Nessa análise Touhou Luna Nights você vai conhecer este que é um metroidvania bonitinho, altamente inspirado pelo clássico Castlevania: Symphony of the Night e com um gameplay excelente. Ele tem, porém, um lado negro bem forte, que acaba estragando tudo, e deixando um gosto amargo na boca. Bora?

ANÁLISE TOUHOU LUNA NIGHTS

Apesar de ser claramente inspirado em Symphony of the Night no visual, mecânicas de upgrades e até no level designTouhou Luna Nights não chega a ser um cover, como Timespinner.

Touhou, Análise Touhou Luna Nights, Team Ladybug, Delfos
O visual é bonitinho e tem um monte de efeitos legais.

Isso porque o gameplay é bastante diferente. Na verdade, Touhou Luna Nights é muito mais profundo e estratégico do que pode parecer a princípio. Vou tentar explicar o que o torna especial.

Seus ataques são tiros. Você tem o tiro normal, ou então pode usar itens que atacam de outras formas (uma das mais úteis, a motosserra, ataca para cima, por exemplo). Ambos gastam MP (a barra rosa na imagem acima) quando utilizados. Porém, você também tem poderes de controlar o tempo, podendo diminuir a velocidade ou pará-lo totalmente. Você vê quanto tempo tem para usar no meio do hud. Lá na imagem acima, por exemplo, tem o número 67, representando meu poder de tempo.

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Ou o número 100 nesta imagem.

A pegada é que parar o tempo não tem apenas o valor estratégico óbvio. Com o tempo parado, usar qualquer ataque não consome MP, mas tempo. Assim, mesmo sem MP, dá para você congelar a galerinha, soltar um monte de facas na direção dos desafetos, e vê-los sendo dolorosamente atingidos quando tudo voltar ao normal.

Por um lado, isso te dá duas barras de ataque. Por outro, seus ataques são limitados. E os chefes são bem longos, em geral com mais de 10 mil pontos de vida (seus ataques fazem cerca de 11 pontos de dano). Assim, se você não administrar tudo profissionalmente, pode se ver sem tempo e sem MP.

E aí entra a última mecânica interessante do combate. Chamada graze, ela envolve passar perto de inimigos ou de seus tiros, sem ser atingido. Fazer isso recupera MP e tempo, sendo assim uma mecânica importantíssima para você estar sempre atacando.

DIVERTIDO E ENXUTO

Touhou Luna Nights não tem um tamanho exagerado. Ele deve durar cerca de cinco horas, mais ou menos o tempo do primeiro castelo de Symphony of the Night. E o gameplay é tão bom que o deixa muito divertido. A duração me pareceu bem apropriada, sendo bom o tempo todo.

Some a isso o visual 32-bit que realmente me agrada muito, e uma coletânea de músicas pegajosas, empolgantes e belíssimas. Assim, Touhou Luna Nights faz quase tudo de forma perfeita para ser um jogão. Quase tudo.

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Pausa dramática.

Apesar de eu ter gostado muito de suas mecânicas, combate e exploração, devo dizer que eu achei o jogo mais difícil do que gostaria. Os desafios de plataforma, como os da imagem acima, são bastante exigentes. E além de destreza manual, demandam que você saiba como cada aspecto do cenário reage a seus poderes do tempo. Coisas banhadas em amarelo, como o X acima, andam ao contrário com o tempo parado. Coisas roxas ignoram seus poderes. E assim por diante.

Meu principal problema, no entanto, não foi com a dificuldade em si, mas com os checkpoints limitados e com a falta de itens de cura. Ele funciona como o Symphony of the Night ou Super Metroid, em que há salas de save e morrer te faz voltar para lá. Mas elas são bem limitadas, e ocasionalmente você pode ter que jogar de novo 10 ou mais telas ao morrer. É uma perda de progresso forte e constante.

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Ele também exige constantemente que você vá até um canto da fase para pegar uma chave ou matar um chefe, e depois tem que voltar tudo. Sim, eu sei que isso é tradicional em metroidvanias, mas os jogos mais habilidosos do gênero sempre abrem um atalho nesses momentos, o que não acontece aqui.

Isso também se torna mais grave por outra tradição de metroidvania: ao mudar de tela e voltar, todos os inimigos ressuscitam. Isso torna o backtracking mais chato do que se você simplesmente fosse passar correndo por corredores limpados anteriormente. E daí vem os chefes.

OS CHEFES

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Todos os chefes são meninas parecidas com você. Aliás, o elenco de Touhou Luna Nights é 100% feminino. E as batalhas são legais e bem planejadas. É incrível como a motosserra se mostra útil nessas lutas, considerando que normalmente esse tipo de ataque “para cima” não é muito usado no gênero.

O problema é que são todas muito longas. Se o jogo não abusa das boas-vindas, os chefes duram tempo demais. E o último chefe comete o maior de todos os pecados.

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Consegue adivinhar qual?

Sim, ele coloca dois chefes seguidos, sem checkpoint e sem sequer recuperar sua vida, MP e tempo. Eu fiquei um bom tempo tentando matar o que pensava ser a última chefa. Devo ter tentado mais de dez vezes, e estava sinceramente pensando em desistir. Daí eu venci, sobrando só um pouquinho de vida, MP e tempo. E daí ela levantou, mudou de forma e me atacou de novo.

Quando voltei para o save e vi que teria que matar a chefa anterior de novo, o que já consegui com muito sacrifício, eu nem tentei uma segunda vez. A possibilidade de eu vencê-la com recursos suficientes para encarar uma outra luta ainda mais difícil é mínima, então simplesmente desisti. Touhou Luna Nights é mais um a entrar para a lista de jogos em que eu jogo tudo, mas não consigo vencer o último chefe – e normalmente é pelo mesmo motivo. Isso me amargou para toda a experiência.

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Touhou Luna Nights é bom enquanto dura, apesar de ser bem desafiador e um tanto frustrante. Porém, ao cometer o maior de todos os pecados de gamedesign no último chefe, fica difícil recomendá-lo, a não ser com uma ressalva enorme. Pois bem, aqui está a ressalva enorme. Vai encarar o desafio?