A essa altura dizer isso aqui no DELFOS é chover no molhado, mas eu adoro Queen! Não faltam textos onde eu conto isso. Em uma polêmica edição da minha coluna Pensamentos Delfianos, eu até creditei a banda como uma das principais criadoras do heavy metal que, você sabe, é meu gênero de música preferido. Eles também poparam na minha lista de bandas não metal que fizeram músicas surpreendentemente trues.
Então é desnecessário dizer que eu me diverti muito com esse Let’s Sing focado nessa banda tão tremendona. O que talvez não seja tão óbvio é que o jogo se tornou um verdadeiro hit na minha residência. Eu moro com minha esposa e minha filhinha de três anos. E as duas realmente se envolveram com o jogo.
Aliás, em toda a vida útil do meu PS4, eu nunca joguei tanto com a patroa quanto com este, e isso foi ótimo. Até minha pimpolha entrou na brincadeira. Quando eu estava cantando com a mamãe, ela começou a chorar e gritar “eu também quero cantar!”. E sim, ela já canta, mas até hoje se limitava a músicas do Aladdin e outras canções infantis. Agora ela tem no repertório faixas como I Want It All e, a que se tornou sua preferida, Crazy Little Thing Called Love. Podemos dizer hoje que somos uma residência na qual todos os habitantes curtem Queen.
ANÁLISE LET’S SING QUEEN
Talvez a história acima seja até mais interessante do que o que posso falar sobre o jogo. Isso porque Let’s Sing, você sabe, é um jogo de karaokê. E é basicamente isso. Em comparação com um videokê tradicional, ele é mais tecnológico. Mostra as notas corretas e as que você está cantando, e no fundo, ao invés de imagens genéricas, toca os clipes oficiais de cada música.
Se você nunca jogou um Let’s Sing, a coisa é bem parecida com a parte vocal de um jogo como Rock Band ou Guitar Hero. Assim – e isso é vital para explicar o sucesso dele aqui em casa – ele não é um videogame tradicional. “Jogar” Let’s Sing não é como jogar The Last of Us. É simplesmente cantar. Mas convenhamos, quem não gosta de cantar? E quantas bandas criaram tantas belas e cantaroláveis melodias quanto o Queen (pensei agora que o Journey também renderia um bom Let’s Sing)?
AS MÚSICAS
Claro que um jogo como esse só é tão bom quanto as suas músicas. E, nesse ponto, Let’s Sing Queen brilha. Ele traz minhas preferidas: I Want It All, Don’t Stop Me Now e – e essa inclusão me surpreendeu – Princes of the Universe. Isso sem falar dos hits de sempre. We Will Rock You, We Are the Champions, Bohemian Rhapsody estão, é claro, incluídas. E também temos Another One Bites the Dust, Killer Queen e tantos outros grandes clássicos do rock. A minha grande surpresa no entanto foi Breakthru.
Breakthru não me surpreendeu por ter sido incluída, e eu sempre gostei muito dela. Mas não esperava que ela fosse tão gostosa de cantar. Embora para ouvir, eu ainda goste mais de Don’t Stop Me Now, Breakthru é minha preferida em Let’s Sing Queen, graças à sua alegria contagiante e à sua letra fofinha.
Faltaram coisas? Sim, faltaram, e eu não me refiro a coisas que só os fãs mais hardcore gostariam de ver (eu, particularmente, piraria se tivessem colocado The Prophet’s Song). Mas não entendi a exclusão de músicas como Hammer to Fall e, especialmente, Love of My Life. Um jogo de karaokê focado no Queen não ter a música que mais fazia o público cantar nos shows é uma omissão considerável, não acha? Também senti falta de ’39, que eu simplesmente adoro, e é uma música bem mais presente em shows e coletâneas da banda do que, por exemplo, Princes of the Universe (e olha que eu adoro essa).
WE MIGHT MISS YOU WHEN WE GROW TIRED OF ALL THIS VISUAL
Parece que o foco foi em músicas que têm videoclipes. E das três que eu citei, a única que tem clipe é Hammer to Fall. Porém, Love of My Life poderia ser incluída com vídeos de shows, como por exemplo aquele famosíssimo do Rock in Rio de 85.
Em geral o setlist é fantástico, e tem um monte de músicas famosas e divertidas, mas acho que qualquer fã da banda, por mais casual que seja, preferiria ter Love of My Life aqui no lugar de The Invisible Man.
MODOS DE JOGO
Os modos de jogo não reinventam a roda. Você pode simplesmente escolher qualquer música e sair cantando, no modo clássico. Meu preferido é o Feat, que separa as letras para duas ou mais pessoas cantarem partes diferentes. Quando a música em questão já é um dueto, como a famosíssima Under Pressure, é deveras excelente, mas funciona bem mesmo nas cantadas apenas pelo Freddie Mercury.
Tem um modo de batalhas online, onde você escolhe entre cinco adversários e joga contra suas performances gravadas. Não, você não ouve o cara cantando, apenas vê suas pontuações, e no final o jogo diz quem ganhou e ajusta o ranking apropriadamente.
Tem também um modo festa, que separa quatro pessoas em dois times, mas em tempos de quarentena, esse eu ainda não consegui testar.
Uma coisa que vale a pena comentar é a qualidade dos vídeos. E sim, eu sei que alguns desses videoclipes estão beirando os 50 anos. Dito isso, eu tenho a sensação de que a qualidade está superior nos meus DVDs de Greatest Hits do que aqui. No jogo, eles parecem ter sido digitalizados a partir de fitas VHS copiadas muitas vezes.
Isso afeta especialmente o modo jukebox, onde você pode simplesmente assistir aos clipes de músicas que já cantou em tela cheia, só para curtir mesmo. Por que você precisa já ter cantado a música para ver o videoclipe eu não sei, mas é assim que funciona.
BORA CANTAR QUEEN?
Escrever sobre este jogo para mim é mais ou menos como o Clubhouse Games. Eu compraria para mim? Para falar a verdade não. Isso não significa que eu não me divirta com ele. Pelo contrário. Dito isso, esse jogo não é para pessoas como eu, o que é perfeitamente demonstrado pelo sucesso que ele fez aqui em casa, em que ninguém mais joga videogame.
Quase todo mundo gosta de Queen, e quase todo mundo gosta de cantar! Então Let’s Sing Queen com certeza vai ser muito usado aqui em casa depois da quarentena, quando eu voltar a receber visitas.