As cinco melhores bandas paralelas

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Quem é que consegue se manter ouvindo estritamente um só tipo de música sempre? Ninguém, certo? Todo mundo fica curioso por outros estilos em algum momento, e mesmo os fãs mais trües de um gênero acabam curtindo um artista ou outro que não se encaixa em seus gostos habituais. Com nossos ídolos musicais é a mesma coisa. É de se imaginar que, depois de firmarem sua identidade, eles também queiram dar uma variada e experimentar algo diferente.

Só que nem sempre essa experimentação cabe na banda que o consagrou. Na maioria das bandas, o processo de composição costuma ser um trabalho de equipe, portanto todo mundo tem que ceder um pouco para poder funcionar. Sendo assim, se um membro de uma banda punk resolve brincar com música eletrônica ou funk, por exemplo, é provável que seus companheiros de banda não curtam muito a ideia. Sem falar nos fãs com suas expectativas: bandas muito amadas costumam ser severamente criticadas por qualquer mudança de sonoridade, então é prudente manter uma coerência para evitar as tochas.

Nestes casos, a melhor escolha é criar um desses chamados projetos paralelos. Alguns são completamente distintos, como o Fort Minor, o grupo de Rap do Mike Shinoda, do Linkin Park. Outros são mais reconhecíveis, como o Agridoce, o projeto “fofolk” da cantora Pitty ou o Spinnerette, da diva Brody Dalle. Os mais prolíficos, como Josh Homme ou Mike Patton, parecem ter uma banda para cada tipo de inspiração. E seja lá qual for a razão que os motivou, estes projetos paralelos são experiências definitivamente interessantes. O material que os músicos lançam por eles costuma ser muito pessoal, sem edições ou pitacos de ninguém. E pode ser bem inusitado, revelando influências que a gente não sabia que eles tinham. Em geral, costuma ser curioso e nos permite conhecer melhor os músicos.

Quando o indivíduo acontece de ser bem relacionado e cheio de contatos ilustres, ele consegue artistas tão consagrados quanto ele para esses projetos paralelos. Aí se formam os chamados supergrupos, categoria em que entram forças da natureza como o Them Crooked Vultures, o Temple of the Dog, o Audioslave, o The Dead Weather, entre outros.

Mas nesta lista, vamos focar naqueles que têm mais jeitão de banda solo, onde o músico tem a liberdade de experimentar com outros estilos e criar sem ter de submeter seu trabalho à aprovação dos outros. Aqui estão cinco dos que eu acho mais relevantes, surpreendentes ou indispensáveis; São projetos que eu acho tão bons quanto (às vezes até melhores) as bandas principais de seus idealizadores.

MENÇÃO HONROSA: SYSTEMS OFFICER
A OUTRA BANDA DE: Zach Smith, baixista e vocalista do Pinback.

Este eu coloquei porque o impulso de fangirl é mais forte do que eu. Se você é um delfonauta dedicado, deve lembrar que no meu Eu e o Rock eu contei que estava ficando obcecada por uma banda indie de San Diego chamada Pinback. Essa obsessão só cresceu, e agora eles são oficialmente a minha banda preferida.

Depois de esgotar todos os álbuns e EPs que eles já lançaram, eu comecei a buscar os projetos paralelos dos membros. O vocalista e guitarrista Rob Crow tem um monte, incluindo seu projeto solo, uma banda de heavy metal e uma que mistura Devo com Misfits. Mas o baixista Zach Smith, o grande responsável pelo charme do Pinback, só tem dois: o Three Mile Pilot e o Systems Officer.

Este segundo é justamente um daqueles projetos solo que o artista monta para poder criar sem dar satisfação a nenhum colega. E ao ouvir o que ele faz sozinho, confirma-se o que eu já pensava: ele é genial. Além de ser o baixista mais criativo e original que eu conheço, ele é competente no piano e ainda canta bonitinho.

5 – PROBOT
A OUTRA BANDA DE: Dave Grohl, vocalista do Foo Fighters.

Do Dave Grohl a gente sempre espera coisa boa, mas esse projeto é tão inusitado que ainda surpreende todo mundo a quem eu indico.

