Um dos gêneros mais tradicionais dos videogames – e um dos meus preferidos desde a infância – é o beat’em up. Em um gênero tão clássico e básico, podemos pensar que não existe mais espaço para inovar. Jogos como The Takeover e Streets of Rage 4 apenas refinam a fórmula, e são excelentes por isso. E aí entra a nossa análise Shing!
ANÁLISE SHING!
Pela imagem acima, você pode deduzir que Shing! é só mais um beat’em up tradicional. Talvez sua maior novidade seja o fato de ser em 2.5D, certo? Errado. Ele traz um sistema de controles que, pelo menos para mim, é totalmente novo no gênero. Em outras palavras, ele é um twin-stick beat’em up.
Eu explico. Você controla seu personagem da forma tradicional, com a alavanca esquerda. Porém, seus ataques são feitos com a da direita. Isso possibilita que você tenha uma variação de ataques bem maior do que um beat’em up normal onde, se tanto, você soca e chuta.
Com a alavanca, você pode escolher a direção e a altura que vai atacar. Alguém vai te atacar por trás? Não precisa virar, apenas aponte na direção do pusilânime. O caboclo está com um escudo na cabeça? Ora pois, basta mirar nas suas pernas.
Causa algum estranhamento, é verdade. Mas é incrível como isso foi bem implantado. Logo você vai fazer combos como um profissional, alternando ataques de forma estilosa e se sentindo incrivelmente poderoso.
INIMIGOS
Os inimigos foram projetados para maximizar este combate inovador. Alguns deles, por exemplo, têm escudos que se alternam entre as partes do corpo, exigindo que você também alterne seus ataques. Outro, que você vai aprender a odiar, defende algumas dezenas de golpes antes de ficar vulnerável. Só que, se você repetir os mesmos ataques, ele te derruba, exigindo variação.
Como design é bacana, mas isso também torna o jogo um tanto cansativo. Alguns inimigos, como o supracitado ou um outro que exige que você rebata seus hadokens para quebrar o escudo, quando combinados, deixam o combate tortuoso.
Você sabe, em qualquer beat’em up que se preza, você aperta o botão de soco talvez milhares de vezes. Movimentar uma alavanca exige mais esforço. Isso, junto com combos de inimigos que precisam ser vencidos de forma altamente específica, fazem com que o jogo comece legal, mas acabe ficando entediante mais para o final.
Além disso, apesar de ter apenas sete fases, ele é bem mais longo do que a maioria dos beat’em ups. Eu esperava que ele durasse cerca de uma hora, mas o joguei por uma tarde inteira. Não diria que ele é longo demais, mas acredito que ele seria mais divertido se jogado ao longo de vários dias, uma fase por vez, ao invés da tradicional maratona que alguém que vai resenhar tem que fazer.
TARTARUGAS NINJA
Você pode escolher entre quatro personagens (um deles tem uma skin que homenageia as Tartarugas Ninja) e o mais bacana é que dá para alternar entre eles a qualquer momento. Não há limite de vidas, e as fases têm checkpoints. Você só volta do checkpoint se todos os personagens morrerem.
Assim como nos fliperamas das Tartarugas Ninja, não há grande diferença entre os lutadores. E assim como no clássico, onde jogava com o Donatello graças a seu longo alcance, eu acabei preferindo jogar com a moça de vermelho. Apesar de usar a mesma roupa da May Shiranui, ela luta com uma naginata que acerta bem de longe.
CHEFES
Se as fases são legais, o mesmo não pode ser dito dos chefes. Estes vêm em um capítulo separado da fase principal, o que achei bacana. Porém, eles simplesmente não são divertidos. Alguns sequer são chefes, mas missões de escolta, em que você deve proteger uma porta ou um animal de ataques inimigos.
E já que minha principal crítica ao jogo é quão cansativo ele é, não poderia deixar de falar do último chefe. Que, na verdade, são três chefes seguidos. Tem checkpoint entre cada luta, graças a nosso senhor Jesus Cristo, mas mesmo assim a batalha como um todo dura mais de 30 minutos. Eu estava sinceramente muito pronto para que o jogo terminasse quando ele finalmente terminou.
UM BEAT’EM UP INOVADOR
Talvez se tivesse saído alguns anos atrás, eu tivesse gostado mais de Shing!. Ele não é ruim. Pelo contrário, é divertido e bem diferente da maioria. O fato de ser em 2.5D também ajuda a torná-lo especial.
Porém, em 2020 tivemos o lançamento dos supracitados The Takeover e Streets of Rage 4, e ambos são absurdamente tremendões. Comparar Shing! com estes não parece justo mas, ainda assim, é algo que qualquer fã do gênero faria. Assim, Shing! vale ser conhecido para fãs escolados em beat’em ups, mas se você ainda não jogou os dois supracitados, vale começar por ali.