Esta é nossa análise Shame Legacy, aluno da escola Outlast dos survival horrors. Aliás, eu diria que Outlast é o segundo jogo mais influente da atualidade, logo depois de Dark Souls. Sua influência é apenas mais nichada. Na última década, todo game de ação, 2D ou 3D, quer imitar Dark Souls. Agora Outlast abriu toda uma porta para desenvolvedores independentes fazerem jogos de terror sem combate direto. É algo específico, mas mostrar que isso é possível é importante. E eles até influenciaram a maior de todas as marcas de survival horror. Ou você acha que Resident Evil 7 seria daquele jeito se Outlast não tivesse saído antes?

ANÁLISE SHAME LEGACY

Shame Legacy é um aluno mais fiel de Outlast, pois aposta nas mecânicas de perseguição, não de tiroteios. Porém, não é um aluno muito aplicado. Mas comecemos falando do que ele tem de bom: a temática e os cenários.

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É curioso como hoje em dia é possível criarem cenários bonitos e realistas mesmo de forma independente. E Shame Legacy é, sem dúvida, um game atraente na maior parte do tempo. Seu orçamento limitado, no entanto, fica claro quando aparecem personagens humanos. E ainda mais quando estes falam. Pois é, as atuações de Shame Legacy são tão fracas que imagino que tenham sido feitas pelos próprios desenvolvedores, não por atores profissionais. Mas faz parte.

A temática coloca você no meio do nada com um bando de louco sedento por sangue te perseguindo. E tem também um monstro, que aparece de tempos em tempos. Você parece estar envolvido com o culto, mas como é algo que vai saber ao longo da campanha. Spoilers e tal, né?

O VALOR DA OTIMIZAÇÃO

O visual é bem legal, pelo menos quando não aparecem pessoas. Porém, o que não dá para perdoar é a otimização. Shame Legacy é um jogo que é literalmente destruído por suas telas de carregamento. E, sim, mesmo sua versão nativa de Xbox Series X, instalada no SSD. Imagino o quanto deve ter de espera na versão de Xbox One.

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A questão é que suas perseguições não funcionam como em Outlast, em que você pode desviar, fugir e até resistir a algumas porradas. Aqui, se você for avistado por alguém, o ciclano VAI te pegar. Talvez ele te mate de uma vez, talvez ative um minigame de defesa que, se vencido, te dá uma segunda chance. Aparentemente é aleatório se você vai ter essa chance da primeira vez. Porém, se você escapar, terá um ataque de pânico, então se for visto uma segunda vez antes de achar um tranquilizante é morte. Isso faz com que Shame Legacy seja um jogo de descobrir rotas.

ANÁLISE SHAME LEGACY E A DESCOBERTA DE ROTAS

Além dos inimigos que te perseguem, há os crucificados. Se eles te virem por mais de um segundo, causam ataque de pânico. Se passar de dois segundos, ou de um segundo durante o ataque de pânico, o monstro aparece do nada e te mata. Então na maior parte do game você está explorando um cenário com um monte de inimigos que se movimentam e uma pá de crucificados, tentando encontrar um caminho que não cruze nenhum deles. E isso é totalmente tentativa e erro.

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Às vezes rola um minigame que permite escapar. Se vencer, dá para fugir, mas terá um ataque de pânico, que te deixa vulnerável a um segundo inimigo.

A questão é que você morre MUITO fácil. Basicamente, se foi visto por alguém, é morte. Então é comum você ficar 15 segundos esperando as elaboradas animações de morte, 30 segundos esperando o checkpoint carregar e apenas cinco segundos jogando antes de errar e ter que esperar de novo. Isso realmente dá no saco. Se o carregamento fosse imediato, Shame Legacy seria imediatamente elevado a um jogo nada. Mas da forma que está, ele é muito irritante, e basicamente um simulador de perda de tempo.

SERÁ QUE O SSD VIROU UM HD?

A irritação aumenta perto do final do jogo, quando os checkpoints ficam consideravelmente mais distantes, e exigem fazer uma grande quantidade de objetivos antes de o jogo salvar. Obviamente, é um saco ter que pegar uma pá de itens várias vezes a cada tentativa de rota errada. Eu literalmente estava dando “graças a Deus” cada vez que aparecia a palavra saving durante a fase do cemitério, torcendo para que o jogo acabasse a cada novo passo dado.

Tem um objetivo aí em que você precisa ver símbolos nas portas, e eu constantemente era assassinado enquanto esperava na frente da porta até o símbolo carregar as texturas para poder vê-lo. Não dá para não lembrar das perseguições de Dreadout 2, que me faziam correr mais rápido do que o cenário conseguia carregar. E esse tipo de coisa é imperdoável.

O MONSTRO

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Quando você não está desviando de aldeões e crucificados, está fugindo do monstro ou resolvendo quebra-cabeças. E essas áreas são bem melhores. As do monstro simplesmente envolvem sair correndo, então embora não sejam especificamente boas, não são tão frustrantes. O monstro te mata se te pegar (com uma animação longa e demorada), mas a rota nesses casos é mais clara, e é mais legal ficar correndo do que esperando o aldeão virar as costas.

Os puzzles também não são especialmente bons, mas são os momentos de respiro. Em geral é apenas nessas horas que você vai poder explorar com calma, curtindo a atmosfera e os cenários. E isso é essencial em um jogo de terror. Adrenalina por si só não causa medo, é necessário ter o downtime para construir o clima.

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Não existe um mundo em que Shame Legacy seja realmente bom. Porém, ele poderia ser suportável se tivesse carregamentos dignos de algo instalado no SSD. Infelizmente, no estado em que está sendo lançado, temos aqui uma daquelas experiências em que, para ser ruim, ainda precisa melhorar muito.