Alguns jogos são criados tendo outros em mente. Salt and Sanctuary, por exemplo, tem a proposta de ser um Dark Souls em 2D. Horizon Chase Turbo é um desses. Ele não esconde – na verdade, exibe – suas inspirações nos jogos de corrida dos 16-bit, em especial Top Gear e Out Run.
E olha, eu estou com Out Run bem fresco na minha memória, pois o joguei faz alguns dias dentro de Yakuza 6. E devo dizer que foi exatamente o clássico da Sega que me veio à mente quando fiz minha primeira curva em Horizon Chase Turbo.
PERSEGUINDO O HORIZONTE
Isso significa também que ele é um jogo bastante simples. Digo mais, ele é deliciosamente simples. Escolha uma pista no mapinha, e depois um carro. Você vai largar em vigésimo. Acelere e tente chegar em primeiro!
Basicamente, você pode acelerar, frear, e tem um uso limitado de nitros por corrida. Cada prova é um circuito com algumas voltas, e as pistas nunca são muito elaboradas (várias delas são círculos, quadrados ou losangos). As corridas duram por volta de dois minutos. Horizon Chase Turbo é um jogo divertido, fácil de aprender e bastante casual.
Seu visual é em low-poly, e você sabe que não é uma estética que me agrada muito. Porém, ele é cheio de cores vivas, o que o torna muito bonito. Lembra os jogos antigos de fliperama, que competiam pela atenção do jogador sendo brilhantes e coloridos.
Além disso, se você já jogou os primeiros jogos em corrida com gráficos poligonais (como Virtua Racing e Daytona USA), deve concordar comigo que a estética low-poly funciona muito bem para dar sensação de velocidade.
É difícil eu gostar do visual de jogos que optam por uma estética retrô, e é bastante curioso que os dois que eu mais gostei neste aspecto (este e 99Vidas) sejam brasileiros. É o Brasil mandando bem no visu retrô.
HORIZON CHASE TURBO
O modo campanha é uma volta ao mundo, com corridas em vários países. Isso faz com que os cenários sejam bem variados e interessantes. Por exemplo, você corre pela Ilha de Páscoa, ao lado das famosas estátuas da região. E para os brasileiros acaba tendo um sabor especial. Afinal, em que outro jogo você pode ver o Palácio do Planalto?
Além disso, há vários pequenos toques bacaninhas. Por exemplo, você pode bater em outro piloto e aparecer um balãozinho falando “foi mal”.
Só é uma pena que o jogo não tenha vozes. Com a cara e o jeitão de fliperama dos anos 90, ele ficaria ainda mais divertido com um “Go, go, go!” na largada ou algo do tipo. E por ser algo tão simples, os próprios desenvolvedores poderiam ter gravado suas vozes, sem necessidade de terceirizar este trabalho.
Uma das coisas que deixa o jogo tão gostoso, aliás, é que quase não é necessário frear. A maioria das pistas pode ser feita na velocidade máxima, bem do jeito que eu gosto.
MUITAS PISTAS, POUCO TEMPO
Para completar o jeitão old-school, a turminha do Aquiris Game Studio contratou Barry Leitch para compor as músicas. Quem é ele? Ora, nada menos do que o compositor da trilha de Top Gear, uma das mais lembradas dos games.
Horizon Chase Turbo tem também uma quantidade surpreendente de conteúdo. No seu modo campanha, você vai passar por 12 países, cada um com várias corridas diferentes. Segundo o press-release, são 109 pistas e 31 carros. É coisa pra caramba, mesmo com cada corrida sendo bem curtinha.
Meu único problema mais grave com o jogo é que o mapa das pistas é fixo. É curioso que um jogo claramente feito com tanto capricho e cuidado tenha esquecido de colocar algo tão básico quanto mapas rotatórios.
Horizon Chase Turbo não é um jogo ambicioso. Ele foca claramente em ser apenas divertido e fácil de aprender. E ele é muitíssimo bem sucedido neste aspecto. Fazia tempo que eu não me divertia tanto com um jogo. E o fato de ele ser simples e casual possibilita que eu fique sem jogá-lo por semanas e volte a jogar em partidas rápidas quando tiver um tempinho. E por ele ter tanto conteúdo, eu me vejo voltando a ele por muito tempo.
