Batman na TV – Parte 1

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A DC Comics sabe que o Batman é um dos maiores personagens que ela tem em mãos. Justamente por isso, o Homem-Morcego tem sido explorado em todas as formas de mídia existentes até hoje. Aliás, não apenas na mídia, mas em qualquer coisa que possa render um mísero trocado à sua dona. O que me faz perguntar: quem é mais rico, Bruce Wayne ou a Warner Bros?

Como a televisão é a mídia mais popular há décadas, muitas foram as caracterizações exibidas naquele tubo de raios catódicos que hipnotizam mentes inocentes. Neste especial, vamos mostrar quais foram as séries de TV e desenhos animados que consumiram o tempo e as almas de crianças indefesas ao redor do mundo. E de adultos também. 😉

OS SERIADOS DOS ANOS 40

Muitas coisas podem ser interpretadas erroneamente quando colocadas fora de contexto. Uma placa com os dizeres “galinhas grátis” teria intepretações completamente distintas se fosse colocada em uma fazenda ou em um prédio num “inferninho” de São Paulo. Desta forma, também temos que analisar as séries estadunidenses dos anos 40 com um olho crítico.

Os EUA haviam sido atacados pelos japoneses em Pearl Harbor, entrando na maior guerra da história da humanidade. Não é surpreendente que o único vilão da série Batman de 1941 fosse um japonês cujo único objetivo era destruir o modo de vida americano, realizando propaganda de guerra.

Como a televisão ainda não havia se popularizado, o seriado era exibido nos cinemas. As histórias mostravam Batman e Robin enfrentando o terrível Dr. Daka, um agente japonês. As histórias mostravam a dupla dinâmica lidando com casos de assassinatos brutais, onde pessoas eram enterradas em minas ou devoradas ainda vivas por crocodilos. Não havia muitos recursos, pois o orçamento era caro. As fantasias eram malfeitas e os cenários eram bem baratos. Oras, eles nem tinham um Batmóvel, e tinham que combater o crime no conversível de Bruce Wayne. Ela também utilizava o conceito de cliffhangers, ganchos no final do episódio, que geralmente mostram os personagens pincipais enfrentando uma “armadilha mortal e sem chance de escapatória”. Assim, as pessoas se sentiam motivadas a comprar o ingresso para o próximo capítulo. 🙂

Mas esta série, apesar de seus problemas, não deve ser esquecida. Ela introduziu dois conceitos vitais na mitologia do Batman: a Batcaverna (chamada de “Bat’s Cave”, ou “caverna do morcego”) e o fiel mordomo Alfred. Isso mesmo, o terceiro ou até mesmo o segundo personagem mais importante das histórias do Batman surgiu em uma série de televisão. E tem gente que acha que a Warner foi original quando trouxe a Arlequina para os quadrinhos (ela surgiu nos desenhos).

Alfred era a única pessoa que conhecia as identidades secretas da dupla dinâmica. Ele ajudava na mansão e servia de alivio cômico da série. O personagem era o alvo constante de todas as piadas que Bruce e Dick contavam.

Batman teve apenas 15 episódios, que foram reunidos em um DVD lançado em 2005, aproveitando a popularidade que o morcego reconquistou com Batman Begins. Você pode comprá-lo na Amazon, clicando no botãozinho aí do lado.

Em 1949 surgiu uma nova série, Batman and Robin. Infelizmente, ela não aprendeu nada com sua predecessora. A produção sofreu com o baixo orçamento, ainda não havia um Batmóvel, as fantasias eram malfeitas e os cenários eram péssimos. Mas ela sofreu de algo ainda pior: atores ruins. Apesar de dividir opiniões, a grande maioria dos fãs do Homem-Morcego considera Robert Lowery (o Batman) e Johnny Duncan (o Robin) como os piores intérpretes da dupla dinâmica até hoje.

Também como a série de 1943, esta aqui não utilizava nenhum vilão clássico do herói, mas um criado especialmente para o programa. “The Wizard” (“O Mago”) era uma figura vestida toda de preto, com um capuz preto com dois buracos para os olhos, com uma capa preta, que ninguém conhecia a identidade. Este, no entanto, não apelava para a xenofobia para se tornar um vilão. Ele apenas era mau e queria dominar o mundo, bem do jeito que o Corrales gosta.

Curiosamente, esta série ficou mais famosa do que a anterior. Isso se deve, principalmente, a ela ter sido lançada quando a televisão já havia se tornado um eletrodoméstico indispensável nos lares estadunidenses. A melhor qualidade na imagem e no som também contribuiu para torná-la inesquecível na mente das crianças das décadas de 40 e 50, os vovôs de hoje.

Batman and Robin teve 15 episódios. O DVD com todos eles e com informações especiais, foi lançado também em 2005 e pode ser adquirido também na Amazon.

