Eu ando ativamente evitando pegar jogos menores, porque estou cansado de jogar tantos souls-likes pouco polidos e outros gêneros comuns entre a galera de mais baixo orçamento. Quando vi o trailer de White Shadows, ele me pareceu interessante. A questão é que todos os jogos que eu analiso aqui parecem interessantes pelos vídeos de divulgação. Por isso, quando a assessoria de imprensa ofereceu um código de review, eu deixei meio pendente, tendendo a não pegar. Mas daí mudei de ideia. E pelo tridente de quatro pontas de Poseidon, delfonauta! Que bom que mudei! Esta é minha análise White Shadows.
ANÁLISE WHITE SHADOWS
Veja a imagem abaixo e você terá uma boa ideia de como é White Shadows.
Não dá para evitar. A comparação mais óbvia é Limbo, embora o gameplay e a temática lembrem mais Inside. De qualquer forma, é claro que a galerinha da Playdead foi uma enorme influência para os nossos amigos da Monokel. Outro jogo que vem à mente durante a campanha é o excelente Little Nightmares.
Assim como suas inspirações, White Shadows é um puzzle plataforma. Ao contrário dos antepassados, no entanto, seu foco é mais na parte cinemática e narrativa da coisa do que em quebra-cabeças propriamente ditos. Sim, assim como em Limbo, tem horas que você é impedido de progredir até resolver um enigma, mas isso é menos frequente aqui, e os puzzles em si são mais simples.
UMA NARRATIVA RÁPIDA
Não há combate, mas além dos puzzles temos também desafios relativamente complexos de plataforma e de stealth. Em um dos momentos mais criativos, você deve se esconder atrás de um carrinho, evitando ser iluminado por uma lâmpada. A sacada é que a lâmpada se move, e portanto a sombra também. Assim, mesmo quando o carrinho está parado, você precisa se mover para ficar na sombra.
Eu gosto desse estilo, pois interrompe menos o jogador. Você está sempre progredindo, e progredir é o que torna esse jogo especial, graças aos cenários extremamente detalhados, à câmera extremamente elaborada (especialmente para um jogo 2.5D) e à sua narrativa pungente.
E a narrativa é bem interessante, e bem mais clara do que nos jogos da Playdead.
A HISTÓRIA DE WHITE SHADOWS
O jogo começa com a mensagem acima. Ela avisa de que haverá demonstrações de racismo, suicídio, violência contra mulheres e crianças, crueldade, trabalho forçado e xenofobia. “Caramba, deve ser um jogo bem pesado”, pensei. Jogando, no entanto, essa impressão se dissipou.
De fato ele aborda esses temas. Porém, o faz mais ou menos como Saltimbancos os abordam. É um tratamento leve para temas sérios, entende?
Você controla um pássaro em um mundo habitado primordialmente por porcos. Ao longo da campanha, você vai discriminar e ser discriminado. Finalmente, vai descobrir a origem do preconceito e fazer algo a respeito. E aí está minha principal picuinha com White Shadows. O final não é legal. Sabe aqueles filmes que eu tiro sarro porque parecem terminar no meio? É por aí. Você só sabe que acabou porque sobem os créditos, não porque a história atingiu um ponto de parada natural e satisfatório.
ZÉ FINÍ
Além disso, o último capítulo inteiro é bem chatinho, com puzzles pentelhos e uma jogabilidade incômoda. É um tremendo declínio em relação a tudo que veio antes. E isso se torna relativamente grave devido à curta duração da campanha.
Para mim, White Shadows durou três horas. Eu gosto disso, de ter a possibilidade de pegar um game novo e passar por ele inteiro de uma vez, do começo ao fim. Porém, quando algo curto tem um pedaço que não é legal afeta mais a experiência como um todo do que se fosse enorme.
Apesar de ter me cansado em seus últimos minutos, o saldo geral da experiência foi muito positivo. Eu simplesmente gostei muito de quase toda a viagem que White Shadows me proporcionou. Ainda bem que não o deixei passar. E recomendo que você também não deixe.