Quem acompanha o DELFOS há algum tempo já sabe: nós somos praticamente um fã-clube de ruivas. De preferência com bacon, mas ninguém aqui negaria uma ruiva nem mesmo se acompanhada de alguma porcaria saudável e verde, tipo alface. Dito isso, preciso exclamar: que puxa, como a Jessica Chastain está bonita neste filme. Eu me lembrava dela apenas por ser ruiva, mas aqui ela está tão linda quanto a Bryce Dallas Howard. Até vou almoçar bacon hoje em homenagem a isso.
E pronto, agora que eu já quebrei o gelo do primeiro parágrafo da resenha, vamos falar de Armas na Mesa propriamente dito. A dona Chastain é uma lobista que é contratada para fazer com que passe uma nova lei que dificultaria o acesso a armas de fogo. Veja bem, não é uma proibição, são apenas coisas totalmente racionais, como verificação de antecedentes e tempo de espera.
Obviamente, isso a coloca em rota de colisão com a indústria de armas, representada pelo escritório no qual ela trabalhava antes. E eles, é claro, têm muito mais dinheiro, o que se traduz em um apoio político incomparável. Mas a Jessica (Eu gosto deste nome. É bonito, não? Há alguma Jéssica delfonauta?), assim como o Wolverine, é a melhor no que faz e o que ela faz não é nada bonito. Inclusive, repetidas vezes ela e seus colegas dizem que a palavra “cínico” é usada por pessoas ingênuas que não entendem como o mundo funciona.
Claro, cá entre nós, ela está do lado do bem. Acredito que todo mundo aqui acredita que comprar armas não deve ser como comprar chocolates. O outro lado é tão alienígena para mim que eu sinceramente gostaria de ter ouvido os argumentos dos rivais.
Ao invés disso, eles apenas se escoram no fato de que a constituição considera carregar armas um direito inalienável. Quando ela joga o argumento perfeitamente racional de que “todos são a favor de licenças para dirigir, porque coisas perigosas precisam ter um cuidado”, os vilões apenas retrucam que “a constituição não garante aos americanos o direito de dirigir”.
Talvez esse tipo de coisa cole nos patriotas cegos dos Estados Unidos, mas para nós não faz o menor sentido. Eles poderiam, por exemplo, dizer que dificultar a venda de armas custaria um número X de empregos e causaria uma diminuição considerável da economia. Este seria um argumento que eu compreenderia, mas eles nunca chegam perto de algo assim.
Isso custa ao filme, pois o que poderia ser uma saudável e inteligente discussão sobre porte de armas se torna apenas uma batalha de bem contra o mal. Não à toa, os malvadões resolvem fazer uma campanha para sujar o nome da protagonista – e olhe que ela está muito longe de ser flor que se cheire.
Por ser uma história de lobby, além de ser ancorado em diálogos ágeis e cheios de advogadês, é impossível não lembrar de Obrigado Por Fumar.
O filme estrelado pelo queixudo Aaron Eckhart, claro, é uma comédia, o que o diferencia sobremaneira de Armas na Mesa, que é assaz sério. Sua abordagem cômica para um assunto espinhoso torna o filme não apenas muito mais agradável, mas também mais inteligente. Ali sim, temos o lado dos vilões bem desenvolvido, até porque o próprio protagonista está do lado dos vilões.
Ainda assim, Armas na Mesa é um filme legal. É inegável que ele perde muito da sua força se sua bandeira não for vermelha, branca e azul, mas acaba sendo um bom drama de tribunal mesmo para verde-amarelos que curtam o gênero. Como eu.