Acontece que, apesar de ser um alternativo tremendão, Dave é um grande fã de Metal, e gravou – sozinho, tocando todos os instrumentos – um punhado de faixas abençoadas pelo Vento Preto. E aí, quando sobrou um tempinho entre seus muitos projetos, ele foi chamando seus ídolos metálicos para prover os vocais para as tais faixas, e assim nasceu o único disco do Probot, que foi lançado em 2004 e tem contribuições de gente como King Diamond, Lemmy e Max Cavalera. A primeira faixa, a minha preferida, conta com o ilustre Cronos, do Venom. Ouça abaixo e comprove: Dave Grohl tem uma veia trüe de deixar Odin orgulhoso.

4 – THE BREEDERS
A OUTRA BANDA DE: Kim Deal, baixista do Pixies.

Quando saiu Os Vingadores eu acabei pegando muito gosto pelo Gavião Arqueiro. Como a possibilidade de ele ganhar um filme solo é muito remota, eu fui procurar mais do Clint nos quadrinhos, e acabei descobrindo a nova série do Matt Fraction, que é nada menos que excelente e se encaixa muito melhor no meu gosto do que o próprio título dos Vingadores.

O que isso tem a ver com as bandas paralelas? É que a história foi bem parecida: eu já adorava Pixies, especialmente por causa da Kim. Quando eu descobri que ela tinha outra banda com sua irmã gêmea, Kelley Deal, fiquei animada em ver a tremendice dela integralmente e fui atrás na hora. Acabou que o The Breeders me agradou ainda mais do que o Pixies e acabou virando uma das minhas bandas preferidas. E, cara, a Kim é tão cool que tem até uma música a respeito. Melhor deixar o puxa-saquismo para outro texto, mas ela é muito tremendona.

3 – PUBLIC IMAGE LTD. / ROLLINS BAND
A OUTRA BANDA DE: John “Johnny Rotten” Lydon, vocalista do Sex Pistols / Henry Rollins, vocalista do Black Flag

Eu resolvi dividir essa posição no ranking porque os dois casos são muito similares. Por mais que eu ame Black Flag e Sex Pistols, devo admitir que só virei a fangirl assumida que sou de ambos os vocalistas depois que fui além em suas obras. Ambos são extremamente inteligentes e, no caso do Henry, com uma sensibilidade enorme e inesperada.

Eu sempre curti muito pós-punk, e acho que o Public Image Ltd. é a definição exata do gênero. As músicas são mais trabalhadas, mais melódicas e mais pop, mas com letras igualmente relevantes e sem abrir mão da agressividade, afinal, “a raiva é uma energia”:

E na Rollins Band, Henry expressa esse lado que nem todo mundo conhece e mistura um monte de estilos, com uma polidez e complexidade que o Black Flag dispensava:

2 – A PERFECT CIRCLE
A OUTRA BANDA DE: Maynard James Keenan, vocalista do Tool.

O Tool é realmente uma das bandas mais interessantes e originais que eu já ouvi, mas com suas faixas de oito minutos de duração, acaba sendo um estilo mais difícil, que não cai bem todo dia. É preciso estar com a disposição e o humor certos.

O A Perfect Circle tem a mesma atmosfera onírica e letras tão caprichadas quanto, mas com um estilo mais sólido, pé-no-chão, economizando onde o Tool exagera. E seja lá em que projeto for, o Maynard é sempre brilhante, eu não resisto à voz dele. Fiz questão de ir vê-los no último Lollapalooza, e foi o show mais impressionante que eu já vi. De tirar o fôlego mesmo.

1 – GORILLAZ
A OUTRA BANDA DE: Damon Albarn, vocalista do Blur.

Esta dispensa apresentações, e justamente por isso, ficou com o primeiro lugar. É o raríssimo caso em que o projeto paralelo é maior e mais popular que a banda principal. Graças à Song 2, Damon Albarn já era bem conhecido quando resolveu chamar Jamie Hewlett, da HQ Tank Girl, para criar uma “banda virtual” composta de quatro personagens animados.

Sem o compromisso de “mostrar a cara”, Damon colaborou com dezenas de músicos vindos dos mais diversos estilos, entre rappers, DJs e até dois dos membros do The Clash. O resultado foi uma mistura de Rock Alternativo, música eletrônica e Hip-Hop que virou uma das bandas mais legais e inovadoras dos anos 2000, agradando desde os seguidores do cenário pop mainstream até nós, os fãs de quadrinhos. Apesar de também ser muito legal, o Blur nunca chegou tão longe.

Lembrou de mais algum caso? Achou a lista alternativa demais? Aqui no DELFOS as discordâncias são sempre bem vindas, então passe agora nos comentários e conte como ficaria o seu Top 5.