Uma coisa que não ocorre para a maioria das pessoas que lê textos de cultura pop, é que muitas vezes a gente tem contato com obras que não nos interessam nada. Gêneros que não gostamos, mas que acabamos “tendo que cobrir”. E isso às vezes gera agradáveis surpresas. Eu não tinha dúvidas que Mario + Rabbids Spark of Hope seria bom, considerando os ótimos reviews acumulados pelo anterior.

Porém, eu achava que não seria para mim. Uma coisa tipo Tony Hawk, que eu jogo um pouquinho, escrevo um artigo de impressões e vou para a próxima. Meu amigo, e se eu te disser que joguei Mario + Rabbids Spark of Hope até o fim e estou considerando sinceramente colocá-lo na minha lista de melhores do ano? Pois é, pois é, pois é!

ANÁLISE MARIO + RABBIDS SPARK OF HOPE

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Meus elogios não têm nada a ver com o Luigi estar na minha frente nessa posição.

Mario + Rabbids Spark of Hope não é meu primeiro jogo com combate em turnos, nem mesmo o primeiro do qual eu gosto muito. Porém, jogos como South Park A Fenda Que Abunda a Força oferecem muito além do combate, o que faz valer a pena para mim, mesmo não gostando deste aspecto em particular.

É mais ou menos isso que aconteceu – e que eu não esperava – em Mario + Rabbids Spark of Hope. O combate é só um aspecto do jogo que, verdade, não me apetece muito, e eu evito sempre que possível. Porém, a exploração, movimentação, solução de puzzles… é tudo uma delicinha tão grande que é surpreendente que não tenha sido desenvolvido pela própria Nintendo.

UM MARIO 3D… SEM PULOS

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Ô, delícia!

Aliás, em muitos aspectos, Spark of Hope me lembrou Paper Mario The Origami King. A exploração é muito parecida, mas ambos puxam aspectos diferentes de games do Mario. Em Paper Mario, dá para pular, bater a cabeça em blocos de moeda e até evitar o combate em turnos pulando nos inimigos antes de eles te verem.

Aqui a movimentação e exploração são mais livres, com animações e personagens bem semelhantes a Super Mario Odyssey. Infelizmente não dá para pular, mas de resto, o design dos desafios e a sensação de jogar é bem parecido com o estilo coletaton dos Super Mario 3Ds. Aqui os McGuffins são “moedas do planeta”, que são as recompensas das sidemissions e permitem comprar skins para armas ou outros colecionáveis, apenas no planeta em que foram adquiridos.

SUPER MARIO STEALTH

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Super Mario Stealth.

Evitar o combate também é diferente. Os mundos são grandes, e têm layouts que incentivam a passar pelos inimigos sem ser visto. Se for visto, no entanto, eles correm atrás de você, e você pode fugir ou lutar. Claro, nem todo combate é evitável, já que a maioria das missões de história e secundárias exigem batalhas.

E, sinceramente, o combate é bom. Eu não sou fã de XcomWasteland e outros jogos nessa linha. Eu gosto de Super Mario. Dos personagens e dos mundos. Dito isso, sei quando estou diante de algo com qualidade, e a porradaria de Mario + Rabbids Spark of Hope deve agradar fãs de jogos de estratégia.

PORRADA MARIOSA

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Eu não diria que Mario + Rabbids Spark of Hope é um RPG, como Yakuza Like a Dragon. Mas o combate é, sim, bem estratégico. Existe um montão de elementos, e os inimigos e heróis têm forças e fraquezas contra eles. Também tem um montão de heróis diferentes. Tem a turma do Mario, que inclui, claro, o próprio, Luigi, Peach e Bowser, mas tem também um monte de Rabbids. Vários deles são versões dos personagens da Nintendo, como a Rabbid Peach, que usei o jogo inteiro por ser a única capaz de curar. Mas há também alguns que, até onde sei, foram criados especialmente para este jogo.

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Essa da frente, que também foi uma das que mais usei, foi apelidada pela minha filhinha de Sônica, por causa do cabelo espetado.

Cada herói tem ataques diferentes e com valores estratégicos. O Mario pode atacar dois inimigos separados na mesma jogada. A Rabbid Peach consegue ignorar cobertura. O Luigi é um sniper, que faz mais dano de longe do que de perto. Você é livre para combiná-los em grupos diferentes a qualquer momento, mas meu time foi quase permanentemente formado por Mario (afinal, é um jogo do Mario), Rabbid Peach e a Sônica. Mas é possível analisar cada situação antes da batalha e usar os heróis mais apropriados para o desafio.

