Eu gosto muito da ideia da The Dark Pictures Anthology. Caso você não saiba, é uma série de histórias interativas de terror, com lançamentos independentes e histórias fechadas. É quase uma versão interativa do Além da Imaginação ou Tales From the Crypt. É também um excelente uso das vantagens de jogos episódicos sem precisar lidar com cliffhangers e com histórias que demoram um ano ou mais para terminar. Hoje vamos falar do segundo episódio da série. Bem-vindo à nossa análise The Dark Pictures Anthology: Little Hope.

Análise The Dark Pictures Anthology: Little Hope

Comecemos com uma informação: The Dark Pictures Anthology é criada pela Supermassive Games, que veio de uma sequência de first parties da Sony para voos multiplataformas. Foram eles que criaram o slasher interativo Until Dawn e, posteriormente, The Inpatient Bravo Team, ambos para PS VR.

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Little Hope começa após o ônibus aí em cima capotar. Um grupo de estudantes de faculdade e seu professor sobrevivem ao acidente, mas se encontram no meio do nada, sem traços de civilização à vista.

Eles estão próximos da cidade de Little Hope, então ir até lá em busca de ajuda parece ser o plano mais seguro. Obviamente, as coisas não serão tão simples.

UM JOGO SOBRE ANDAR

Sabe aquela piada de O Balconista 2, em que o sujeito fala que O Senhor dos Anéis são três filmes sobre pessoas andando? Pois The Little Hope também se encaixa nisso. Boa parte do gameplay envolve andar pela estrada, rumo à cidade que batiza a história. Claro, há muito mais do que isso narrativamente.

Little Hope é uma cidade histórica que ficou famosa por ter protagonizado uma terrível caça às bruxas, com os habitantes da cidade se acusando de pactos com o diabo e as autoridades executando as pessoas. E quem diria? Esse aspecto histórico vai afetar a vida dos nossos protagonistas.

Eles logo encontram uma menina andando sozinha pela estrada. Pois é, menininhas são muito assustadoras. Não é à toa que o diabo sempre escolhe possuir uma delas.

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Nenhuma história de terror está completa sem uma menininha assustadora.

Essa menina está entrelaçada com seus destinos, mas a trama fica ainda mais grossa quando eles descobrem que algumas vítimas da caça às bruxas, além de outros personagens históricos, são seus sósias.

Esse é o grande mistério. Será que a vida dos heróis está relacionada ao que aconteceu séculos antes? Será que é possível alterar o passado, e assim salvar suas próprias vidas? Ora pois, você vai ter que jogar para descobrir.

ESPERANÇAZINHA

Little Hope é um jogo muito escuro, mas também muito bonito. Provavelmente se fosse um filme, ele teria muito menos cuidado com o visual do que o povo da Supermassive teve. Tem um monte de planos belos e criativos, um monte de cenas do tipo “será que eu vi isso?”, sem falar a simples maestria técnica de criar tudo isso com computação gráfica.

Ele traz de volta alguns aspectos de Until Dawn, como as premonições colecionáveis, que mostram possíveis mortes. Assim, quando você chega nessas cenas, saca imediatamente que é um momento importante, em que suas ações vão determinar se a galerinha continua viva.

O jogo não tem estados de falha ou de game over. Se alguém morrer, a história continua. Ele também faz um excelente trabalho em deixar clara a importância de cada personagem. Não tem um protagonista, que você controla o tempo todo. Seu controle se alterna entre todo o grupo, e todos têm destaque na narrativa e importância na trama.

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Isso parece doer mais em você do que em mim.

Eu gostei muito de toda a experiência enquanto ela durava, mas devo dizer que achei o final repentino, e um tanto fraco. O jogo até é relativamente longo para uma história narrativa, durando cerca de seis horas, mas o roteiro não amarra bem todas as pontas.

Tem uma viradinha no final que, além de ser desnecessária, abre mais perguntas do que respostas. Todo o aspecto dos sósias, em especial, fica bastante subdesenvolvido.

E, claro, sempre há a possibilidade de minhas decisões terem levado a um final insatisfatório. Tudo indica que eu fiz o melhor possível (todo mundo que podia sobreviver sobreviveu, por exemplo), mas sei lá, talvez um outro caminho terminasse a história de forma melhor. Ou talvez seja uma falha de roteiro mesmo.

Ainda assim, a experiência foi bastante aflitiva e interessante durante sua duração, sendo que o final fraquinho ofuscou um pouco o brilho, mas não o eliminou completamente. Se você gosta de histórias interativas e do trabalho da Supermassive, vale conhecer Little Hope.