Pronto. Virou mania. Como se a onda das cinebiografias já não fosse suficientemente irritante, agora um novo gênero de filme está sendo criado: as cinebiografias oscarizáveis. Com os prêmios papados no ano passado pelo superestimado O Aviador e por Ray, este ano a remessa começa com Johnny & June, que repete até o clichê de utilizar os primeiros nomes dos biografados para dar uma sensação de intimidade, como foi feito com o já citado Ray e com o clássico Sid & Nancy.
Neste caso, os tais Johnny & June do título são Johnny Cash (Joaquin Phoenix) e June Carter (Reese Witherspoon). Ao contrário do que pode parecer (e como parece que a Fox está querendo divulgar), o filme não é centrado no romance dos dois, mas na vida de Johnny Cash, desde sua infância até seu casamento com June. Nesse sentido, está bem mais próximo de Ray do que de Sid & Nancy.
Como não poderia deixar de ser em uma biografia de um músico, o longa está repleto de músicas de Johnny e de alguns intérpretes contemporâneos a ele. Um dos melhores momentos é quando a banda de Cash, pouco depois de gravar seu primeiro disco, está vendo um loirinho detonar um piano. Olhando uns para os outros, eles exclamam assustados: “Eu nunca vi ninguém tocar assim”. O nome do loirinho? Jerry Lee Lewis. Outro que dá as caras é Elvis, mas esse aparece bem menos do que Jerry e, curiosamente (principalmente se você lembrar a quantidade de sósias de Elvis que tem por aí), é bem menos parecido com o Rei do Rock do que deveria.
As músicas são bem legais. Claro, desde que você goste de Johnny Cash e seus contemporâneos. Mas o filme é bem chato e irregular. Alterna alguns bons momentos com outros vergonhosos. A cara de “comeu e não gostou” de Phoenix também não ajuda muito. No geral, Johnny & June é daqueles filmes que só vão interessar a dois tipos de pessoas: fãs de Johnny Cash e fãs do Oscar. E eu não pertenço a nenhum deles.
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