanhou a franquia durante todos esses anos. E para essas pessoas, ele acerta em cheio.
Nível de inveja do Corrales: 0,33333% (o Corrales não é habilidoso em Smash Bros., a não ser em causar self-destructs)
1 – BAYONETTA 2
Sinceramente, não achei que fosse possível ter um lançamento em 2014 que superasse as minhas expectativas e paixão por Super Smash Bros. For Wii U, mas quebrei a cara. Antes de continuar, eu gostaria que o delfonauta parasse de chorar em posição fetal por Bayonetta 2 ser exclusivo do Wii U, porque se não fosse a Nintendo que tivesse financiado e publicado o jogo, não teríamos ele de maneira alguma (e ela, com certeza, ajudou a Platinum a melhorá-lo, como o próprio diretor Yusuke Hashimoto já disse).
A versão do Wii U vem com o Bayonetta original, que não joguei na época do lançamento (em 2009). Bayonetta é legal e eu diria que já tinha o conceito certo (bruxa feminista gostosa espanca anjos com armas nos pés e mãos para salvar o mundo), mas a execução nem tanto, porque ele é cruel, mas não de uma maneira desafiadora justa. Bayonetta pune excessivamente o jogador por simplesmente tentar prosseguir. Ao mesmo tempo, ele é muito eficaz em registrar toda a sua performance, baseada em três critérios (tempo, combos e dano que Bayonetta levou). Há cutscenes que possuem quick time events não esperados que matam a Bayonetta se você bobear. Perdi as contas de quantos continues usei nesses momentos.
A boa notícia é que Bayonetta 2 elimina todos os problemas gritantes do original. Se você assistir a vídeos de gameplay do jogo, parece meio redundante experimentar esta sequência porque ela não parece tão diferente do primeiro, mas é impressionante pegar no controle e perceber como tudo está melhor, ao mesmo tempo que o jogo não perdeu sua essência.
A direção de arte e os gráficos mais bonitos, o sistema de classificação mais justo, os combos, armas e habilidades novos e um ritmo de jogo mais interessante tornam Bayonetta 2 infinitamente melhor do que qualquer outro game de ação que já joguei. Então, ele é, sim, o principal motivo de 2014 para se orgulhar de ser gamer no Wii U, mas não se esqueça, não é o único. E agora o Corrales nunca mais me zoará pelo meu console ter um tablet com botões.
Nível de inveja do Corrales: 100.000.00%.
Curiosidades:
– Apesar de o Corrales não ter um Wii U e eu não ter um PS4, logicamente nós gostamos dos dois consoles e não queremos ficar alimentando essa “guerra dos consoles” que existe em toda geração de videogames. Mas é óbvio que o Wii U é melhor.
– 2014 foi um ótimo ano para o Wii U, mas não se esqueça de 2013. Se quiser jogar algumas coisas legais daquele ano, recomendo: Pikmin 3, Wonderful 101 (também da Platinum, é em qualidade melhor que Bayonetta, mas não tão legal quanto Bayonetta 2), Super Mario 3D World, The Legend of Zelda: Wind Waker HD e Splinter Cell: Blacklist (sei que não é exclusivo do Wii U, mas acho que é um dos melhores jogos da Ubisoft nos últimos anos, e essa versão usa o gamepad muito bem).
– Ainda não consegui jogar Watch Dogs. Fuckin’ fuck, Ubisoft. Abaixe o preço dessa joça para o Wii U, faz oito meses que o jogo saiu!