As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras

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O filme de 2014 d’As Tartarugas Ninja está longe, bem longe, de ser perfeito. No entanto, o carisma dos personagens é tanto que acaba tornando-o, no mínimo, um programa bem divertido.

Fora das Sombras já começa com tudo, uma vez que não precisa perder tempo fazendo suspense para mostrar os personagens ou contanto origens. O vilão Destruidor está preso, e o cinegrafista Vernon (Will Arnett) ficou com os créditos por ter salvado a cidade. Ele está se divertindo adoidado com a fama repentina, mas nossos quatro répteis preferidos não estão tão felizes com o acordo.

Paralelamente, a jornalista April O’Neil (Megan Fox) suspeita que o cientista Baxter Stockman (Tyler Perry) tem ligações com o Destruidor e com o Clã do Pé, e resolve investigar. Não demora para o destruidor escapar da prisão e ser contatado por Krang, o que leva os dois a se mancomunarem para criar um portal que visa trazer o Tecnódromo para a Terra e assim dominar o nosso planeta.

HEROES IN A HALF SHELL

Peraí? Krang? Baxter? Tecnódromo? Pois é, meu grande e nutritivo amigo. E sabe quem mais está por aqui? Bebop e Rocksteady. E Casey Jones. Manja aquele desenho clássico dos anos 80, que fez parte da infância de tanta gente, este que vos escreve incluído? Pois este filme é a adaptação direta daquele desenho, o que os filmes dos anos 90 nunca conseguiram recriar graças a problemas com os direitos autorais de alguns personagens.

Em outras palavras, quem tem uma ligação afetiva forte com o primeiro desenho das Tartarugas Ninja vai sair da sala de cinema com os olhinhos brilhando. E como se não bastasse todo o nerd love presente no filme, ele ainda termina com aquela música. É. AQUELA música!

Filmes de personagens de quadrinhos, desenhos e etc costumam trazer seus heróis para algo mais próximo do mundo real. Foi o caso de todas as versões live-action das tartarugas até este momento. Não é o caso de Fora das Sombras.

O que temos aqui se assemelha muito a uma prequência para as Tartarugas Ninja da nossa infância. Os heróis têm um furgão cheio de equipamentos. Donatello cria um monte de máquinas e invenções malucas. Michelangelo é uma metralhadora de piadas, enquanto Leonardo e Raphael, como sempre, se estranham e brigam por suas opiniões diferentes.

Só não digo que é totalmente roots porque o climão e toda a levada do filme claramente faz referência ao desenho dos anos 80, e não aos quadrinhos onde as tartarugas surgiram. Como foi justamente no desenho que eu as conheci e acompanhei durante boa parte da minha infância, é como se este filme fosse feito para mim.

Quando os filmes dos anos 90 saíam, eu ficava sempre esperando para ver o Bebop e o Rocksteady. Lembro na primeira vez que assisti ao segundo longa, quando estavam “criando” Tokka e Rahzar, eu me encolhia na cadeira na expectativa de ver meus vilões preferidos, apenas para me decepcionar quando os monstros foram revelados e eram dois outros personagens.

Hoje eu sei que isso não aconteceu por causa de direitos autorais, mas a vontade daquele moleque de ver os dois em um filme se manteve escondida no meu coração, e finalmente foi saciada. Bebop e Rocksteady aparecem aqui. E não só estão visualmente impressionantes, como também mantêm toda aquela personalidade pateta e bobona que os tornaram vilões tão carismáticos no desenho.

TURTLE POWER!

Aliás, já que falamos do visual, ele é legal o tempo todo. Do plano sequência que abre os trabalhos a todas as cenas de ação, temos um excelente trabalho do diretor Dave Green (cujo único longa anterior é Earth to Echo, que admito não conhecer), que parece ter pelas tartarugas o mesmo carinho que eu e tantas pessoas de idade próximas à minha têm.

As tartarugas mantém o visual do filme anterior, que admito que causaram estranhamento em mim dois anos atrás (elas são muito grandes e musculosas!), mas agora até acostumaram. E tecnicamente o negócio é perfeito. A carinha que o Michelangelo faz quando alguém chama eles de monstros é de dar dó. E tem alguns detalhes que demonstram o carinho envolvido no design, como o fato de o Donatello ter um controle de Super Nintendo preso no braço (para quem não sabe, o console onde aquele que muitos consideram o melhor game das Tartarugas Ninja ganhou popularidade).

Ah, e para os nerds de plantão que pagam pau para a Megan Fox, logo no começo ela aparece de óculos e explicando para o Baxter a diferença entre nerd e geek. É, eu sei. Nossos corações vão bater mais forte nessa cena, que claramente está lá como um pornô nerd.

Nem tudo é perfeito, no entanto. O Destruidor agora é interpretado por um novo ator (Brian Tee, enquanto no anterior era o Tohoru Masamune), e agora aparece quase o tempo todo sem sua armadura característica, além de suas cicatrizes no rosto terem ficado consideravelmente mais sutis.

Quando ele usa a armadura, ela até está mais legal do que no anterior, mais samurai e menos robozão, mas mudar o ator e suas cicatrizes diminui a consistência da série nos cinemas.

Por outro lado, apesar de ser oficialmente uma sequência ao filme de 2014, Fora das Sombras é uma história totalmente independente, e um filme bem melhor em todos os sentidos – especialmente para fãs do desenho. Assim, mesmo que o anterior não tenha feito sua cabeça (também não fez a minha), vale dar uma chance para este. As Tartarugas Ninja – Fora das Sombras é o filme dos heróis que eu queria ver quando criança, e que só chegou aos cinemas agora. Como tal, nada mais justo do que conceder a ele o desejado, sensual e ardiloso Selo Delfiano Supremo.

CURIOSIDADE:

– Esta é a primeira vez que eu concedo o cobiçado Selo Delfiano Supremo para qualquer coisa desde julho de 2013. Qual foi o último a levar esta honraria? Meu Malvado Favorito 2.

– Preste atenção na música que toca nos créditos. Apesar de o refrão estar no inglês original, a letra é cantada em português!

– Eu estava em dúvida se April O’Neil tinha um ou dois L’s, então fui perguntar ao Google. Isso fez com que eu descobrisse que existe uma atriz pornô com essa alcunha. Ei, aonde você vai? Volte aqui!

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