Eu tenho alguns critérios quando vou escolher quais jogos cobrirei aqui no DELFOS. Os principais, obviamente, são o interesse do público, e se eu acredito que gostarei deles. Assim, eu costumo evitar algumas características. Roguelikes, por exemplo. Ou então jogos que saíram para celular. São casos em que eu considero quase certo que não vou gostar, então seria injusto pegar para analisar. Oddmar quase caiu nessa categoria.
Trata-se de um jogo que saiu para Android e iOS e que agora chega ao Switch. Eu resolvi ir atrás dele baseado em quão caprichada é sua animação e, claro, no fato de que parecia ser um bom plataforma 2D.
E vou dizer, eu sabia que jogos de celular podiam ser bonitos (o próprio Angry Birds tem um visual muito legal). Mas eu realmente não imaginava que um gênero tão clássico dos games quanto plataforma 2D poderia ficar tão bom tendo sido criado pensando em controles de touch screen.
Eu, claro, joguei a versão mais tradicional, com gamepad, mas se eu não soubesse que ele saiu antes para celular, poderia jurar que foi criado para consoles.
ANÁLISE ODDMAR
Inclusive, cheguei a pensar se os tipos de jogos que procuro não são mais comuns hoje em celular. Nos consoles, você sabe, tudo que é indie é metroidvania pixelado. Jogos de plataforma 2D em fases, com gráficos desenhados a mão, como Oddmar, são raríssimos.
Assim, é bem fácil entender como Oddmar funciona. Ele é um jogo de plataforma 2D do estilo mais clássico possível. Poderia estar no Super Nes, não fosse por seus gráficos modernos. Você pode pular em cima dos inimigos para vencê-los, ou então atacá-los com sua arma. Basicamente, seu objetivo é andar para a direita até chegar ao final da fase e, no caminho, coletar um monte de coisinhas brilhantes.
Apesar do estilo clássico, Oddmar tem muita qualidade de vida. Não há limite de vidas. As fases têm checkpoints frequentes. Em outras palavras, Oddmar é um jogo que se lembra que videogames devem ser agradáveis e divertidos, não frustrantes. Ele é tão sossegado que você vai se jogar em buracos para ver se não tem um segredo lá. Imagina fazer isso em um 3000th Duel (que, aliás, eu joguei imediatamente antes desse)? E, desta forma, ele é simplesmente uma delicinha.
DELICINHA
Tem um jogo moderno que Oddmar lembra bastante, e também é uma obra sensacional: Rayman Legends. O visual, o gameplay, o jeitão amigável, fofinho e divertido. Rayman Legends é perfeito. E Oddmar, embora não alcance as mesmas alturas no padrão de level design, é muito bom também.
Eu costumo dizer que em um bom jogo de plataforma, as fases são como parques de diversão. Cada pulo, cada movimento, é criado de forma a fornecer o máximo de diversão possível. Assim, eu diria que o gênero está para gamedesign como canções instrumentais estão para a música. É a mais pura criação, e onde sua habilidade é mais diretamente mostrada. Não à toa, músicas instrumentais, assim como jogos de plataforma puros, são raríssimos. É muito mais fácil (e precisa de muito menos habilidade) fazer um metroidvania, afinal de contas.
E daí tem os chefes, onde Oddmar segue o estilão Nintendo. Basicamente, você deve desviar até chegar a hora de atacar. E você sabe, eu adoro essa fórmula. As batalhas contra chefes não são paredes intransponíveis, nas quais você deve investir horas para passar. São simplesmente variações muito legais de gamedesign – e dá para passar na primeira tentativa.
A coisa culmina na batalha final contra Loki (que, curiosamente, tem o mesmo visual dos filmes da Marvel), basicamente um desafio bem complexo de plataforma, em que você deve ir subindo e escapando de suas magias até chegar a hora de atacar. É muito legal, e um final bastante digno para um jogo excelente.
HISTÓRIA
A história é contada com desenhos mais ou menos animados e um narrador que faz as vozes dos personagens. Ela envolve Oddmar se envolvendo com a mitologia nórdica para salvar a vida de seus colegas de aldeia.
A temática “mitologia nórdica” anda bem comum nos games atualmente, com títulos como Hellblade e, claro, God of War. E aqui você passa pelos mesmos mundos de sempre: Midgard, Alfheim, Jotumheim e Helheim. Porém, Oddmar se diferencia por dar aos mitos nórdicos um visual cartunesco fofinho e super colorido. Além disso, não me lembro de outro jogo de plataforma com esta temática.
Oddmar é um excelente jogo de plataforma 2D. Simples, porém divertido, e bonito pra caramba. Se você gosta do gênero, pode comprar sem medo, pois vale muito a pena!