Assassin’s Creed Chronicles: India

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Originalmente a série Assassin’s Creed Chronicles teria seus três episódios lançados em 2015. A coisa atrasou e este segundo episódio, India, chegou às lojas digitais recentemente. A terceira e última parte, Russia, sai já no início de fevereiro.

A primeira coisa que me chama a atenção é como a escolha dos períodos históricos anda muito mais caprichada nesta versão light do que na série principal. Afinal, nos últimos lançamentos da franquia visitamos a Inglaterra e os Estados Unidos, países nos quais centenas de jogos acontecem.

E embora a China fosse um período que eu gostaria de ver, eu não imaginava quão legal seria a Índia. Por incrível que pareça, AC Chronicles: India consegue ser ainda mais belo do que o episódio anterior, que já era muito bonito.

HISTÓRIA

Assim como no anterior, no entanto, a história não é muito importante. Contada através de ilustrações estáticas, aqui acompanhamos um assassino chamado Arbaaz em busca de um artefato dos precursores que está nas gelatinosas mãos templárias. Tema básico na série, e funciona de forma totalmente independente dos outros lançamentos, o que torna India mais fácil de acompanhar, mas também menos interessante para fãs de longa data que querem saber tudo que rola na pendenga entre assassinos e templários.

STEALTH X PLATAFORMA

Pelas primeiras missões, India lembra bastante seu antecessor, China. Trata-se de um jogo stealth em 2.5D que recompensa o jogador com mais pontos (que por sua vez viram upgrades) caso consiga passar por cada um de seus desafios sem ser visto e sem matar ninguém.

Cada checkpoint é um pequeno puzzle autocontido, no qual você vai falhar múltiplas vezes até conseguir passar caso aceite o desafio de ganhar mais pontos. Ou então você pode sair assassinando todo mundo, caso não seja obsessivo como eu e consiga viver sem alguns upgrades.

Como o jogo incentiva a não ser visto, é comum você querer reiniciar o checkpoint sempre que for avistado. Isso gera muita tentativa e erro, o que tornaria extremamente importante a ausência de loadings. As telas de load não são especialmente longas, duram cerca de 15 segundos, mas como é comum tentar muitas vezes cada checkpoint, chega a cansar um pouco.

Se jogos de mundo aberto como Sunset Overdrive e mesmo lançamentos pesados como The Order: 1886 conseguem eliminar completamente os loads quando reiniciam o checkpoint, não há desculpa nenhuma para Assassin’s Creed Chronicles, muito mais leve e simples do que os supracitados, não conseguir fazer o mesmo.

O cenário usa bem os planos do 2.5D, possibilitando que o jogador vá para frente e para trás em lugares pré-estabelecidos. Algumas vezes rola até uma rotação no maior estilo Fez.

A escalação é, na maior parte do tempo, usada para evitar os olhares templários e passar despercebido por lugares recheados de inimigos. Porém, em algumas fases, como acontece no anterior, o foco do jogo muda e são típicas fases de plataforma.

A movimentação sempre foi o mais legal na série, e uma das coisas que critiquei na minha resenha de Assassin’s Creed Chronicles: China é justamente quão pouco ela era usada.

Aqui o negócio é mais equilibrado. Provavelmente cerca de metade das fases são focadas no stealth e a outra metade em movimentação, e as desse segundo grupo são muito mais legais.

Torço para que na última parte, Russia, eles consigam combinar ambas as características sem uma divisão tão clara de uma fase ser stealth e a outra plataforma.

O problema deste segundo grupo de fases é que os pontos são dados através de limites de tempo. Ou seja, se você quiser os upgrades ou for obsessivo, vai precisar passar por elas correndo, sem tempo para admirar os belos cenários.

Algumas delas, especialmente as últimas, são construídas para incentivar a velocidade mesmo, como nos clássicos Sonic ou mesmo naquelas fases musicais de Rayman Legends, mas outras são mais focadas em exploração, e dessa forma o limite de tempo acaba, veja só, limitando a diversão.

Justamente por essa insistência em fazer o jogador jogar de uma forma pré-estabelecida (correndo ou sem matar ninguém), India perde pontos. Caso desse mais liberdade para jogarmos como achássemos melhor, a diversão seria decuplicada.

Outra coisa que me incomodou, especialmente considerando que estamos falando de um Assassin’s Creed, é a falta de missões em que seu objetivo é eliminar um alvo. China conseguiu fazer isso, é estranho que India não tenha sequer tentado, colocando apenas um chefe (com o qual você sai na porrada mesmo), em toda sua duração.

ASSASSINANDO

Por ter um foco maior em movimentação e plataforma do que o episódio anterior, este acaba se tornando mais divertido do que China. Mesmo assim, não é um jogo que vai mudar a vida de ninguém, e não tem importância nenhuma na história maior da série Assassin’s Creed. Por outro lado, traz algumas horas de diversão e é baratinho, então não tem muito como se arrepender da compra.

Uma coisa curiosa é que nesses momentos mais focados em plataforma, India me lembrou muito os antigos Prince of Persia, quando a série ainda era 2D. Muito disso se deve aos cenários e ao visual estilizado, e digo isso de forma totalmente elogiosa. Ubisoft, eu sei que você lê o DELFOS. Vamos deixar os assassinos respirarem um pouco e lançar um novo Prince of Persia?

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