Esse é daqueles filmes que eu não sabia o que esperar. Tinha, ao mesmo tempo, tudo para ser tremendão e tudo para ser chato que dói. No final das contas, não foi uma coisa nem outra, mas o pior é que é fácil perceber que o esqueleto para um longa realmente poderoso está aqui, mas por péssimas decisões, infelizmente, Babel não passa disso. Mas antes da opinião, vamos à sinopse.
Babel, assim como os filmes anteriores do diretor (21 Gramas e Amores Brutos) retrata uma série de desgraças aparentemente desconexas, desta vez acontecidas com várias famílias ao redor do mundo. Temos os estadunidenses e seu medo de terroristas, uns marroquinos que fazem uma das coisas mais idiotas do cinema, uma babá mexicana e muito inocente e uma japonesa taradinha e surda muda. Aliás, quem acha que deveriam existir mais japonesas taradinhas levanta a mão! o/
A idéia é mostrar como um tiro disparado no Marrocos atingiu todas essas pessoas, mas não acho que foi tão bem realizada. Todas as histórias estão de alguma forma conectadas, umas de forma óbvia, outras até um tanto forçadas e cada uma delas é completamente diferente das demais, dando aquele sentimento irregular do qual sofre a maior parte dos livros de contos. Aliás, as histórias são irregulares até nelas próprias. A da babá mexicana, por exemplo, é chata a maior parte do tempo, mas depois se torna a mais poderosa e dramática, enquanto outras, como a dos estadunidenses, está lá só para amarrar o roteiro, já que só chama a atenção por ter o casal famoso: Brad Pitt e Cate Blanchett. Se os caras tivessem economizado os milhões de dólares do cachê desses dois, é possível que o filme tivesse uma imagem bem melhor (a imagem é bem suja e o filme parece ter sido feito com pouquíssimo dinheiro) e uma trilha sonora bem mais caprichada (a que temos aqui é bem fraca). Mas provavelmente teria lucros menores, já que o nome do Brad Pitt é o principal chamariz do elenco.
Outra coisa chata é que pelo menos 10% das frases não são legendadas (sabe-se lá porquê) e, como boa parte do filme é falado em idiomas que poucos brasileiros falam, como japonês ou linguagem de sinais, acabamos sem entender boa parte dos diálogos. Claro, talvez na cópia final que vá para o cinema, isso seja corrigido, mas acho difícil, visto que a sessão para imprensa aconteceu poucos dias antes da estréia.
Mas o principal problema de todos é a edição. Na verdade não é bem a edição propriamente dita, mas a forma como o roteiro trata as mudanças de cenas. Quem já leu o Código da Vinci ou, pelo menos, minha resenha sabe que Dan Brown opta por terminar os capítulos no pior momento possível e por não continuar a história interrompida no seguinte, mas apenas muitas páginas depois. Isso me irritou muito no Código (versão livro) e a mesma coisa aconteceu em Babel.
Muitas das histórias são chatas a maior parte do tempo, com apenas alguns momentos interessantes. E sempre esses momentos são interrompidos e somos forçadamente levados a acompanhar outra história, com a maior sensação de coito interrompido. Isso, na minha opinião, é edição de novela e eu odeio novela e odeio ainda mais cliffhangers. E, pior que um cliffhanger no final de um filme, é bem no meio de uma cena. Se os cortes fossem feitos em momentos mais naturais, tipo, sei lá, no final de uma cena, Babel poderia ser grande (na qualidade). Infelizmente, como cortam tudo no meio (só faltava cortarem um diálogo antes do personagem terminar de falar), a única coisa que este longa tem de grande é o tamanho, porque de qualidade ele é bem mediano. E tinha potencial para tanto mais. É realmente uma pena…
Curiosidade:
– O noivo da história dos mexicanos parece o Bruno Sanchez. Mais gordo e mais velho, é verdade, mas ainda assim a semelhança é assustadora. 😉