Como alguém que viveu o salto dos cartuchos para os CDs, eu sempre penso em jogos filmados como o ápice da tecnologia. Só quem viveu a época sabe quão embasbacante era colocar Sewer Shark para rodar no Sega CD e ver um filme saindo do seu videogame.
Hoje a verdade é que o que os consoles atuais fazem vai muito além de simplesmente tocar vídeos. Qualquer jogo de médio orçamento exige mais da máquina em si do que algo completamente em live action. Mas eu ainda acho isso legal, e sinceramente mais jogos deveriam brincar com isso, pelo menos em parte.
The Complex, é claro, é um “jogo” totalmente filmado. Na verdade, ele é mais um filme interativo como o Bandersnatch, do Netflix, do que um jogo em si. Você simplesmente assiste até chegar a hora de fazer uma decisão. Daí dois botões aparecem na tela. Escolha com o direcional e aperte o A. Continue assistindo.
ANÁLISE THE COMPLEX: A HISTÓRIA
Ao contrário de muitas obras semelhantes nos games, The Complex não parece um filme de baixo orçamento. O visual é cristalino e muito bem filmado. Não sei dizer se ele roda a 4K no Xbox One X, onde joguei, mas posso garantir que a imagem é nítida a ponto de você ver todos os poros, perebas e espinhas nas caras dos atores.
O roteiro é de uma das roteiristas da série de TV The Handmaid’s Tale, e o elenco conta com atores que participaram de Game of Thrones e Bad Blood, embora eu deva admitir que não reconheci ninguém.
Mas falemos da história. Você toma decisões por Amy, uma cientista de uma grande empresa farmacêutica que estuda um patogênico. Quando uma de suas colegas tem uma crise no metrô de Londres, cabe a ela investigar. Porém, um ataque no laboratório a deixa trancada ali com um ex-namorado. E agora? Como escapar? E como entender o que de fato está acontecendo?
Obviamente, a história segue suas decisões, e acredito que o quanto você vai descobrir dependerá das suas escolhas. Por uma tela que apareceu no final, parece que a história pode acabar de nove jeitos, mas eu não tentei jogar múltiplas vezes para ver quão diferentes são os caminhos.
TENSÃO?
A história combina bem momentos de tensão com outros mais leves, em sua história de cerca de duas horas. Os atores são decentes e a qualidade da imagem é ótima.
Ele é muito mais um filme do que um jogo, e talvez tivesse mais espaço para brilhar em uma plataforma como o Netflix, uma vez que nem todo mundo acha interessante “comprar” um filme.
Além disso, devo dizer que a história não me animou muito em nenhum momento. A coisa aqui está bem distante dos roteiros geniais das aventuras interativas da Telltale, por exemplo. Apesar de este ser filmado, as histórias dos adventures da Telltale falam muito mais comigo.
Isso não significa que eu não gostei de jogá-lo/assisti-lo. Se fosse uma simples resenha de filme, provavelmente o consideraria um filme nada. Inofensivo o suficiente para entreter por duas horas. Pela minha história com os jogos filmados dos anos 90, no entanto, acabei gostando levemente mais do que isso.
