Alguns jogos chamam atenção logo de cara. Para mim, games de terror em geral já me fazem levantar como um suricato. Ainda mais se a temática for interessante. Um culto cujo ritual dá errado e mistura a dimensão espiritual com a mundana? Ora pois, coloque meu nome na lista. Esta é nossa análise The Chant.
ANÁLISE THE CHANT
Não sei o motivo. Talvez pelos trailers focados basicamente em cutscenes. Mas eu esperava que The Chant fosse uma história interativa. Algo na linha de The Quarry. Não é. Na verdade, esta é uma imagem típica do gameplay de The Chant.
The Chant é um jogo de ação e terror em terceira pessoa. Muito mais uma mistura entre Alan Wake e Fatal Frame do que um filmão interativo. E ei, isso também é legal. Eu amo survival horrors.
The Chant tem, sim, um grande foco na história. Mas, para ser sincero, ele não é bem escrito. Há cutscenes normais, animadas e faladas, além de muita história que é contada através de cartinhas que você encontra pelo caminho. Todos os diálogos e textos trazem uma redação no mínimo estranha, pelo menos na versão em inglês (não há opção de português brasileiro).
MINIMUM VIABLE PRODUCT
Isso demonstra bem o que esperar de The Chant. Este é um jogo mediano até o osso. Tudo parece ter sido feito seguindo o conceito de marketing de MVP (minimum viable product). Assim, temos alguns visuais bonitos, mas os personagens são estranhos. Apesar de só existirem versões para os consoles de última geração, há muitos games da geração passada mais belos e técnicos.
Isso vale para tudo. Da história ao gameplay, passando pelas atuações. É tudo “bom o suficiente”. Dá para jogar numa boa, e provavelmente você vai se envolver para jogar até o final. Mas em nenhum momento vai se empolgar, ou pensar que está realmente usufruindo de um game especial.
ANÁLISE THE CHANT E O VALOR DO MEDIANO
Mas a questão é que é exatamente isso que torna The Chant interessante em 2022. Games como Alan Wake não são mais o filezão dos games, que há muito migrou para os RPGs de mundo aberto e os live services. Aventuras lineares, focadas na história, são raríssimas hoje em dia. E os órfãos do gênero, como eu, agarram todas as oportunidades de reviver isso com unhas e dentes.
E embora não faça nada de forma realmente especial, The Chant também não faz nada especialmente errado, ou ruim. O combate envolve combinar plantas em pequenas arminhas que são gastas com o tempo, gerando os recursos limitados tão recorrentes em survival horrors. Daí, você as usa com o R2, e a animação dá a sensação de que você está atacando com faquinhas.
Há três tipos de armas e alguns itens, de tipos como “sagrado” e “oculto”, que são mais eficientes para tipos específicos de inimigos. Então, para conservar “munição”, você deve usar as armas mais apropriadas à situação. É tudo bem básico, a principal diferença sendo que o combate é corpo a corpo, não tiros. Mas até aí, já tivemos Condemned, que levou este conceito a alturas realmente altas.
A TEMÁTICA DO CULTO
A temática é o grande charme da coisa toda, embora a história não seja grande coisa. Você controla uma moça que vai encontrar uma amiga em um retiro espiritual. Ao chegar lá, o game te dá tempo para conhecer todos os colegas. Já na primeira noite, as coisas dão errado. A partir daí, cada capítulo do game é focado em um dos personagens e nos demônios psicológicos que carrega.
Em geral, você vai seguindo a pessoa, enquanto ela foge ou te guia. Aí o gameplay alterna combate com alguns puzzles relativamente simples. Eventualmente, aparecem chefes. O mais bacana é mesmo a ambientação. Eu gosto muito de histórias que acontecem assim, no meio do nada, com personagens isolados da sociedade.
BARRAS DE VIDA
Uma coisa que The Chant faz de único são suas barras de vida. Há três delas, representando mente, espírito e corpo. Como na vida real, todas precisam estar saudáveis para controlar a protagonista apropriadamente.
Corpo é a barra de vida mais tradicional, que diminui com ataques. Espírito é tipo a mana, usada para golpes especiais. Finalmente, mente é a mais importante, que drena sempre que você vê horrores, anda no escuro ou em lugares “espirituais”. Quando a mente se esvazia, rola um ataque de pânico e a personagem não consegue mais atacar. Daí o jeito é fugir até recuperar a compostura. Isso se torna especialmente complicado em trechos em que você é perseguido por monstros invencíveis, que drenam constantemente sua mente.
TERMINANDO A ANÁLISE THE CHANT
Particularmente, eu esperava que The Chant fosse algo especial. Não é. Por outro lado, foi uma experiência que gostei de ter tido. Games assim são suficientemente raros para que cada um deles pareça um grande evento para seus fãs (onde me incluo). Mesmo que não sejam nada de mais. Se você curte terror, e jogos de ação lineares com foco na história, pode valer a pena. Mas maneire suas expectativas.