Cada um também tem sua própria skill tree, que você pode preencher manualmente ou deixar o jogo fazer para você (minha opção). Mas o que mais afeta o combate são os Sparks que você pode equipar.

MARIO + RABBIDS SPARK OF HOPE – QUEM SÃO OS SPARKS?

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Um dos Sparks da esperança.

Cada herói pode equipar até dois Sparks, que trazem benefícios passivos (diminuir dano ou aumentar saúde, por exemplo) e ativos (adicionar elementos nos ataques ou ataques próprios). Então, além de cada personagem ter dois movimentos fixos, você pode escolher dois outros que funcionam em todos os heróis, através dos Sparks. Então tem customização adoidado para quem quiser entrar com unhas e dentes na estratégia da coisa toda.

Ou, se você quiser que o jogo seja mais focado em puzzles e exploração, dá para diminuir a dificuldade (o que eu fiz) ou ativar invulnerabilidade total (o que fiz ocasionalmente, em alguns combates mais chatos). Ainda assim, mesmo na dificuldade mais baixa, senti que algumas das batalhas mais perto do final do jogo demoravam muito para acabar, o que as torna um tanto enjoativas para quem, como eu, estiver jogando pelo resto que o jogo oferece.

MARIO + RABBIDS SPARK OF HOPE DÁ UM PASSINHO PARA O LADO

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Mario + Rabbids Spark of Hope é visualmente lindão. Cheio de cores, com personagens dignos da Nintendo e animações deveras fofinhas. E tudo se encaixa esteticamente. Porém, se você jogou o anterior, Mario + Rabbids Kingdom Battle, deve ter percebido que o visual está “menos Mario”. A coisa está menos detalhada e mais low poly, o que provavelmente foi uma consequência dos mundos maiores e mais abertos, além da câmera controlável pelo jogador. De novo, ninguém diria que Spark of Hope é feio. Mas comparando com o anterior, para o meu gosto pessoal, ele simplesmente não é tão charmoso.

Curiosamente, a simplicidade dos detalhes não melhorou a performance. Spark of Hope roda, no máximo, a 30fps. E ele cai feio e com frequência. Em especial, há um tipo de desafio em que você precisa usar uma chave ou colocar uma caixa em um botão para tirar uma gosma do caminho.

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A gosma em questão é aquele bagulho preto do lado esquerdo.

A animação daquela gosma sumindo parece taxar o Switch consideravelmente, deixando a taxa de quadros a menos de 10 fps SEMPRE que acontece. E a animação dela sumindo dura 30, 40 segundos (dá para atravessá-la nesse tempo, não precisa esperar). Achei até que era um problema técnico, e reiniciei o jogo, mas continuou acontecendo. A única forma de evitar a degradante queda de performance é girando a câmera para o outro lado, o que eu sempre fazia. Simplesmente não dá para jogar nada a menos de 10 fps. É curioso que a Ubisoft não tenha pego este problema e mexido na animação para deixá-la mais leve ou mais curta.

CAMPANHA NARRATIVA E LINEAR

Embora os mapas sejam mais ou menos abertos, inicialmente todo planeta tem dois quests principais, que como consequência abrem a área para exploração. Depois de cumprir os dois, você pode seguir em frente com a história, ou ficar para explorar mais e fazer sidemissions. Ou seja, quando você chega, a coisa parece mais uma fase do que um mapa aberto, o que muito me agrada.

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A maioria das sidequests envolve apenas entrar e vencer numa batalha opcional, o que não me apeteceu muito. Ao invés disso, preferi fazer as mais narrativas, como as que liberam novos Sparks; ou as mais tradicionais de games do Mario, como pegar moedas vermelhas no tempo determinado.

De qualquer forma, é tudo tão bonito, tão colorido, e as animações são tão charmosas que simplesmente se movimentar nesse mundo é uma delícia. Se você gostar de combate nesse estilo, então, diria que Spark of Hope beira a perfeição. Eu recomendo o jogo com força, tanto para fãs de games de estratégia quanto para fãs de Mario. E mesmo para pessoas que, como eu, gostem apenas de um desses pilares.

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
analise-mario-rabbids-spark-of-hope-reviewDisponível: Switch<br> Desenvolvedora: Ubisoft Milan, Ubisoft Paris<br> Editora: Ubisoft<br> Lançamento: 20 de outubro de 2022<br> Gênero: E se Mario 3D tivesse combate por turnos?