Amigo delfonauta, as pessoas que projetam salas de cinema são muito sádicas. Já estava na hora de o gênio humano inventar formas fáceis para cometer suicídio ali mesmo caso o filme seja ruim. Durante a projeção de Billi Pig, eu tentei bater com a cabeça na parede, segurar a respiração até morrer e até mostrar a língua para o segurança. Qualquer coisa para não ter que assistir ao filme até o final. Mas Deus não teve piedade de mim e cá estou, após sofrer durante os 98 minutos de projeção mais do que qualquer alma humana já sofreu em toda nossa história.
E mesmo assim, eu mal consigo escrever uma sinopse, especialmente porque a história de Billi Pig atira para todos os lados e não acerta nada. Tem uma mulher que sonha ser atriz e começa a conversar com um porquinho de brinquedo. Tem um padre safado e um corretor de seguros inescrupulosos. E tem um senhor do crime disposto a fazer de tudo para impedir que sua filha baleada morra. Tudo isso se junta em um todo que nada tem de coeso, e o tal porquinho que dá nome ao longa fica esquecido durante toda a segunda metade do filme.
Os defeitos são tantos que vou até abrir uma exceção e não reclamar das atuações vergonhosas como é praxe em críticas de filmes nacionais. Peraí, vou reclamar sim, porque o negócio é ruim demais. O texto é terrível, mas em alguns poucos momentos tem frases e piadinhas simpáticas. O problema é que todas elas são arruinadas pelos atores. Uma dessas frases, por exemplo, é mais ou menos assim: “Vou sair. Se alguém ligar, fala que não tô. Afinal, se eu vou sair, é porque não tô”. Eu até gosto disso no papel, mas a forma com que o Selton Mello entrega a dita-cuja tira toda a graça da ideia.
E isso é um defeito muito grande, pois o texto tem pouquíssimos momentos que se salvam, então precisava aproveitar cada um deles como um nerd aproveita quando consegue pegar uma mina. Basicamente, é aquela imbecilidade que a TV aberta gosta de fingir que é engraçado. Você sabe: mulheres gostosas agindo como burras, mulheres feias agindo como gostosas, padres tarados fazendo piadas sexuais e um porquinho de brinquedo falando palavrões. É um Zorra Total que você paga 30 reais para assistir.
Desnecessário dizer que, se você acha esse tipo de coisa engraçada, está no site errado. Mas já que está aqui, aproveite e faça um comentário explicando por qual motivo alguém riria dessas coisas, pois eu sinceramente não consigo entender.
E os nomes, pelo cocar de Quetzalcoatl! Marivalda? Cacilda? Roberval? Em que Brasil esses roteiristas moram em que esses nomes são comuns? Chamar uma de suas personagens de Rosicléia não torna o filme engraçado, o torna zoado! Por que não chamar de nomes comuns, como Mariana, Madalena ou outros nomes de vilas de São Paulo?
Billi Pig é tão ruim que não consigo encaixá-lo na escala “Jack Black / Jim Carrey / Eddie Murphy / Richard Gere” de podridão cinematográfica. Por isso, me vejo obrigado a colocar uma nova categoria abaixo de Jack Black só para ele.
O negócio é tão feio que faz a maior parte dos indicados ao Framboesa de Ouro parecerem a nata da sétima arte. Não é à toa que ali só concorrem filmes em língua inglesa, pois senão o Brasil ganharia todos os prêmios. Perto da nossa comédia, filmes do Adam Sandler parecem dignos do Monty Python.
Billi Pig tem potencial para ser o pior filme do ano. Não gaste seu dinheiro nisso aqui, delfonauta. Faça algo mais produtivo com sua grana e seu tempo: compre uma noiva russa, uma passagem para a Somália ou invista em um helicóptero de crack maciço, mas por tudo que é mais sagrado e pelas flamas que saem da narina do Alfredo, não veja isso!