E a moda dos remakes atinge seu deprimente ápice. Faz quanto tempo que Capote passou no cinema? Um ano e pouco, no máximo? Pois vejam só, já existe um novo filme baseado EXATAMENTE na mesma história. Só que agora, ao invés do jeitão de oscarizável do longa anterior, vem com uma roupagem independente.
Assim como Capote, Confidencial não é a cinebiografia do escritor Truman Capote (um dos criadores do estilo chamado jornalismo literário), mas sim a história da gênese de sua obra máxima, o livro A Sangue Frio, que ficou no forno por muitos anos, enquanto Truman desenvolvia um relacionamento deveras estranho com um dos assassinos da história em que basearia seu romance.
Diferenças com o filme anterior? Pouquíssimas. E isso abrange inclusive os defeitos. Particularmente, achei Capote um saco, principalmente por causa do protagonista. Não sei como era o Truman da vida real, mas o de Philip Seymour Hoffman é um cara insuportável. Arrogante, fofoqueiro e, principalmente, deveras irritante. O de Toby Jones é também culpado desses adjetivos, mas, por algum motivo, não chega a ser tão pentelho quanto o vencedor do careca dourado. De qualquer forma, trata-se de um personagem absurdamente sem carisma, parece até saído de um filme dos irmãos Wayans. Manja aqueles carinhas que você quer que morra de forma bem sofrida na próxima cena? É mais ou menos por aí. E basear não apenas um, mas dois longas em alguém tão desagradável é, para dizer o mínimo, arriscado.
E já que estamos falando de elenco, não leve muito a sério a quantidade de nomes famosos presentes, pois quase todos eles são pontas. Isabella Rossellini, por exemplo, deve falar só umas duas frases no filme inteiro. A Gwyneth Paltrow só aparece para cantar uma musiquinha logo no início. De relevante mesmo, apenas a participação de Sandra “mulheres não têm gogó” Bullock, Toby Jones e, é claro, Craig, Daniel Craig. E o curioso é ver como todos eles estão bem parecidos com suas contrapartes do seu irmão maior e mais rico, tanto no visual quanto na atuação, o que me faz indagar se eles tinham mesmo essa cara na vida real ou se os atores foram maquiados para que ficassem o mais parecido possível com o longa que todo mundo conhece.
No final das contas, a principal diferença é que esse parece um Capote menos preocupado em atingir um grande público. Por exemplo, a relação do jornalista com Perry, um dos assassinos, aqui chega muito mais perto de um romance do que na versão oscarizável. Dessa forma, Confidencial fica um pouquinho, e só um pouquinho, melhor que seu antecessor. Mas isso não quer dizer muita coisa: a maior parte dos filmes é melhor que Capote.