Casa da Mãe Joana

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Quatro manos anti-trabalho serão despejados de seu apartamento se não conseguirem arrumar grana para bancar suas dívidas. Assim, um deles vira um coroa de programa, outro vai cuidar de um velhinho travesti, outro volta a escrever uma coluna fingindo que é uma mulher e o quarto, mais esperto, foge para a Jamaica com a Malu Mader.

Pela sinopse, parece aquela típica comédia boba hollywoodiana, o que não é necessariamente um problema, pois pelo menos esses filminhos são divertidos. Porém, brasileiro realmente tem uma dificuldade séria em fazer humor.

Pensa comigo e tenta lembrar qual foi a última coisa brasileira que realmente te fez rir. Zorra Total? Acho que não. Sem Controle? Duvido muito. Se eu puxar lá do fundo da memória, consigo lembrar de uma época em que o Casseta & Planeta era engraçado, mas isso já faz mais de 15 anos – quando o programa deles era mensal e passava na Terça Nobre.

O humor deste filme é tipicamente brasileiro. Tenta fazer piadas tirando a roupa das mulheres (e dos homens), repetindo coisas já muito usadas no cinema (todo filme que brinca com prostituição tem uma sadomasoquista) ou simplesmente usando artifícios que não têm nada de engraçado. Ou será que algum cidadão em sã consciência consegue rir da idéia de apunhalar a mãe que tem problemas mentais na garganta para ela conseguir respirar? E não estou inventando isso, essa é a piada mais recorrente no filme todo, para você ter uma idéia do nível do que vemos aqui.

Ok, eu, particularmente, sou bem elitista quando se trata de humor. Para mim, praticamente só funciona mesmo o nonsense. Mas, poxa, não ouvi nenhuma risada – nem mesmo um sorriso tímido – durante toda a projeção. E a sala não estava vazia. Alguma coisa errada tem aí, certo?

O que eu não entendo é que coisas como Simpsons ou mesmo o lado mais divertido de um Corra que a Polícia Vem Aí fazem sucesso em nosso país. Por que nenhum brasileiro consegue fazer nada do mesmo nível na TV e no cinema? No teatro ainda existem alguns bons comediantes, mas poucas pessoas têm costume de ir ao teatro no nosso país. 😛

Curiosidades:

– Amantes do teatro, sem manifestações violentas, por favor. Você pode citar várias peças que têm sua lotação esgotada, mas pergunte para as pessoas que trabalham com você quantas peças elas viram no último ano, em comparação a quantos filmes e verá quão elitista o teatro realmente é. E quando não é elitista, as peças são interativas, o que, por si só, já afasta boa parte do público. Ninguém gosta disso, pô! Por que continuam fazendo? O.o

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
casa-da-mae-joanaPaís: Brasil<br> Ano: 2008<br> Gênero: Comédia<br> Elenco: José Wilker, Paulo Betti, Antonio Pedro Borges, Pedro Cardoso, Malu Mader, Juliana Paes, Arlete Salles, Laura Cardoso, Agildo Ribeiro e Fernanda de Freitas.<br> Diretor: Hugo Carvana<br>