A SÉRIE DOS ANOS 60 – ou “A SÉRIE DO BATMAN BARRIGUINHA”

Chegamos então aos anos 60. Tempo dos biquinis, do Rock’n Roll, da contra-cultura, da Guerra Fria… E também da temática camp em séries e filmes para alienar o público para a Guerra do Vietnam, os mísseis atômicos balísticos que poderiam explodir a qualquer momento sobre suas cabeças, e as inúmeras ditaduras de extrema-direita financiadas pelo governo norte-americano (*cof* Brasil *cof*). Afinal, todos sabemos que comunistas comem criancinhas no café da manhã.

Após mais de uma década apenas com reprises sendo exibidas nos lares estadunidenses, o Batman resurge em toda sua glória em 1966 com uma nova série. Agora em cores, muitas cores. Na verdade, cores demais. O suficiente para deixar o Woodstock pálido.

Sim, é a famosa série do “Batman barriguinha”, chamada apenas de Batman. Somos apresentados aos intérpretes mais famosos da dupla dinâmica, com Adam West como Batman e Burt Ward como Robin. Mas isso não importa, porque ela também nos traz Julie Newmar como a Mulher-Gato mais gostosa até hoje, pondo no chinelo qualquer Halle Berry ou Michelle Pfeiffer por aí.

Pela primeira vez, uma série de televisão resolveu transportar a mitologia do Cavaleiro das Trevas para os lares das típicas famílias estadunidenses. Aqui, temos fantasias bem feitas (apesar de ridículas), todos os vilões clássicos do herói (e mais alguns), o Comissário Gordon, o Batmóvel, a Batcaverna, o Batpenico, a Batmoça (que em espanhol se chama Batitica Batchica) e até mesmo as onomatopéias dos quadrinhos! Isso mesmo, as onomatopéias! Afinal, a palavra “POW” escrita bem grande e colorida faz falta na televisão, apesar de todos os recursos sonoros dos quais ela dispõe, não? Confira abaixo:

A série retrata o Batman como um sujeito amargurado pela morte dos seus pais que decide… O quê? Ah, é verdade. Estes são os anos 60 e temos que alienar o povo, certo? Então esqueça tudo isso que você sabe sobre a personalidade do personagem. Batman na verdade é o playboy milionário Bruce Wayne, que ficou órfão ainda pequeno quando seus pais foram assassinados. Ele cresceu, superou o trauma, e resolveu defender o modo de vida americano apenas por diversão e como uma forma de gastar a grana, contando com a ajuda do jovem Dick Grayson, seu companheiro de cama no combate ao crime. Juntos eles vivem aventuras divertidas combatendo uma turminha “irada”, e vão botar para quebrar na tela da sua TV.

Infelizmente eu não inventei o parágrafo acima. A série do Batman nos anos 60 era, essencialmente, uma série de comédia. Temos vilões que planejam se livrar dos heróis colocando-os em uma xícara de chá gigante para fazer chá de morcego (sério mesmo!), raios paralisantes e todo tipo de plano absurdo. Ela também primava pelo “bom mocismo” e o politicamente correto. A dupla dinâmica até parava em sinal vermelho durante as perseguições! Em uma cena clássica Batman salva Robin ao lhe atirar um batarangue preso por uma corda. Então Robin se agarra ao batarangue apenas com os dentes e, quando já está salvo, um Batman muito sério comenta: “você deve sua vida à higiene bucal”. Confira o vídeo:

Apesar da série ter causado repulsa a todos os fãs true do Batman, ela fez enorme sucesso e teve 120 episódios exibidos ao longo de três anos. Até hoje é um clássico e me divirto lembrando do quanto ela era tosca. Pelo menos ela não se levava a sério. Confira abaixo um momento divertidíssimo onde a dupla dinâmia encontra o Besouro Verde e o Kato.

Tosquices à parte, a melhor coisa da série sempre foi a maravilhosa Julie Newmar, a primeira Mulher-Gato. Ela transpira sensualidade em todos os episódios, sem ser magra de doer como as suas duas últimas intérpretes. Até hoje ela é reverenciada por todos os fãs. Tão bela que em vários episódios ela escapa apenas fazendo “charminho” para a dupla dinâmica, deixando o Robin com ciúmes. E isso é sério.

Se você quiser relembrar a grande comédia que era esta série, basta comprar o filme baseado nela, disponível em DVD aqui.

Depois da série de 1966, o Batman nunca mais teve uma série de TV live-action. Existiu uma série baseada no universo do personagem e teve apenas uma temporada, Birds of Prey que apresentava Oráculo e a filha da Mulher-Gato com o Batman, Helena Kyle, como a Caçadora. Mas o Batman mesmo não deu as caras nela. Talvez essa tenha sido a razão do fracasso.

E nós continuamos amanhã, com a história do homem-morcego nos desenhos animados, onde ele fez ainda mais estragos.

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