Se hoje em dia, mesmo com todos os direitos conquistados ao longo dos anos, as mulheres ainda ganham menos que os homens para fazerem exatamente o mesmo serviço, não muito tempo atrás, no início do século passado, elas sequer podiam votar. Para defender o direito ao voto feminino, surgiram As Sufragistas, que, como disse Phoebe num episódio de Friends, é um nome horrível para uma coisa boa.
A história se passa em Londres, na década de 1910, sob a ótica de Maud Watts (Carey Mulligan), uma lavadeira, casada e mãe. Um dia ela descobre que uma de suas colegas de trabalho faz parte do movimento sufragista, que está intensificando seus protestos pelo direito ao voto das mulheres com atos de vandalismo para chamar mais atenção.
E meio sem querer querendo ela acaba se envolvendo com a militância e se tornando uma ativista ferrenha que ensinará ao mundo do patriarcado o mantra do retroceder nunca, render-se jamais.
Temos aqui um filme de época de visual caprichado, explorando bem na fotografia e na cenografia a Londres suja e industrial do começo do século XX. Também temos boas atuações do elenco majoritariamente feminino. Por outro lado, a condução é bem quadrada e padrão, o que, aliado à temática, deixa tudo com a maior cara de produção feita para angariar prêmios.
Até aí, tudo bem, afinal, o tema continua mais atual do que nunca. As próprias atrizes de Hollywood andaram reclamando por ganharem menos que suas contrapartes barbudas. Por outro lado, poderia ser apresentado de forma menos didática. O filme até começa bem, situando o espectador no momento histórico. Mas não demora muito para que essa condução burocrática e explicadinha passe a cansar.
Isso, aliado a vários momentos que resvalam no dramalhão mais lacrimoso, prejudicam sua condução, deixando-o um tanto modorrento, especialmente no terceiro ato, o qual carece de um clímax mais forte.
Ainda assim, não é um filme ruim de se assistir, embora não seja um que vá ficar na minha memória. E por tudo que escrevi até aqui, ele se encaixa como uma luva na famosa descrição de um filme nada. Se o tema histórico lhe interessa, até vale uma assistida, mas certamente há opções mais apetitosas em cartaz.