Eu já joguei muitos jogos remasterizados. Alguns deles bem recentemente. Mas confesso uma coisa: eu dificilmente vejo diferença nos gráficos. Eles podem ter resoluções mais altas e melhor taxa de quadros, mas para mim isso afeta muito pouco. Eu sempre me sinto jogando o mesmo jogo. Isso aconteceu até no Devil May Cry 5 Special Edition, que tem ray tracing e o escambau. Hoje escrevo minha análise Spider-Man Remastered, e surpreendentemente, dessa vez não foi o caso.

ANÁLISE SPIDER-MAN REMASTERED

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Olha esse chão, meu!

Todos os jogos com ray tracing que tinha experimentado antes usavam o efeito de forma muito sutil. Por exemplo, em Devil May Cry 5 Special Edition, eu tive que literalmente caçar o efeito para fazer as screenshots que ilustram a matéria. Aqui não. Spider-Man Remastered te bombardeia com ray tracing o tempo todo. Se tanto, as superfícies aqui são refletivas até demais.

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Na foto: ray tracing e transparência na mesma superfície.

A versão de PS4 já tinha uma boa solução para os prédios de vidro de Nova Iorque, com reflexos gerados aleatoriamente. Quando analisados de perto, você via que eles não refletiam o que estava do outro lado e, se girasse a câmera, na volta eles refletiriam outras coisas. Mas funcionava. Spider-Man sempre foi um jogo bonitão.

Agora, no entanto, o jogo tem ray tracing de verdade, com reflexos fiéis, que refletem até mesmo pedestres.

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A fase na Grand Central Station sempre foi uma das mais legais, mas agora ela é extremamente refletiva.

ESCOLHAS, ESCOLHAS E ESCOLHAS

Ao contrário do slogan da Playstation, o jogo tem limites. Mas traz também opções. Dá para jogar com 4K, ray tracing e o escambau todo, mas a 30 fps. Ou então você pode desligar o ray tracing, mas manter uma resolução alta, e curtir 60 fps. O mais impressionante é que, com um patch lançado após o lançamento, agora é possível jogar a 60 fps com ray tracing. Isso sacrifica bastante a resolução e outros efeitos gráficos, mas é simplesmente impressionante que a Insomniac tenha conseguido tunar o jogo para que ele rodasse com essa taxa de quadros e com os reflexos ativados.

Acontece que ray tracing, embora seja um efeito na maior parte das vezes bem sutil, tem um preço computacional muito forte. Para melhorar a performance de qualquer jogo, a primeira coisa que você vai tentar desligar é justamente isso. Ser possível um jogo tão bonito quanto Spider-Man rodar com ray tracing e 60 fps é um começo muito promissor para essa geração.

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Se tem uma coisa que os gamers demonstraram ser importante nesse jogo são as poças. Pois aí está: poças com ray tracing.

Outra coisa que ninguém mais conseguiu nesse início de geração é a total e completa inexistência de loads. Outros jogos first party como Astro’s PlayroomSackboyDemon’s Souls são bem rápidos no carregamento, mas eles têm telas de loading. Já Assassin’s Creed ValhallaDirt 5 nem são tão rápidos assim, com carregamentos que passam dos 30 segundos. Claramente aquele futuro sem carregamento prometido pelo Mark Cerny ainda não está aqui. A não ser no caso dos jogos da Insomniac.

E vou dizer, é simplesmente impressionante, especialmente em um jogo de mundo aberto, você ter fast travel e carregamento de saves instantâneo. Caramba, é difícil de acreditar, mas Spider-Man Remastered demora mais para salvar o jogo do que para carregar o mundo.

O MELHOR MUNDO ABERTO

Não falei muito do jogo propriamente dito, pois falei bastante sobre ele quando do seu lançamento original. Spider-Man é, para mim, o melhor jogo de mundo aberto que existe. O herói é totalmente apropriado para o gênero, e o gameplay e a locomoção são perfeitos, e justificam isso. O game nunca dá aquela sensação de ser mundo aberto só para poder dizer que é, sabe?

