A premiação começa às cinco da tarde, horário daqui, da Califórnia, mas a festa do Oscar começa antes, no tapete vermelho. O único canal que tem os direitos de transmissão da entrega dos prêmios nos EUA é o canal ABC, mas todos os outros podem bisbilhotar a entrada. Então, a transmissão, para os americanos, começa às três da tarde! Afinal, tem diversão para todo mundo. Para quem gosta de moda, para quem gosta de música, para quem curte bons textos ditos por quem sabe quem é Shakespeare, e até para quem gosta de cinema!
Então, depois de rir das escolhas estranhas de vestidos que algumas atrizes fazem, se maravilhar diante da beleza e charme de outras que ficariam lindas até de pijamas de bolinhas e se encher com tanta informação inútil do tipo “quem está vestindo o quê”, é hora então, do povo entrar no Teatro Kodak e esperar os envelopes serem abertos.
O MC (mestre de cerimônias, ou apresentador, como queiram, eu adoro simplificar) deste ano é o ator australiano Hugh Jackman, o Wolverine. Durante muitos anos, os MCs foram comediantes-atores, fazendo monólogos longos de piadinhas coladas que, se faziam rir no começo, depois de cinco minutos perdiam a graça. A minha preferida, particularmente, foi Whoopi Goldberg, mas também gostei da Ellen DeGeneres.
Os produtores da festa desse ano, Laurence Mark e Bill Condon, já disseram que querem mudar um pouco o estilo da apresentação, deixando de lado a comédia e partindo para um estilo de festa mais fina. Eu só fico aqui pensando se Hugh Jackman vai aparecer de homem mais sexy do mundo (segundo a revista People, na lista de 2008) ou de Wolverine. Mas é quase certo que eles devem usar os talentos de Jackman em uma apresentação musical, e dizem por aí que talvez ele até faça um tour por dentro do teatro. Surpresas não vão faltar no evento. Algumas boas, outras, nem tanto.
E tem os discursos de agradecimento. Existem listas por aí dos melhores, mas um que me chamou atenção dia desses navegando pela net foi de Warren Beatty: “nós queremos agradecer a todos vocês que estão nos assistindo essa noite, parabenizando a nós mesmos”. Somente um artista que tem Oscar por ter atuado, escrito e dirigido filmes, e que conseguiu ir de Reds a Dick Tracy, pode falar uma coisa dessas no maior evento de cinema do ano. Nada mais útil à liberdade de expressão do que um evento ao vivo, não?
Os ganhadores da estatueta têm 45 segundos para fazer um discurso de agradecimento. Depois disso, sobe aquela musiquinha que parece que vai cortar a garganta do sujeito. A atriz Julia Roberts, em 2001, quando ganhou o prêmio de melhor atriz por sua atuação no filme Erin Brockovich, foi uma das que nem ligou para isso. Ao perceber que havia ultrapassado o tempo limite para seu discurso, ela soltou logo essa: “uma garota tem que ter seu momento. Todo mundo tenta me calar. Não funcionou com meus pais e não vai funcionar agora”. Agradeceu meio mundo pelo Oscar menos a verdadeira Erin Brockovich, em quem seu papel foi baseado.
E tem também a premiação! Esse ano, para mim, o Oscar está parecendo festa de estadunidense para inglês ver. Nas chamadas cinco principais categorias, ator e atriz, filme, roteiro e direção, os ingleses estão em quatro e são os favoritos nessas categorias.
Da primeira edição até o ano passado, 2701 profissionais do cinema já foram contemplados com um Oscar. No dia 22 de fevereiro, vão ser conhecidos os vencedores das vinte e quatro categorias deste ano. Além disso, será oferecido um Oscar Honorário, chamado Prêmio Humanitário Jean Hersholt, ao comediante Jerry Lewis por seu trabalho de apoio aos portadores de distrofia muscular.
E vale lembrar que eu vou estar direto dos EUA, transmitindo os resultados do Oscar, em tempo real, dia 22 de fevereiro, a partir das 22hs, horário de Brasília, aqui no DELFOS.