Capitães da Areia

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Capitães da Areia é a adaptação cinematográfica da obra de Jorge Amado de mesmo nome que, provavelmente, muitos delfonautas (e delfianos também) devem ter lido na escola. Menos eu, já que, por algum motivo obscuro, este livro não fazia parte da lista de leitura obrigatória em meu colégio.

Portanto, não sabia nada sobre a história e não fazia a menor ideia do que esperar até alguns minutos antes do início da projeção, quando o Corrales me disse que esse foi um dos melhores livros que ele teve de ler no colégio porque era cheio de violência e sacanagem.

O que temos, ao menos na tela, é a história de uma gangue de meninos de rua das mais variadas idades na Salvador da década de 50, comandada pelo intrépido Pedro Bala. Quando não estão batendo carteiras (e outros pertences pessoais) ou roubando casas, eles se reúnem em sua base num prédio abandonado para fazer o que adolescentes fazem: ficar de bobeira, falar bobagens e trocar provocações.

É uma típica história infanto-juvenil, com a diferença que essa é focada na parcela mais miserável da população e ajuda a humanizar essas crianças que até hoje estão pelas ruas de qualquer cidade brasileira. E, de fato, o filme é bem-sucedido em criar empatia com vários dos personagens.

Quanto à violência e sacanagem, até tem um pouco dos dois, embora o segundo seja bastante ameno para ser chamado de sacanagem, nada que o torne proibitivo para ser assistido pelo pessoal mais jovem.

O filme é divertido, tecnicamente bem realizado e o nível das atuações é irregular, porém pendendo para o positivo. Mas achei que faltou um algo a mais. Até pelas óbvias questões sócio-econômicas, esse não é o gênero de filme com o qual consigo me identificar, e é o tipo de história que eu costumo esquecer bem rápido. Então, no meu conceito, você já sabe o que temos aqui, caro delfonauta: um filme nada.

Um filme nada que cumpre com méritos seu objetivo de entreter a plateia por pouco mais de uma hora e meia, mas ainda assim um filme nada, pois dificilmente será lembrado depois que cumprir sua função.

Sendo assim, quem quiser arriscar uma sessão com uma película descompromissada, digo que até vale a pena. E, no mais, esse é o tipo de película que sempre terá público. Afinal, as escolas estão cheias de vagais que preferem ver o filme a ler o livro.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
capitaes-da-areiaPaís: Brasil<br> Ano: 2011<br> Gênero: Drama<br> Duração: 96 minutos<br> Roteiro: Cecília Amado e Hilton Lacerda<br> Elenco: Jean Luis Amorim, Robério Lima, Ana Graciela e Ana Cecília Costa.<br> Diretor: Cecília Amado e Guy Gonçalves<br> Distribuidor: Imagem<br>