Assassin’s Creed Chronicles: Russia

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O terceiro e último anunciado jogo da série Chronicles, continua com a interpretação da longeva série da Ubisoft fora dos mundos abertos em fases mais lineares no sempre charmoso 2.5D.

Ele também é muito parecido com seus antecessores, Assassin’s Creed Chronicles: India e Assassin’s Creed Chronicles: China, tanto nas qualidades (o visual altamente artístico é lindíssimo e remete diretamente às propagandas políticas que víamos na época que o jogo retrata) quanto nos defeitos (a mecânica exige que você repita muitas vezes os mesmos trechos até conseguir passar). Há algumas novidades, no entanto, e vou focar nelas neste texto para não repetir tanto o que falei nas críticas dos lançamentos anteriores.

NÃO ACREDITO QUE ELES MATARIAM CRIANÇAS

Orelov é um membro da irmandade de assassinos da Rússia em 1918. O país ainda está lidando com os efeitos da recente Revolução Russa, mas Orelov está mais preocupado em se aposentar da irmandade e ir com a família para os EUA. O jogo começa em sua última missão para os assassinos, que envolve recuperar uma caixa da civilização precursora. A caixa está em poder da família do Czar, que por sua vez está sendo mantida pelos Bolcheviques.

Antes que ele possa chegar na caixa, toda a família é assassinada. Toda? Não, a princesa Anastasia resiste ainda e sempre ao invasor. Incapaz de acreditar que os bolcheviques matariam crianças, ele resolve proteger Anastasia. Porém, o artefato que ele tinha que recuperar acaba causando um inesperado efeito na moçoila, que incorpora a assassina chinesa Shao Jun, aquela mesma que protagonizou o primeiro jogo desta série em 2D. Com isso, Anastasia adquire as habilidades de uma assassina, podendo escalar o cenário, matar desafetos de forma quase invisível e assim por diante.

Como ambos não sabem o que aconteceu, Orelov sugere levar a menina até a irmandade, onde ela estará segura, e onde os cientistas da ordem podem tentar descobrir o que que está rolando.

A história traz muitas semelhanças – e não parecem ser acidentais – com The Last of Us. Lembra? Aquele jogo no qual você tem que levar uma menina para os cientistas dos vagalumes? E adivinha o que acontece chegando lá? Obviamente, não vou dizer, mas me sinto na obrigação de destacar que as semelhanças entre Russia e TLOU não param na sinopse, mas se estendem por toda a história.

NOVIDADES DE GAMEPLAY

A principal novidade é que o jogador não controla apenas Orelov, mas também Anastasia, e cada um dos protagonistas tem habilidades diferentes. Orelov é o cara do cinto de utilidades. Ele carrega um rifle, bombinhas de fumaça e uma nova ferramenta capaz de desativar armadilhas ou dar choques em desavisados que estejam perto de saídas de eletricidade ou em poças de água.

Já Anastasia tem a habilidade helix, já conhecida do jogo anterior, que permite que você fique invisível em qualquer lugar, corra de esconderijo para esconderijo sem ser visto ou até mesmo fazer corpos assassinados desaparecerem.

Em cada trecho do jogo, você joga com um dos personagens, fazendo com que cada checkpoint tenha sido cuidadosamente planejado para utilizar as habilidades disponíveis. Tem até algumas fases nas quais você se alterna entre um e outro várias vezes, onde Orelov abre o caminho para Anastasia ou a protege de soldados inimigos com seu sempre confiável sniper.

Nesse ponto, parece que a Ubisoft gostou da ideia de Assassin’s Creed Syndicate em ter dois protagonistas jogáveis, e diria até que isso foi melhor implantado por aqui, uma vez que os personagens interagem mais um com o outro e são perceptivelmente diferentes.

Há algumas novidades estratégicas também, como telefones que você pode usar para distrair guardas em outras salas e até alguns trechos nos quais a câmera assume uma posição isométrica.

O fato de a história se passar em um período consideravelmente mais recente traz novidades também, como em determinado momento em que você deve encarar um tanque de guerra. Isso, no entanto, não faz diferença na maior parte do tempo. Não espere escalar arranha-céus ou algo do tipo. O foco ainda é no stealth e tem consideravelmente menos trechos focados em plataforma do que o anterior, India.

Isso gera muita frustração, pois a margem de erro que o jogo permite é minúscula. Na maior parte dos checkpoints, você precisa agir exatamente como o planejado para conseguir passar, e vai ser obrigado a repetir muitas vezes, primeiro para descobrir o que deve fazer, e depois para de fato conseguir colocar isso em prática. Na memória 9, por exemplo, eu devo ter passado cerca de duas horas, boa parte desse tempo repetindo os mesmos checkpoints.

Também rolou um bug bem chato nessa mesma fase, onde a câmera resolveu focar em uma parede, tornando inviável continuar. Eu tive que reiniciar a fase, e daí felizmente tudo funcionou como deveria.

RÚSSIA

As consequências da Revolução Russa estão entre as ambientações mais legais já utilizadas em um jogo da série Assassin’s Creed e ele até faz bom uso delas. Seria legal ver esta época representada em um AC full, com uma história e mundo plenamente realizados.

Analisando apenas o que temos aqui, eu diria que a série Chronicles merece ser conhecida por fãs dos assassinos crentes e por fãs de stealth e plataforma em 2D. No entanto, jogar os três jogos é forçar um pouco a amizade e você provavelmente já estará cansado quando colocar as mãos no terceiro deles. Assim, se você resolver conhecer apenas um, sugiro que pegue o India, que é o mais legal dos três, embora todos sejam, na real, bem parecidos.

CURIOSIDADE:

– O assassino Orelov já havia aparecido antes nas graphic novels The Fall e The Chain.

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Assassin’s Creed IV: Black Flag: Yo-ho, yo-ho, a pirate’s life for me!

Assassin’s Creed: Unity: Liberté, égalité, fraternité!

Assassin’s Creed Rogue: I make my own luck!

Assassin’s Creed Chronicles: China: 2.5D FTW!

Assassin’s Creed Syndicate: Eu nunca gostei de bolas.

Assassin’s Creed Chronicles: India: Em 2D!

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
assassins-creed-chronicles-russiaAno: 2016<br> Gênero: Stealth / Plataforma / 2D<br> Plataforma: PS4, Xbox One e PC<br> Fabricante: Ubisoft Montreal, Climax Studios<br> Versao: PS4<br> Distribuidor: Ubisoft<br>