É impossível jogar Mechstermination Force e não lembrar de Cuphead e Shadow of the Colossus. Assim como Cuphead, Mechstermination Force é um boss rush, embora tenha um visual bem mais simples. E assim como Shadow of the Colossus, seus inimigos são enormes e em sua maioria devem ser escalados para chegar em seus pontos fracos.
MECHSTERMINATION FORCE
Os controles são imediatamente familiares e simples. Você pula e atira. Isso é suficiente para tirar quase toda a vida dos chefes, mas eles têm pontos fracos representados por uma esfera vermelha, que só podem ser destruídos por um ataque corpo a corpo. Em outras palavras, a rotina por aqui envolve enfraquecer o chefe e daí chegar pertinho para o popular mata-leão.
Há quatorze chefes no jogo, e as batalhas vêm uma depois da outra. Entre elas, há um hub onde você pode conversar com NPCs, comprar novas armas e upgrades e, sabe-se lá para quê, até dormir.
Não há fases propriamente ditas, apenas uma sequência de chefes. E eles são muito legais e criativos. Os chefes constantemente se transformam e as lutas sempre envolvem descobrir o que fazer, e depois ter a habilidade de realmente fazer.
E este é o ponto fraco de Mechstermination Force. Ele é hardcore demais para o meu gosto. Eu consegui chegar ao final em três horas e meia, mas para esta façanha precisei de algumas centenas de tentativas. Calculo que, se não envolvesse tanto “morre-e-repete”, o jogo duraria uns 30 minutos. Mas seriam 30 minutos muito mais divertidos.
MECHSTERMINANDO!
O problema é que todas as batalhas envolvem vários estágios diferentes. Você precisa vencer todos os estágios com uma única vida e sem nenhuma possibilidade de renovar sua energia durante a luta. Muitas coisas poderiam ser feitas para deixá-lo mais acessível e divertido. Colocar um checkpoint em cada fase do chefe, aumentar a quantidade de vidas ou mesmo poder comprar itens que renovassem sua vida quando consumidos. Mas Mechstermination Force não faz nada disso.
Um dos melhores chefes, por exemplo, envolve entrar no corpo dele e ir escalando e destruindo por dentro. A empolgação da emocionante batalha é balanceada pela frustração das muitas vezes que sua energia vai acabar quando você estiver chegando na cabeça.
Outro problema, e este provavelmente vai incomodar mesmo a turminha do “git gud“, é o controle. Mechstermination Force usa um esquema bastante semelhante ao clássico Sunset Riders de Mega Drive. Ou seja, você se movimenta enquanto atira. Se quiser mirar na diagonal sem se mover, precisa segurar o botão L ou R. Isso funcionava bem no Mega Drive, mas hoje em dia os consoles têm duas alavancas e twin-stick shooters são bem comuns. E este é um jogo que implora pela possibilidade de mirar e se mover em direções diferentes.
JACARÉ
Por exemplo, um dos primeiros chefes se transforma em um jacaré e começa a te perseguir. Assim, você é obrigado a correr um pouquinho para ganhar distância, e então virar e atirar por alguns segundos antes de se afastar de novo. Com controles de twin-stick shooters, seria possível fugir dele enquanto atira para trás. Dada a criatividade que a turma da Hörberg Productions mostrou no design dos chefes, é incrível que eles não tenham percebido como seu jogo funcionaria melhor como um twin-stick shooter.
Isso melhoraria muito o jogo como um todo, mas seria essencial para transformar a batalha final em um clímax apropriado, ao invés de uma bagunça frustrante. Acontece que na luta em questão você voa, e segurar o L/R trava a mira, mas não a sua movimentação. E o chefe em questão é do tipo bullet hell, que enche a tela de tiros, sendo necessário fazer manobras precisas que o esquema de controle escolhido pela desenvolvedora simplesmente não comporta.
GIT GUD!
Logo após o tutorial, eu sofri pra caramba no primeiro chefe que encarei, e sinceramente pensei que não teria saco para ir muito longe no jogo. Mas daí acabei melhorando, evoluindo e até me divertindo, o suficiente para jogar tudo.
Porém, a dificuldade sem concessões e o controle mal planejado tornam bem difícil fazer uma recomendação sem ressalvas. Mechstermination Force é bacaninha e tem alguns dos chefes mais legais do ano, mas é bem mais frustrante do que deveria.