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A campanha tem cenas de ação épicas e elaboradas.

Melhor ainda, ele traz as melhores missões de história desde Far Cry 3, com fases lineares intercaladas com a exploração de Nova Iorque. Admito que no começo ele me pareceu meio frio, pois as primeiras missões parecem existir apenas para mostrar colecionáveis e atividades secundárias. Mas quando a coisa engrena, engrena de vez.

E mesmo as atividades secundárias, em geral, se aproveitam da movimentação e velocidade intrínsecos ao aracnídeo. No meio de um balanço por Times Square, você pode tirar sua câmera e bater uma foto, sem nem parar de se mover. Pronto, atividade cumprida. Isso deixa o jogo muito mais dinâmico e divertido do que seus congêneres modernos.

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Claro, se você não parar de se mexer, a foto não vai ficar exatamente nítida.

Por exemplo, em Assassin’s Creed Valhalla, simplesmente pegar uma folha ou abrir um baú envolve a solução de puzzles complexos. São atividades que realmente param o seu jogo. Spider-Man quer que você esteja sempre se movendo. E cresce muito com isso.

UMA DAS MELHORES HISTÓRIAS DO HOMEM-ARANHA

gameplay e interatividade à parte, Spider-Man Remastered traz simplesmente uma das melhores interpretações de Peter Parker e seus coadjuvantes. Eu diria, inclusive, que o roteiro e o tratamento dado aos personagens aqui é muito melhor do que todos os sete filmes solo do Homem-Aranha que saíram no cinema. E você sabe, eu gosto desses filmes todos.

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Otto Octavius, em especial, é mais carismático neste jogo do que na já carismática versão do Alfred Molina na tela grande.

Eu revelei em um dos nossos podcasts, mas a pedido da Sony, eu não podia falar que Otto Octavius estava no jogo quando escrevi o review original em 2018. Agora a coisa já liberou, e eu posso dizer que simplesmente ADORO a interpretação que a Insomniac deu ao personagem.

Ele nunca foi tão carismático, tão otimista, tão afetuoso. A relação de mentor que ele tem com Peter, e a admiração do garoto por seu chefe e professor é tocante. Otto Octavius é um personagem importantíssimo na história do jogo, independente de seu alter ego vilanesco Dr. Octopus dar as caras ou não. Meu elogio é para o cientista, para o mentor e amigo que conhecemos aqui como nunca conhecemos antes, nem mesmo nos gibis.

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Now the Swing Time, como diria Eric Martin.

E os elogios se estendem a absolutamente todos os personagens. Não tem ninguém na história que não justifique sua presença. Miles Morales, claro, é preparado aqui para estrear seu próprio jogo. A Tia May também tem uma interpretação excelente, e digo o mesmo da Mary Jane, Norman Osborn, enfim. Todo o elenco é muito bem tratado, tanto pelos roteiristas quanto pelos atores.

UMA HISTÓRIA HUMANA, ENGRAÇADA E CARISMÁTICA

Mesmo nos gibis originais, é difícil vermos uma história do Homem-Aranha tão bem escrita, tão carismática, engraçada e, principalmente, tão humana quanto a que temos aqui. E, se você conhece bem o herói, sabe que esses são fatores fundamentais na própria criação de Peter Parker.

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Mais uma foto do ray tracing para finalizar.

Se você não jogou Spider-Man no PS4, não espere mais, e pegue a nova versão imediatamente. Se você já jogou, não tem conteúdo inédito (embora o Remastered venha com os três DLCs lançados para PS4), mas nunca um remaster me deu tanto a sensação de ser um jogo novo como este aqui. Dá para ver a quantidade de trabalho e carinho que a Insomniac colocou nessa nova versão.

Spider-Man Remastered é parte do pacote Marvel’s Spider-Man: Miles Morales Ultimate Edition, que inclui também a versão completa do spin-off estrelado pelo Miles, e previamente analisado por aqui.

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