Nessa vida de crítica de games, às vezes a gente pega um jogo que tinha tudo para dar certo. Mas por falta de capricho, QA, orçamento, ou qualquer coisa do tipo, ele simplesmente não funciona. E digo isso literalmente. Como você vai perceber nesta análise Tale of Bistun, este é um jogo que foi lançado para Xbox One de forma simplesmente interminável. Literalmente. O jogo dá pau permanente nos últimos minutos. Mas vamos lá.

ANÁLISE TALE OF BISTUN

Tale of Bistun é algo entre um walking simulator e um hack and slash isométrico.

Análise Tale of Bistun, Tale of Bistun, Delfos

Baseado em um poema persa do século 12, o foco real é na história. Isso torna o jogo em si mais uma experiência interativa do que algo baseado puramente no gameplay. Apesar de a história ser antiga, ela é bem típica de videogames, apresentando um sujeito comum que se envolve com deuses e criaturas divinas.

O jogo é falado por um único ator, que faz as vezes de narrador e as vozes de todos os personagens. É uma forma inteligente de gastar menos dinheiro sem abrir mão de vozes, e já deu bem certo para games como Moss. Aqui dá certo também. O sujeito tem uma voz agradável, interpreta bem e consegue modificar bem seu timbre para alternar entre os vários personagens.

ANÁLISE TALE OF BISTUN E O COMBATE

Tale of Bistun é um jogo bastante linear. Sair do caminho principal normalmente recompensa com arquivos de texto. Porém, durante quase todo o game, você é guiado por um pássaro, e basta seguí-lo para avançar com a história.

Análise Tale of Bistun, Tale of Bistun, Delfos

O combate é bem simples e fácil. Tem apenas um botão de ataque, e dá para vencer a maioria das lutas simplesmente se aproximando dos inimigos e martelando o comando. Tem também um golpe especial, que você vê na imagem acima, que é superpoderoso, mas é refém de cooldown, então não dá para spammar ele.

Além disso, as lutas sempre acontecem em arenas. Está vendo as bolinhas abaixo da barra de vida na imagem acima? Elas representam quantas arenas há na fase, e por quantas eu já passei. Toda arena é marcada por um portão, que se fecha assim que você entra. Após vencer todos os inimigos, a saída abre e você recupera sua vida. Fora dos portões, você sabe que não haverá perigo. É bem simples, mas é gostoso e low stress de um jeito que poucos games são hoje em dia.

ANÁLISE TALE OF BISTUN E A EXPERIÊNCIA

A maior parte do game você fica mesmo seguindo o pássaro, ouvindo a história e admirando o audiovisual. Os gráficos não são tecnicamente impressionantes, mas o game é muito bonito, com vários cenários marcantes ao longo da sua aventura.

Análise Tale of Bistun, Tale of Bistun, Delfos

As músicas são fantásticas. Seu tempero persa é exótico e delicioso, a qualidade do áudio é excelente e o mesmo pode ser dito da composição. É até engraçado quão épicas são algumas músicas de batalha, considerando que em geral você está sossegado, só martelando o X enquanto espera acabar.

Tale of Bistun também é bem curto, podendo ser terminado em uma tarde. Isso é bom. Mas agora vou entrar em específicos.

O MALDITO CHEFE FINAL

Tale of Bistun dura cerca de duas horas. Basicamente a duração de um filme. Porém, ele tem um chefe final que, a princípio, até parece legal, mas enche o saco rapidamente. O chefe segue uma fórmula fácil de entender. Você precisa desviar de seus ataques, vencer um grupo de inimigos, e daí atacá-lo. Só é necessário atacar três vezes, então a coisa parece simples. E daí vem a parte ruim.

O último dos três grupos de inimigos envolve uma combinação bem chatinha, mais complicada do que qualquer coisa que aparece nas arenas de história. Então é batata que você vai morrer algumas vezes. Porém, isso vem na reta final de uma batalha que envolve basicamente esperar por 10 minutos. Então a repetição enche o saco bem rápido.

Análise Tale of Bistun, Tale of Bistun, Delfos

Seria bem mais tolerável se houvesse um checkpoint para cada ataque que você fizesse. Assim, você não precisaria esperar por duas fases inteiras antes de tentar a terceira de novo. Eu demorei duas horas para fazer o jogo inteiro, e fiquei uma hora repetindo essa batalha. Então um terço do meu tempo com o jogo foi passando raiva, tentando entender porque até agora nenhum jogo colocou a opção de “pular chefe”. Mas as coisas ficariam piores.

TALE OF BISTUN É INTERMINÁVEL NO XBOX ONE

Depois de vencer o chefe, vem o final. Que envolve basicamente andar pelos caminhos pré-estabelecidos enquanto você ouve a história. A questão é que, ao entrar na Fortress of Oblivion, o herói simplesmente se recusava a se mover. Ficava assim:

Análise Tale of Bistun, Tale of Bistun, Delfos

Assistindo a um vídeo, percebi que ele deveria aparecer nessa cena agachado, e eventualmente se levantar para você se mover. Mas essa animação não rolou. Ele carrega a cena já em pé e imóvel, e o controle não faz nada. Tentei reiniciar checkpoint, reiniciar capítulo, reiniciar o Xbox e escolher jogar da “seleção de fases”. Nada funciona. Tale of Bistun está quebrado e é interminável no Xbox One.

A CAMPANHA COMPLETA

Foi um turbilhão de sentimentos. Durante duas horas, eu AMEI Tale of Bistun. Logo, o chefe passou a me dar raiva. Quando eu o venci, já estava com um gosto amargo na boca. Mas depois não poder ver o final da história ficou pior ainda. No vídeo abaixo você confere a versão de PC do início ao fim.

A batalha com o chefe pentelho começa às 2:00:20. A parte em que o jogo está quebrado acontece em 2:09:50. Foi até aí que eu consegui jogar. O vídeo tem mais 20 minutos de história depois disso que simplesmente não funcionam na versão de Xbox One. E esta é a história de como algo que quase levou nota máxima acabou com uma das notas mais baixas que demos para um jogo aqui no DELFOS. Simplesmente não dá para tolerar um jogo ser vendido sem ser possível jogar até o final.