É possível um jogo intencionalmente retrô ser uma experiência nova? Hell, yeah, meu amigo! E que delícia essa experiência! Sabe onde vou explicar essa aparente contradição? Ora, pois, adivinhou. Esta é nossa análise Prodeus, um fantástico “doom clone” com orgulho dessa alcunha.
ANÁLISE PRODEUS
Prodeus é um FPS estilo anos 90, quando esses games eram chamados de doom clones. Porém, ele tem um diferencial enorme de outros que se utilizam desta estética e gameplay. Jogos como Ion Fury podem ser excelentes. Porém, a intenção deles é replicar como suas inspirações de fato eram. Não à toa, meu colega Daniel definiu Ion Fury como Duke Nukem de sutiã. Poxa, ele até foi construído com a mesma engine de sua inspiração.
Prodeus, por outro lado, não se limita ao que era possível nos anos 90. Temos aqui um jogo moderno, com qualidade de vida, gameplay e level design atuais, mas que através de uma criatividade e maestria absurda da tecnologia, consegue causar, em 2022, a mesma sensação que Doom causava em 1993. E, se você viveu a época, sabe que Doom não era retro. Era, pelo contrário, o ápice da tecnologia, uma das coisas mais impressionantes feitas em games até então.
Depois do sucesso de Doom, vieram muitos “doom-clones”. E eles sempre tentavam ser mais técnicos, mais impressionantes. Dessa leva, lembro de games como Rise of the Triad, Blood e Hexen, que piravam cabeções nos anos 90. Prodeus consegue emular essa piração, sendo retro, mas ao mesmo tempo moderno.
RETRO E MODERNO, AO MESMO TEMPO
Prodeus pega muito da estética daqueles primeiros FPS. Os cenários feitos basicamente com formas geométricas, gráficos pixelados. Violência extrema e crocante. Mas combina isso com efeitos modernos. A iluminação, por exemplo, é fantástica. Logo no início do game, rola uma chuva, e você vê o chão molhado com a beleza típica de um AAA. Mesmo a violência é impressionante. Os inimigos explodem em bombas de sangue que molham e pintam o cenário inteiro e até sua arma. E continuam sangrando vários segundos depois de baterem as botas.
Somando tudo isso, Prodeus dá a exata sensação que eu tinha ao jogar games como Duke Nukem 3D e Rise of the Triad nos anos 90. Ao mesmo tempo que a estética é parecida, você fica constantemente impressionado com os gráficos. E o gameplay é aquela delícia crocante que apenas os FPS dos anos 90 conseguiam criar, graças a seus efeitos sonoros e gráficos pixelados.
MODERNIDADES
E, ao mesmo tempo, Prodeus é muito conveniente. Se em games como Ion Fury, você precisa salvar manualmente a toda hora, aqui isso simplesmente não é uma questão. Prodeus utiliza a tática do Bioshock. Há pontos da fase onde você é revivido, mas os inimigos mortos não ressuscitam. Então aquele gravíssimo problema dos doom clones, em que morrer volta do começo da fase sem as armas coletadas simplesmente não existe aqui. A exceção é a última fase, uma enorme arena de combate que deve ser limpada em uma única vida. Nada que mudar para a menor dificuldade disponível não resolva.
Outra conveniência é que o jogo funciona num esquema de mapa, tipo Super Mario Bros. 3. Entre as fases, você volta para um mapinha onde pode escolher o próximo nível ou repetir um que já tenha jogado antes. Particularmente, acho a melhor forma de manter o jogo inteiro acessível a todo momento.
ANÁLISE PRODEUS E AS OPÇÕES VISUAIS
Ainda mais bacana é que Prodeus não enfia o que acha mais legal goela abaixo do jogador. O game é incrivelmente customizável graficamente, mesmo nas versões de console. Por padrão, ele roda na gloriosa resolução de 360p, com um filtro pixelado. Mas dá para escolher resolução nativa (4K no PS5, imagino) e outros filtros, como CRT e scanlines.
Mas não é só. É possível escolher também se você quer que os inimigos sejam modelos em 3D ou sprites. Na prática, isso significa que dá para você fazer Prodeus emular o estilo de Doom ou de Quake. Sabe o mais incrível? TODAS essas opções são ótimas!
Eu brinquei bastante com todos os estilos que Prodeus oferece e, sinceramente, todos são legais. A ponto de que eu não tive um modo preferido no qual joguei toda a campanha. Eu ficava mudando de filtro, de resolução e de tipos de inimigos a toda hora, fazendo diferentes combinações e achando os gráficos fantásticos e o gameplay uma delícia, não importando o que escolhesse.
ANÁLISE PRODEUS: IMPRESSIONANTE, MUITO IMPRESSIONANTE
Depois de cada fase, Prodeus pede sua opinião. Ele pede para você contar o que achou da fase. E era incrível, pois eu só dava nota máxima. Era uma mais legal que a outra. Durante horas, eu simplesmente não me conformava quão absurdamente divertido Prodeus era. Eventualmente, claro, ele deu uma enfraquecida.
Conteúdo desnecessário, como time trials, começou a aparecer. E convenhamos, esse é o tipo de coisa que é melhor nem ter. Além disso, lá na metade da da campanha os mapas começaram a ficar um tanto complicados demais para meu gosto. Eles vão mais ou menos da exploração deliciosa dos dois primeiros episódios do primeiro Doom para “onde diabos eu vou?” como no quarto episódio de Doom. Felizmente, depois de algumas fases, as missões voltam a ficar excelentes como as primeiras.
Não cheguei a ficar de fato empacado em nenhuma fase de Prodeus, mas teve alguns momentos chatinhos. Neles, ficava perambulando de um lado ao outro, em uma fase com todos os inimigos mortos, sem saber para onde precisava ir. Isso não é legal, mas felizmente não é frequente o suficiente para estragar Prodeus. Só faz com que essas fases do meio não sejam tão divertidas e intensas quanto as iniciais e finais.
ANÁLISE PRODEUS: ALÉM DA CAMPANHA
Como sempre, meu foco neste review é na campanha, que é excelente. Porém, assim como Doom e os jogos da época, ele tem muito mais a oferecer. Dá para criar seus próprios mapas e baixar criações da comunidade (gratuitamente). E tem também multiplayer cooperativo e competitivo.
O multiplayer não parece ter gente suficiente jogando, infelizmente. Mas tem bastante fase e até campanhas comunitárias disponíveis para quem quiser mais conteúdo além da campanha.
ANÁLISE PRODEUS É UMA DELÍCIA IMPRESSIONANTE
Prodeus é uma delícia impressionante! Eu amo FPS retrô. Ainda hoje em dia, amo jogar Doom, Quake e Duke Nukem 3D. Amei Ion Fury e vários outros FPS “estilo clássico” que foram lançados nos últimos anos. Mas Prodeus conseguiu me trazer algo novo.
Ele não me deu a sensação de estar jogando um game antigo, baseado em como eles eram feitos na minha infância e adolescência. Mas sim a sensação de um game altamente tecnológico, impressionante em 2022 como Doom era em 1993. Claro, é bem diferente do que um moderno, como Call of Duty, mas se você sente falta de como se sentiu na primeira vez que jogou Doom em 1993, ou se não estava vivo ainda naquela época… Esta é sua chance de reviver aquela sensação de um dos maiores avançoes tecnológicos dos games. Talvez pela primeira vez!