Na minha resenha de Garota Sombria Caminha pela Noite, abri o texto falando de alguns filmes de terror recentes bastante elogiados pela crítica especializada e que geraram burburinho em festivais, mas que eu não achei tudo isso quando conferi por mim mesmo. Boa Noite, Mamãe estava entre os exemplos citados, logo, o delfonauta já sabe minha opinião sobre ele.
Seja como for, ele estreia agora em nossos cinemas, podendo ser conferido por quem ainda não o assistiu em uma rápida viagem à Argentina. Pois eu reitero, o longa é legal, mas daí a dizer que é um dos melhores filmes de terror dos últimos anos já é um tremendo exagero. Contudo, antes de desenvolver mais sobre isso, vamos à sinopse.
Lukas e Elias são irmãos gêmeos muito unidos, vivendo com a mãe numa casa de campo longe de tudo no interior da Áustria. No entanto, quando a “mamis” volta ao lar após passar por uma plástica facial, os moleques começam a suspeitar, pelas suas atitudes e reações exageradas e estranhas, que talvez aquela mulher de rosto enfaixado não seja realmente sua progenitora. E aí, seria ela de fato uma farsante ou os guris entraram numa viagem paranóica esquizofrênica?
O longa se vale do suspense psicológico em seus dois primeiros atos para fazer esse jogo de quem está certo, se é que há alguém com a razão no final das contas. Nessa parte, ele é muito bem dirigido, sobretudo ao explorar todos os ambientes da casa e arredores para reforçar o isolamento do trio em um mundo quase particular.
No terceiro ato, a coisa fica um pouco mais gráfica e movimentada, porém ainda de acordo com tudo que fora apresentado antes, e mostrando toda a criatividade dos irmãos para fazer coisa errada. É mais pesado do que o longa sugeria que seria até então, mas funciona bem para amarrar a história.
O grande problema para mim, contudo, é que a trama simplesmente não funcionou, visto que eu matei o grande segredo, ou ao menos eu acho que aquilo deveria ser uma reviravolta, logo na primeiro interação entre os três personagens. É tão óbvio que eu realmente fiquei em dúvida se isso era mesmo para ser uma surpresa ou não. Bem, todas as sinopses que li, inclusive a oficial, tratam o negócio como segredo, então deve ser mesmo.
E neste caso não funciona. Não é nada criativo e já foi bastante explorado antes em determinado período específico do cinema de suspense/terror. Não posso nem dar uma dica, pois se não você mataria na hora a charada, me acusando de “spoilerento”. Mas com isso, o longa perde em criatividade, seguindo uma fórmula já trilhada antes com sucesso.
Claro, ainda assim ele é bom o suficiente, climático, e não há nada mais assustador do que uma dupla de gêmeos determinados a descobrir a verdade sobre a mãe. Contudo, como disse lá no começo, bem longe de ser algo marcante a ponto de figurar em listas dos melhores do gênero daqui a alguns anos.
Pode ser que eu esteja ficando chato e excessivamente exigente com a idade (definitivamente é uma possibilidade concreta) ou pode ser que o gênero terror seja tão castigado por tantas produções mequetrefes que, quando surge alguma coisa melhorzinha, ela já seja exageradamente laureada como uma maravilha. Eu aposto minhas fichas nessa segunda opção. Mas não tome apenas minha palavra, pegue uma sessão de Boa Noite, Mamãe e tire suas próprias conclusões.
ATUALIZADA 13:32 – A Playarte acabou de avisar a imprensa que a estreia de Boa Noite, Mamãe foi adiada para dia 10 de março. Como nossa resenha já estava publicada há mais de 13 horas quando o aviso chegou, não faz sentido tirarmos do ar para publicar de novo na semana de estreia, então divirta-se com um textinho do futuro!
