Alguns jogos são muito próximos do cinema. É o caso de blockbusters focados na história, como Quantum Break. Outros são puramente gameplay, e usam apenas um fiapo de história para justificar o que está acontecendo.
Este é o caso de Angry Birds, um dos games mais populares dos últimos anos, que é tão simples que eu até chamei meu amigo, o Incrível Hulk para descrevê-lo. Manda ver, verdão: “Pássaro = bom. Porco = Ruim. Pássaro esmaga porco!”.
E quem sou eu para discordar de um cara que consegue usar calças roxas sem ninguém tirar sarro dele, não é mesmo?
Acontece que o joguinho da Rovio é realmente popular e você sabe, tudo que é popular vira filme. E os louros devem ir para o roteirista Jon Vitti que conseguiu fazer uma animação que, se não chega às alturas dos melhores trabalhos da Pixar, está a anos-luz dos piores.
Veja só a ironia da vida. Ratchet & Clank virou um filme fraco, mas Angry Birds conseguiu ser uma animação divertida.
PÁSSAROS BRAVOS
Aqui conhecemos Red, um pássaro esquentado, que vive ficando com raiva das pequenas coisas do dia a dia. Após uma confusão, ele é sentenciado a frequentar uma terapia de controle de raiva, onde conhece Bomba e Chuck, que logo querem virar miguxos dele.
Não demora para a paradisíaca ilha onde vivem os penosos ser visitada por um barco cheio de porcos, espécie que eles nunca tinham visto antes. A princípio, as aves tratam os suínos como amigos, mas será que eles são mesmo amigos? Ok, faz de conta que tem um suspense aí. Imagine mentalmente um “tan-tan-taaaaan” bem dramático.
Uma das coisas que ajudou o jogo a se tornar tão popular é o seu design, que é simplesmente uma fofura. Isso foi mantido. O que não falta aqui são passarinhos fofos, com seus olhos grandes e brilhosos, além do corpo redondinho. Curiosamente, logo o protagonista Red, que é a marca do jogo, foi modificado, e agora está com o corpo oval. Ficou menos bonitinho, e pior que não dá para entender porque deixaram-no diferente, se os outros estão todos bem parecidos.
O filme já começa bem, com uma montagem mostrando o esforço de Red em segurar a raiva ao som de Paranoid, clássico do Sabão Preto. E fãs de rock clássico não serão mimados apenas com essa cena, pois o filme também conta com sucessos do The Who e do Scorpions, além de outras músicas mais pop.
Devo dizer que eu me identifiquei bastante com o Red nos primeiros minutos do filme, já que as coisinhas pelas quais ele passa também me irritam profundamente. E isso deixa o início do filme ainda mais engraçado.
Eu até achei que quando os porcos entrassem na parada e a história de fato começasse a andar, o humor ficaria em segundo plano, mas até que não. Angry Birds – O Filme é engraçado e fofinho o tempo todo.
A inevitável cena do estilingue, então, onde os pássaros revelam seus diversos poderes, é capaz de arrancar aplausos dos fãs. Ela é realmente muito legal e justificada na história, não está lá só por obrigação embora, claro, na verdade a gente saiba que ela tinha obrigação de estar lá.
A dublagem nacional vem com algumas personalidades da internet, mas felizmente não faz feio. As piadas até que estão bem adaptadas e as atuações estão boas o suficiente.
Assim, admito que entrei na sessão crente que assistiria a mais uma bomba sem razão para existir. No entanto, me diverti e sorri bastante e os 97 minutos passaram rapidinho. Recomendado não apenas para os fãs dos games, mas para fãs de animações e de fofuras generalizadas.
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